18 Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada.
19 Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus.
20 Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
22 Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora;
23 e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo.
24 Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?
25 Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.
"A esperança é a última que morre". O que você acha desta afirmação popular? Convivemos atualmente com número acentuado de pessoas que já não têm mais esperança. O perfil existencial da humanidade hoje apresenta os traços do desespero.
Certamente, esta falta de esperança decorre da falta de uma verdadeira e profunda comunhão com Deus. Assim escreve o apóstolo Pedro: " por meio dele (Jesus Cristo) , tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus" (1 Pe 1.21). A verdadeira fé inclui, necessariamente, a esperança. Ensina também o apóstolo Paulo que além do amor, permanecem a fé e a esperança. Também, conforme a descrição de Hebreus 11.1, "fé é a certeza de cousas que se esperam..."
Há pessoas que dizem: "Eu tenho fé, mas estou sem esperança". Ter fé e não ter esperança, é tão inconcebível, inútil e frustrante, quanto dispor de um excelente veículo, sem, contudo haver estrada. A esperança é a estrada pela qual caminha a nossa fé. A fé remove montanhas, a esperança aguarda o dia da remoção. A fé é a certeza em forma de projeto, a esperança é a execução desse projeto. A fé nos impulsiona a pedir, a esperança nos ajuda sobre como e quando receber. A fé avista o horizonte, a esperança nos move até lá.
A esperança sai quando a dúvida toma conta do nosso pensamento. Há três momentos em que intensidade da dúvida alcança proporção máxima:
Um desses momentos é quando coisas que eu acredito que nunca deveriam acontecer, acontecem. Existem vezes quando nosso amado, gracioso, misericordioso, bondoso, benigno e soberano Deus nos surpreende dizendo sim para algumas coisas sendo que nós estavamo convencido que ele diria não. Quando coisas ruins acontecem para boas pessoas. Quando boas coisas acontecem para pessoas más. Quando uma mentira é propagada como verdade e convence a maioria.
As dúvidas também crescem quando coisas que eu acredito que deveriam acontecer nunca acontecem (o outro lado da moeda). Quando espero que Deus diga sim, mas Ele diz não. Quando nós esperamos que Ele diga sim e Ele diz não, as dúvidas se multiplicam.
Existe uma terceira situação quando a dúvida cresce. Isso acontece quando as coisas que acredito que deveriam acontecer agora, acontecem muito, muito mais tarde. De todas as dúvidas que “batem à nossa porta e entram em nossa alma” , talvez poucas sejam mais devastadoras do que aquelas que surgem quando Deus nos diz: “Espere, espere, espere, espere... espere...espere!” Todos nós temos lutado grandemente contra o tempo de Deus. A esperança é determinante para uma vida cristã vitoriosa. No primeiro capítulo da carta aos Romanos (1.17), Paulo afirma que "O justo viverá por fé".
A esperança supera as circunstâncias. As circunstâncias apresentadas no texto são desfavoráveis; sofrimentos do tempo presente, cativeiro da corrupção, gemidos e angústias da criação. Porém é nesse contexto que a esperança se revela superando as circunstâncias. Não obstante o quadro de sofrimentos apresentados , a esperança surge como algo que não depende nem se subordina às condições circunstanciais; algo que se firma não no que se vê e acontece à nossa volta. Pelo contrário, "a tribulação produz perseverança, e a perseverança, experiência, e a experiência, esperança. Ora a esperança não confunde, porque o amor de deus é derramado em nossos corações pelo amor de Deus que nos foi outorgado" (Rm 5.3-5).Segundo o apóstolo Paulo, "esperança que se vê não é esperança; pois, o que alguém vê como espera? (v.24)
A esperança supera também o tempo. No vers. 25 Paulo também escreve; "se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos". Talvez esteja faltando hoje um pouco mais de paciência. Grande ênfase tem sido dada à fé e ao imediatismo no recebimento de bênção. É preciso aprender o exercício da paciência. A esperança é paciente; ela suplanta o próprio tempo, pois espera tanto tempo quanto for necessário. A esperança possibilita maior aproximação do tempo e do momento de Deus.
A esperança transcende a própria razão. Ela supera a lógica, vai além das categorias e referenciais utilizados num contexto racional. Conforme o versículo 24, "esperança que se vê não é esperança". Para o homem natural a esperança está condicionada ao que se vê; tudo depende de cálculos bem elaborados, de teorias cientificamente comprovadas bem como possibilidades previamente programadas. Vai além esperando contra a própria esperança, como aconteceu com Abraão (Rm 4.18), isto é, esperando o impossível, o que muitas vezes não tem lógica, o que escapa e desafia a própria razão.
Poucos sabem que a âncora é um dos primeiros símbolos do cristianismo. Segundo o autor da carta aos Hebreus, a esperança é a âncora da alma: "E assim nós que encontramos segurança nele, nos sentimos bastante encorajados a nos mantermos firmes na esperança que nos foi dada. Temos essa esperança como âncora em nossos corações. Ela é firme e segura e vai até o Santíssimo lugar, que fica atrás da cortina do céu. Foi lá que Jesus entrou, antes de nós para o nosso bem"(Hb 6.18-20) BLH.