sexta-feira, 25 de junho de 2010

Universidade Presbiteriana Mackenzie desenvolve super alta definição em 3D para a Copa de 2014

De 14 de junho a 11 de julho, o governo brasileiro reservou espaço de 4 mil metros quadrados em Johannesburg (África do Sul). O objetivo é apresentar ao mundo, durante a Copa, um Brasil diferenciado em cultura e tecnologia. Dentre as novidades em exposição estará o Projeto 2014K, que promete revolucionar as transmissões de jogos, na Copa de 2014. O projeto, coordenado pelos professores Thoroh de Souza e Jane de Almeida, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, conta com a parceria do CPqD (maior centro de pesquisa e desenvolvimento em telecomunicação e TI da América Latina); Rede Kyatera, da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); e rede Nacional de Pesquisa (RNP).
A novidade tem como base a tecnologia de transmissão de filmes em super-alta definição, chamada 4K. Nessa tecnologia, as imagens têm uma altíssima resolução, de 8,8 milhões de pixels por quadro (frame). Para se ter uma ideia, a resolução do full HD – tida como uma revolução de imagens – é quatro vezes menor que a tecnologia 4K.
Além disso, a nova definição está aliada à tecnologia 3D. Com isso, a geração das imagens dos jogos da Copa do Mundo de 2014 poderá acontecer em 4K 3D, com transmissões experimentais em salas de exibição espalhadas pelo mundo.
Segundo Jane de Almeida, a tecnologia que será apresentada na África do Sul mostrará ao mundo todo potencial de inovação que temos no Brasil. “Um projeto de altíssima tecnologia permitirá ao País evidenciar o espetáculo do futebol brasileiro numa definição do futuro, com transmissões esportivas jamais vistas”, destaca a professora.

Desafios para 2014
Os primeiros testes com a projeção em 4K aconteceram em 2008, sob coordenação da professora Jane de Almeida. Entretanto, o grande desafio da transmissão é o envio das imagens para vários países simultaneamente e em tempo real. “Para a utilização da tecnologia, uma parte da infra-estrutura já está desenvolvida no Brasil com a Rede Kyatera, mas ainda é preciso aumentar a rede de transmissão e avançar no desenvolvimento de equipamentos de filmagem e projeção, que atualmente são instáveis e caros”, avalia Jane.
Por serem arquivos muito pesados (um segundo de filme em 4K 3D tem cerca de 2GB), são necessárias conexões de fibra óptica de altíssima velocidade, da ordem de 10 Gbits por segundo.
Mesmo com esses desafios, os pesquisadores acreditam ser possível a consolidação da tecnologia para a Copa do Mundo de 2014. Para mostrar a viabilidade do Projeto, a exposição na África do Sul exibirá um documentário explicativo de 7 minutos com animações e algumas cenas da primeira partida de futebol do mundo gravada em 4K 3D: o clássico entre Grêmio e Internacional, pela final do Campeonato Gaúcho de 2010.

Serviços
Projeto 4K 3D – transmissão de jogos em altíssima resolução
Exposição da Tecnologia: Johannesburg, África do Sul, de 14 de junho a 11 de julho
Informações: www.2014k.org

Fonte: http://www.mackenzie.com.br/portal/principal.php

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cartas Pastorais (l e 2 Timóteo; Tito)

Ao examinar as cartas de Paulo já estudadas, e compará-las com as que restam, surge a idéia de que o apóstolo esteve preso pelo menos em duas ocasiões diferentes. Se da primeira vez Paulo esteve em casa alugada, na segunda parece não ter tido o mesmo privilégio. A tradição diz que esteve na prisão Mamertina, em Roma. Na primeira vez há esperança de libertação (veja Fm 1.22); na segunda, esperança de morte (2 Tm 4.6). Na primeira prisão está cercado de amigos (Cl 4.9-14); na segunda, está só (2 Tm 4.10,11). As cartas que se relacionam com a primeira prisão são de conteúdo teológico; as da segunda são de conteúdo pastoral.
Essa disposição provável que aí está desperta o problema: que teria feito o apóstolo nesse intervalo? Teria ido à Espanha, conforme seus planos (Rm 15.24)? A sugestão que em geral se faz é que tenha visitado Creta, Corinto e tocando a Ásia Menor, voltou pela Macedônia, passando o inverno em Nicópolis, no Ilírico. Tito 1.5 fala-nos de Creta; Tito 3.12 fala-nos de Nicópolis; l Timóteo 1.3 fala-nos de Éfeso e também da Macedônia. Teriam essas cartas sido escritas nessa fase final de sua vida? Se não, como há igrejas nas condições referidas? Como seus auxiliares têm experiência pressuposta nas cartas? Como imaginar que Paulo as tivesse escrito em época anterior, se nelas se reflete o fruto da sua experiência pessoal e a amplitude da obra missionária, através da equipe de auxiliares e a localização das igrejas por toda parte? Supondo, pois, que Paulo, após sua primeira prisão tenha feito o itinerário referido, e que como resultado desse itinerário tenha escrito as cartas pastorais, diríamos que a ordem é Primeira a Timóteo, escrita da Macedônia (ver l Tm 1.3); Tito, escrita de Nicópolis, no Ilírico (ver Tt 3.12) e finalmente Segunda a Timóteo, escrita em Roma, na segunda prisão (ver 2 Tm 4.6-18).
Um mapa ilustra a lição, no qual, além do itinerário, procuramos retratar a distribuição das referências e dos obreiros.




Primeira a Timóteo
Escrita da Macedônia, depois da visita a Éfeso, onde deixara Timóteo, para enfrentar sérios problemas de ensinos falsos surgidos no seio da Igreja (l Tm 1.3,4), Paulo invoca inicialmente sua experiência (vv. 12-20). É esta como uma espécie de escudo para as lições que vai dar ao jovem pastor. O ensino correto leva a atitudes acertadas. Desse modo, é necessário estabelecer o governo constituído, com a escolha criteriosa de oficiais que hão de secundar a ação pastoral (3.1-13). Assim se resolvem os vários problemas que agitam a igreja (caps. 5 e 6). Dá uma orientação para cada um deles: viúvas, heresias, escravos, riquezas, disputas. Termina com uma exortação.

Epístola a Tito
Escrita de Nicópolis (3.12), onde o apóstolo decidira passar o inverno, trata essa carta de assuntos semelhantes aos da carta anterior. Trata do estabelecimento de presbitérios e da dificuldade de se alcançar uma boa conduta cristã, no meio dos cretenses, que são tão viciados. Contudo, confia o apóstolo em que a experiência de uma regeneração real venha trazer solução dos problemas. Termina com informações pessoais.

Segunda a Timóteo
Não há maneira de se afirmar com certeza que as duas cartas anteriores tenham sido escritas no intervalo das duas prisões. No entanto, é evidente que Paulo estava em liberdade. Esperava ir ver a Timóteo (l Tm 3.14,15), e fazia planos para passar o inverno em Nicópolis (Tt 3.12). Filemom 1.22 indica que Paulo fazia planos para viajar a Colossos, para ver seu amigo Filemom. Isto nos leva a concluir que a melhor probabilidade é a indicada; ou seja, que as cartas de l Timóteo foram escritas nesse período da vida do apóstolo.
Quanto a 2 Timóteo, porém, é evidente que foi escrita no final de sua carreira (2 Tm 4.6-18). Estava na prisão e era visitado por Onesífero que era de Éfeso (1.15-18). Vindo de lá, trouxe notícias a respeito dos problemas de Timóteo, que mal sustentado pela igreja, era tentado a deixar o ministério (2.1-7), e tinha de enfrentar falsos mestres que zombavam de sua juventude (l Tm 4.12-16; 2 Tm 2.14,22). Paulo, pois, apresenta Cristo, como alvo da devoção e incita Timóteo a se opor às heresias, tendo cuidado de não acompanhar falsos mestres. É sabido que esses se multiplicavam. Sabemos os nomes de alguns daquela época: Himeneu, Fileto, Alexandre, (2 Tm 2.17; 4.14). Quanto ao mais, o apóstolo, abandonado por alguns, tendo enviado outros aos campos, aguarda a vinda de Timóteo, que deve passar por Trôade e trazer a capa e os pergaminhos. Aquela, porque o inverno se aproxima e o pobre prisioneiro não tem outro agasalho; os pergaminhos, porque de certo o apóstolo quer terminar algum escrito. Aguarda o martírio e a coroa (4.6-8).

Caráter dessas Epístolas
Essas cartas são chamadas pastorais, e com razão. Não só pelas circunstâncias que acabamos de descrever, como também pelo conteúdo que tentamos comparar e resumir no quadro sinótico.

Se a primeira carta a Timóteo focaliza a Igreja e o ministério, a carta a Tito prossegue a análise do primeiro assunto e a segunda Timóteo, do segundo. O quadro bem demonstra como a carta a Tito é uma espécie de continuação da Primeira a Timóteo, em sua primeira parte. O mesmo ocorre com a Segunda a Timóteo em relação à 2.ª parte. A obra da Igreja e o caráter do ministério são os temas pastorais no declínio da vida terrena do grande apóstolo.
No mais, cabe ao estudante comparar o esquema com os textos bíblicos correspondentes.

Segunda Parte: Cartas aos Hebreus (Hebreus)
Terminado o estudo de Atos e Epístolas Paulinas, conforme o plano proposto, passamos agora a considerar as cartas gerais. Dada a importância e riqueza de informações da carta aos Hebreus temos de considerar esta em separado.
Não vamos discutir sua autoria, pois não está dentro de nosso plano gastar tempo com discussões que não vão trazer resultado positivo, para que o aluno chegue a "conhecer a sua Bíblia". Assim passamos imediatamente à consideração do plano da epístola, conforme o esquema que damos em anexo.
Temos dividido o conteúdo da carta em três partes: uma comparação de testamentos, uma comparação de sacerdócio e uma comparação de perspectivas ou aplicações. O comentário a respeito dessa visão de conjunto fica mais proveitoso no final de nossa lição.

Uma Comparação de Testamentos
Agora vamos tratar só da primeira parte, que é uma comparação de testamentos, o da Lei e o de Cristo. A parte a ser considerada são os capítulos l ao 17.
A análise dos sete primeiros capítulos de Hebreus mostra-nos uma série crescente na delimitação do assunto rumo ao alvo que o autor tem em vista, que é apresentar a Cristo como substituto de todas as ordenanças antigas. O quadro que faz a apresentação dessa parte quase que se explica a si mesmo. Cristo é apresentado como o melhor. As colunas diferentes mostram as restrições crescentes do autor. Note-se, por um lado, que cada uma delas faz uma comparação e resulta numa advertência. Por outro lado, cada uma delas se prende à anterior e não é senão o desdobramento da idéia previamente exposta.
A partir da idéia geral da revelação (1.1-4), com que inicia sua epístola, o autor fixa a atenção em Jesus Cristo, como o Supremo Revelador de Deus. É a distinção trinitária, o Filho que Se encarnou. Só assim pôde identificar-se com os homens e sofrer por eles. Tornou-Se mediador e nisto é melhor do que os anjos. O ministério dos anjos, que são "espíritos ministradores a favor dos que hão de herdar salvação" (v. 14), não alcançou o efeito definitivo de exaltar a humanidade, como fez Cristo através de Sua obra. Ele deu cumprimento à antropologia descrita no Salmo 8 (comparar com Hebreus 2.6,7).
A idéia desenvolvida na segunda coluna começa onde foi deixada a primeira; isto é, na idéia do Mediador, e demonstra que, como Mediador, Jesus é melhor que os líderes antigos. Compare-se as duas Canaãs: terrestre e celestial.
A terceira coluna compara o sacerdócio de Arão com o de Cristo, tipificado pelo de Melquisedeque. Essa comparação é interrompida por uma longa advertência, tal como se apresenta na quarta coluna. Há, porém, uma diferença de amplitude entre a terceira e a quinta colunas. Embora tratando de sacerdócio, a terceira faz apenas um contraste de ordem geral, ao passo que a outra parte o faz mais especificamente. E, adiantando matéria, temos que dizer que a outra parte da Epístola aos Hebreus, a ser analisada, vai desdobrar ainda mais a mesma idéia.
O contraste fundamental, como se vê, é entre o caráter transitório das instituições hebréias e o caráter eterno da obra de Jesus. Em síntese, Deus Se encarna em Jesus, faz-Se Mediador, exercendo uma obra sacerdotal de conseqüências eternas. O próprio autor faz esta síntese: "...o essencial das cousas que temos dito, é que possuímos tal sumo sacerdote..." (8.1).

Uma Comparação de Sacerdócios
A segunda parte da Epístola aos Hebreus vai de 8.1 a 10.18. Nesta passagem o escritor faz uma comparação de sacerdócios. O autor encaminha o assunto, como tivemos oportunidade de ver, até o ponto de concluir que "temos um sumo sacerdote".
Lembremo-nos do estudo feito do livro de Levítico. Será bom mesmo voltar às gravuras do tabernáculo e do templo (volume 1 e 3) para fixar, de novo, a grande realidade da vida religiosa de Israel, da qual o tabernáculo era centro. Ali o sacerdote entrava para levar a efeito o sacrifício, dentro de certos requisitos, e obter a purificação de pecados. Ora, o autor da carta aos Hebreus tinha tudo isso em mente, quando se pôs, como judeu cristão, a exaltar o caráter da obra expiatória de Jesus.
Examinemos, pois, o quadro em que sintetizamos essa parte da epístola.
O quadro é claro, e até certo ponto se explica a si mesmo. Considerem-se a sucessão dos títulos: O sacerdote entra no tabernáculo para oferecer o sacrifício e assim obter a purificação.
Quanto ao sacerdote, o contraste é entre as ofertas exteriores e terrestres que os sacerdotes levíticos ofereciam; Cristo, porém, nos céus oferece dons que operam interiormente.
Quanto ao tabernáculo, confirmando a idéia anterior, o autor diz que era constituído de elementos materiais: mesa, candelabro, etc. (9.2-5); ao passo que o tabernáculo em que Jesus entrou é "não feito por mãos" (v. 11).
Quanto ao sacrifício, o contraste é duplo: o sacrifício levítico tinha de ser múltiplo (v. 25), o de Cristo é único (v. 26). Por outro lado, o levítico era de animais (v. 12); o de Cristo é de Si mesmo (v. 14). Está pressuposto o contraste, sempre repetido de que tudo no sacerdócio levítico é transitório, ao passo que no sacerdócio de Jesus Cristo é eterno.
Quanto à purificação, isto é, ao resultado do sacrifício feito, a verdade é que a purificação levítica era apenas símbolo da de Cristo. Ela, em última instância, não purificava nada. Por isso tinha de ser repetida. Cristo, ao contrário, "...com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados." (10.14).

Uma Comparação de Perspectivas
À terceira parte da epístola (10.19-13.19) chamamos uma comparação de perspectivas.
Como se pode ver o quadro resumo toma apenas algumas expressões que, de certo modo, caracterizam os capítulos finais da carta. A semelhança de outras, como a carta aos Romanos, depois de uma exposição dogmática, há uma aplicação prática para a vida diária. A tríplice perspectiva apontada – futuro, passado, presente – é curiosa. As expressões se derivam da posição definida anteriormente. Temos um sumo sacerdote que efetivamente nos redime. Quanto ao futuro, tenhamos segurança. Quanto ao passado, sintamos a força do testemunho dos que foram fiéis. Levando a sério a redenção que há em Cristo, prossigamos com atitudes definidas. A tríplice perspectiva se centraliza em Cristo. "Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre." (1,3.8).

Epístolas Gerais (Tiago; l e 2 Pedro; l, 2 e 3 de João; Judas)

Introdução
As Espístolas do Novo Testamento se dividem em duas classes: as paulinas – já estudadas juntamente com o livro de Atos dos Apóstolos – e as gerais; uma das quais. Hebreus, já estudamos também. Restam a de Tiago, as de Pedro, as de João e a de Judas. Convém relembrar que todo este conjunto está depois das epístolas paulinas e antes de Apocalipse, o livro que encerra a Bíblia. A Epístola aos Hebreus, classificada por alguns como paulina, e por outros como geral, é a que se encontra entre as declaradamente paulinas e as declaradamente gerais. Se imaginarmos a série: Hebreus, Tiago, Pedro, João, Judas, e sublinharmos Hebreus e Judas como os extremos, as outras três cartas – Tiago, Pedro e João – podem ser facilmente recordadas. Basta lembrar os números l, 2 e 3; pois Tiago tem somente uma carta, Pedro tem duas e João, três. Outro recurso que nos pode ajudar a recordar é que Pedro, Tiago e João foram os mais íntimos de Jesus; com a ressalva de que Tiago, o escritor da Epístola que leva seu nome, não é o mesmo referido como filho de Zebedeu nos Evangelhos.
Estas cartas são chamadas gerais porque os destinatários das mesmas não estão especificados como o são nas de Paulo. Tiago se dirige "...às doze tribos que se encontram na Dispersão..." (Tg 1.1). Pedro escreve "...aos eleitos que são forasteiros da Dispersão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia, e Bitínia..." (l Pe 1.1); e logo "...aos que obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo..." (2 Pe 1.1). João se dirige aos que puderam ter "...comunhão conosco..." (l Jo 1.3); logo depois, "...à senhora eleita [a igreja] e aos seus filhos..." (2 Jo 1.1); e também "...ao amado Gaio..." (3 Jo 1.1). Judas, por sua parte, escreve "...aos chamados, amados em Deus Pai, e guardados em Jesus Cristo..." (Jd 1.1).
Como se vê, exceto a pequena saudação dirigida a Gaio, todas as outras são dirigidas, não a uma igreja ou pessoa em particular, mas, sim, à igreja em geral.
Portanto, não há necessidade de relacionar os ensinamentos com circunstâncias específicas ou particulares, posto que se aplicam em muitos lugares e tempos. Os perigos denunciados por Tiago por exemplo – hipocrisia, falta de caridade, língua solta, paixões, presunção e avareza – são comuns em todos os tempos e lugares. Sempre há os mesmos perigos; espera-se a mesma paciência. O mesmo se pode encontrar nas demais cartas, e por isso se as designa, apropriadamente, como gerais.
O apóstolo João é chamado o apóstolo do amor. Esta designação se explica bem quando lemos l João 4. Ali, em poucos versículos (vv.7-21) se encontra a palavra "amor", ou alguma inflexão do verbo amar, quase duas vezes por versículo. Assim que, podemos acertadamente caracterizar a João como o apóstolo do amor; a Paulo como o apóstolo da fé; a Pedro, o apóstolo da esperança. Naturalmente, sãc características gerais, pois ninguém pode ser cristão sem a experiência tríplice dessas virtudes. Porém, aproveitando a caracterização, diríamos que Tiago é o escritor que trata da vida cristã; uma espécie de síntese das virtudes referidas.
Analisemos agora estas cartas, uma por uma, ainda que brevemente. É bom notar a diferença de que as já estudadas são cartas de Paulo para alguém; e são conhecidas pelo nome de seu destinatário ou destinatários. São cartas aos Coríntios, aos Efésios, a Timóteo, etc.
As que agora vamos considerar toma o nome do personagem que as escreveu. Assim: de Tiago, de Pedro, de João, e de Judas. Pequeno detalhe, porém importante distinção para sermos exatos.

Tiago
Examinemos primeiro a carta de Tiago. O conteúdo da Epístola está indicado em forma esquemática no nosso quadro. Os recursos para memorização são visíveis. Usamos a mesma letra inicial para todas as expressões, de modo a ajudar o estudante a reter a informação na memória. O mesmo faremos com os quadros sinóticos das cartas de Pedro e de João.
Deste modo, podemos notar que Tiago se dirige aos crentes da dispersão (1.1) para exortá-los a ter paciência nas aflições (1.1-15). A provação virá, porém o crente "...depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam." (v. 12).
Seguidamente Tiago se refere a várias classes de perigos que cercam o crente: perigo da hipocrisia (1.16-27); perigo de falsa caridade (2.1-26); perigo da língua (3.1-18); perigo de paixões (4.1-12); de presunções (4.13-17), e de avareza (5.1-6).
A exortação de Tiago contida no capítulo 5.7-20 é conclusão adequada à sua exposição. Diante de tanto perigo, a exortação é: "Paciência até a vinda do Senhor" (v. 7).


Primeira Epístola de Pedro
A análise do crente feita por Pedro em suas duas cartas é apresentada em nosso gráfico, em forma de um acróstico. Usamos, como recurso para memorizar, as iniciais da matéria que estamos estudando; isto é, as Cartas de Pedro. O C para o tema geral das cartas: o crente ou o cristão; o S para o tema desenvolvido na Primeira Carta, e o P para o da Segunda. No gráfico isto está bem claro.


Depois da introdução e apresentação que faz de si mesmo como escritor da Carta (l Pe 1.1,2), Pedro ensina que o crente é salvo (1.3-2.10). É salvo em esperança, em santificação e em edificação. Porém o crente também é submisso (2.11-3.7). É submisso em sua relação com as autoridades, na sua conduta social e na sua vida doméstica. De maneira magistral, ainda que breve, Pedro enfoca vários dos aspectos da vida do crente.
Por último ele ensina que o crente também é sofredor (3.8-5.14). É sofredor no mundo, embora isto não quer dizer que o crente deva ficar constrangido por qualquer coisa; visto que, anteriormente, e de forma expressa, o apóstolo já tenha exortado aos crentes, dizendo: "...[estais] sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós..." (3.15). Logo a seguir, Pedro ensina que o crente é sofredor também na igreja, e conclui com grande doxologia.
Nesta primeira carta Pedro menciona as aflições que se desencadeiam contra os eleitos; assim como as esperanças de que, em meio a essas aflições, os cristãos podem ser sustentados. As aflições sempre existem; no entanto, há ocasiões especiais, como seria o caso da igreja dispersa por toda a Ásia Menor. Para eles, de maneira especial, esta epístola é um consolo; um alívio para os cristãos que se encontram perseguidos.

Segunda Epístola de Pedro
A letra P nos serve de inicial para as expressões que analisam a Segunda Epístola de Pedro, a qual trata do progresso do cristão (1.1-21). Fala-nos da provisão feita para o crente (vv. 1-4); e dos degraus para o crescimento (vv. 5-11); e faz também uma admoestação para o cristão ter presente a verdade recebida (vv. 12-21).
No capítulo 2, Pedro menciona os perigos que representam os falsos mestres e os falsos profetas. Sob o denominador comum de injustos (v. 9), inclui ali tanto os mencionados como aos que seguem após eles. Menciona assim a doutrina dos ímpios (vv. 1-3); o juízo que cairá sobre eles (vv. 4-11); o engano dos mesmos (vv. 12-19) e sua recaída (vv. 20-22).
Por último, no capítulo 3, Pedro nos fala do porvir, das coisas futuras; principalmente dos eventos relacionados com a volta de Cristo. Nos versículos 1 a 7 Pedro ensina como a vinda de Cristo é negada por alguns; nos versículos 8 a 10 essa vinda é afirmada; e do 11 ao 18 se ensina que é esperada.
Esta segunda epístola, em vez de aflições e constrangimento exterior, encara melhor as provas internas dos falsos ensinamentos. É uma carta breve, em que o apóstolo recorda que os falsos mestres estão sempre rondando a igreja; porém ela tem de olhar para o futuro, animada pela certeza da segunda vinda de Cristo.

Epístolas de João
As três cartas de João, desiguais em sua extensão, vão diminuindo como a letra V que, como coincidência curiosa para ajudar-nos a memorizar, corresponde a inicial das palavras que usamos para nosso quadro sinótico: verdadeira vida, verdadeira doutrina e verdadeiro presbítero ou pastor. Estes são, respectivamente, os temas das três epístolas joaninas.



Primeira de João
A Primeira Epístola de João mostra que a verdadeira vida está na comunhão com Deus. Porém essa comunhão com Deus implica no reconhecimento do pecado e a vitória sobre o mesmo, a partir do perdão de Deus. Daí o contraste entre os filhos de Deus e os que não o são (veja l Jo 2.22,23).
As diferenças que aparecem entre os não cristãos e os filhos de Deus levam o escritor a escrever expressões aparentemente exageradas; tais como, por exemplo, a afirmação: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado..." (3.9). Não se refere ao homem concreto, mas, sim, à posição do regenerado em Cristo. A expressão dessa posição é o amor. Nosso amor não é mais que uma cópia da natureza de Deus (4.11); quem, em Cristo, já se expressou em amor para conosco (v.9).
O resultado desta atitude de amor é uma vida verdadeira e vitoriosa (5.1-13); a qual, por sua vez, produz uma vida verdadeira cheia de confiança e segurança (vv. 14-20).

Segunda de João
A Segunda Epístola de João é um pequeno bilhete dirigido à igreja, a qual João chama "senhora eleita" (1.1). Na carta João insiste na importância da piedade inspirada em uma doutrina pura. Esta doutrina deve ser recebida alegremente (vv. 1-6); porém deve também ser conservada perseverantemente (vv. 7-12).

Terceira de João
A Terceira Epístola de João é dirigida a Gaio (1.1), o qual, segundo a tradição, parece haver sido um líder da igreja em Pérgamo. Daí usarmos a designação de presbítero; nome que é sinônimo de ancião ou pastor, e com ele indicamos o papel de liderança que ostentava Gaio. É curioso que a carta nos apresenta uma espécie de “sanduíche”, posto que a recondenação de Diótrefes, o mal (vv. 9,10), está entre a reconfírmação que faz de Gaio (vv. 1-8) e de Demétrio (vv. 11,12).

Judas
A Epístola de Judas não é senão um grito de advertência em meio aos tempos maus e a apostasia de Israel. Ter piedade exige perseverança.
Ao compararmos a carta de Judas com o capítulo 2 da Segunda Carta de Pedro, encontramos certa semelhança. Alguém tem dito que é uma repetição. Não há maneira de confirmá-lo ou negá-lo. Além disso, Judas tem como tema central o ímpio, em contraste com Pedro que trata do crente. O fato, no entanto, é que Pedro, apresentando o crente, abre um parêntesis no capítulo l, para colocar ali o adversário do cristão; isto é, o ímpio.
No último quadro assinalamos o paralelismo entre estas duas partes das Sagradas Escrituras. O estudante fará bem em comparar estas expressões diretamente no texto da Bíblia.


Conclusão
Pelo que antecede podemos ver, então, que as epístolas gerais, chamadas assim por causa dos destinatários a quem estão dirigidas, também merecem tal designação por causa de seu conteúdo; e a aplicação universal do mesmo.