domingo, 18 de março de 2012

Vaso nas Mãos do Oleiro - Jeremias 18.1-6

O profeta Jeremias está experimentando um momento de muita angústia. Durante muito tempo apostara no futuro, acreditando que as coisas que Deus dissera sobre seu povo, Israel, iriam cumprir-se. Como conseqüência, fariam da nação um grande país, um grande povo. De repente ele percebe que os sonhos alimentados por profetas pareciam não se concretizar.

Era como se o tiro houvesse saído pela culatra... Parecia que todo o projeto de Deus havia-se tornado um engodo, uma vez que Israel não se transformara num grande povo, como referência de justiça social, nem prospero economicamente.

Quanto ao aspecto religioso, haviam-se tornado duros, vazios e hipócritas. Israel naqueles dias havia se tornado no oposto do projeto de Deus. Portanto, Jeremias estava sofrendo, tremendamente angustiado. Estava perdendo todas as esperanças, tremendamente desalentado, a ponto de não ter o menor estímulo  em continuar desafiando o povo  para prosperarem no projeto de Deus para suas vidas.
Jeremias nesta depressão profunda, começa a agonizar, a perder o vigor, e todos os seus sonhos se transformam num terrível pesadelo. Até que ouve a voz de Deus que lhe diz:

Jeremias, faça o seguinte: hoje não fique em casa. Abra a porta logo de manhã, vá para a rua e ande pelas esquinas; dê uma chegadinha à casa do oleiro, o homem que trabalha com barro, fazendo artefatos, vasos e outras coisas.
Mesmo sem entender exatamente o que Deus queria, vai ele à casa do oleiro. Chegando lá observando aquele homem que pedala, e se impressiona com a destreza e a habilidade na execução do seu ofício: uma roda se move em cima acionada por outra em baixo postas em movimento pelos pés. Sobre ela vê um grande volume de barro extremamente pegajoso, no qual o artesão joga água, e depois bate, soca, prepara.

E vai pedalando, e a roda girando. De repente, enfia as mãos no barro, fazendo pressões harmônicas. Então, este começa a tomar forma, a ganhar contornos; vai crescendo, adquirindo uma nova aparência, diante dos olhos de Jeremias, maravilhado com a agilidade manual do oleiro.

O oleiro bate aqui, bate ali, aperta, enquanto o barro vai subindo, ganhando molde. E Jeremias continua observando, estarrecido, vendo a obra se consumar. Repentinamente, quase chegando ao fim, num dos últimos toques do oleiro, o barro se esparrama em suas mãos. O estrago é total. Jeremias fica profundamente entristecido, e exclama:- Puxa eu não dou sorte mesmo! Sou um pé frio!

Porém, o oleiro não desiste do barro: torna a pegá-lo, bate, soca, umedece, espreme e reinicia a obra, de modo que ele vai ganhando forma, dando origem a um novo vaso, resultado de outro projeto do persistente oleiro que transforma-o num vaso ainda mais maravilhoso do que seria o primeiro, desenhando símbolos e figuras. Depois disto tudo, leva ao forno e, uma vez pronto, põe-no na prateleira.
Aturdido, depois de testemunhar todo aquele processo, Jeremias ouve a voz de Deus, que lhe diz:
“Jeremias, se o oleiro não desistiu do barro que se estragou nas suas mãos, você acredita que vou desistir do meu povo, só porque não deu certo na primeira tentativa? Eu não sou Deus de entregar os pontos! Tenho poder para insistir naquilo que se estragou, transformando numa outra coisa. Enxugue as lágrimas, levante a cabeça e vá em frente.”

O que tem isto a ver comigo ?
O que Deus disse a Jeremias e está dizendo a eu e  você, é que enquanto estamos envolvidos com o desejo de construir a vida, uma família, relacionamentos – seja com o marido, a mulher, os filhos, os pais ou os amigos -, quem sabe reconstruir o casamento; ou investir num determinado projeto e apostar tudo nele, o coração cai num buraco terrível ante a percepção de que os sonhos, os planos, os empreendimentos nos quais investimos deram em nada, estragaram-se.

E quem sabe é o seu caso, você está se sentindo arruinado, porque seu projeto deu em desastre. Aquilo que você sonha, transformou-se em pesadelo.

1. Porque o vaso se desfaz?

1.1 O barro é um material básico.

A vida não é feita de grandes construções, nem de material preciosíssimo.  Tudo o que é relacionado a ela tem a ver com o que é essencial. Isto porque ela é feita de barro.
Esta afirmação é extremamente importante para nós, porque assim percebemos que as grandes catástrofes da vida não acontecem em função das grandes situações, e sim em função de coisas pequenas, como a falta de um bom dia, de beijo, de abraço, de toque, sorriso, gentileza.

Enfim, falta daquilo que é essencial, básico, como o sorrir de manhã ao acordar e ao sair de casa para o trabalho e o chegar bem de volta a casa. É a ausência dessas pequena atitudes que acaba arruinando dramaticamente o projeto de vida de muitas pessoas, pois o básico é essencial.

1.2 O barro é um material frágil.
O texto também está dizendo que a vida é muito fraca. É importante ir muito devagar com o barro. É preciso ver como tocamos na alma dos outros. É necessário observar e reconhecer que a nossa maneira de falar em casa têm as vezes impactos e ecos muito mais profundos que imaginamos.

Você gritou, foi embora ,mas a alma da sua mulher – tal qual a sua – é feita de barro, material profundamente impressionável – registrável, maleável às pressões externas: você se foi, porém as marcas continuam. E às vezes voc6e fica sem saber por que razão a coisa toda foi a falência. Foi à falência, porque quem lida com a alma está lidando com um material que, se num aspecto é sensibilíssimo para o bem, noutro é igualmente sensibilíssimo para machucar-se a si mesmo.

Quem sabe agora mesmo, você não se lembra de situações no passado às quais aparentemente não eram tão fortes, mas que deixaram perturbações, grunhidos, angústias contínuas na mente e na alma: provavelmente impressões que perduram há décadas, não saem do íntimo, acumulam-se no decorrer dos anos. E de repente fazem com que o vaso da existência humana se arrebente, se espatife sem que consiga entender o porque.

1.3 O barro é um material recuperável.
Graças à Deus que a Bíblia diz que este material é altamente reciclável, dá para recuperar, dá para recomeçar, fazer de novo.

Eu digo isso porque, um dia, meu barro estragou-se integralmente. Vi a ruína acontecer na minha vida. Fui criado num lar, onde meu Pai visitava uma vez por mês. Lembro-me que quando criança perguntava a minha mãe onde papai estava. Minha mãe dizia que era um vendedor, portanto viajava muito. Mas o tempo foi passando e a mentira não pode mais ser encoberta.

Descobri que não tinha o sobrenome de meu pai. Pior que meus amigos também. Me sentia tremendamente desprezado, entre os colegas de  rua, na escola, quantas vezes não sentia vontade de fugir. Eram sentimentos depressivos que não conseguia explicar. Aos 14, a família de meu pai descobriu a sua vida dupla, fomos jurados de morte eu e minha mãe, e depois disso meu pai nunca mais voltou em casa, nem nos sustentou mais.
Aos 19, já estava muito cansado, com pensamentos suicidas, e fazendo uso de drogas. Quantas vezes quis sumir num buraco escuro e desaparecer. Foi em Águas Claras, um festival de uma semana em Iacanga que Deus começou a estender a sua mão, e moldar essa massa disforme da minha vida.

Em meio ao show de Raul Seixas cheguei a afirmar que Deus não estava naquele lugar, ao ver um jovem drogado e possesso tentando se atirar de uma plataforma de 10 metros. Mas, Deus estava resolvido a reconstruir a minha vida caótica, e dar forma a alguma coisa que Efésios capítulo 2, vers. 10 diz que é uma poesia. Deus transforma histórias de terror em verdadeiras poesias de exaltação à vida.

Isso, porque Deus não desiste da gente, mesmo que os outros desistam.  Em Jesus há verdadeiras intervenções que mudam radicalmente o significado e o propósito de nossa vidas, curando as ranhuras e feridas da nossa alma.

2. Como o oleiro molda o vaso?

2.1 O oleiro soca e bate o barro.
Vejam o oleiro socando e batendo a argila. Em Isaías 41.25, é dito que o oleiro também amassava o barro com os pés até que se formava uma pasta. Por que faz isso? Sem sombra de dúvida você diz: É para desfazer a forma antiga, para ganhar consistência, para dar liga.

Talvez você possa dizer: De fato sinto que Deus vem pisando na minha vida. Sou como o lodo da terra. Argamassa batida, pisada e disforme. Tal é o peso das mãos de Deus em minha vida.

Se é assim, então saiba que Deus quer tomar o vaso estragado e inútil de sua vida e transformá-lo num vaso novo. Hebreus 12.5,6 diz “Filho meu não menosprezes a correção que vêm do Senhor, nem desmaies quando por ele é reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe.”

Quem sabe você é  homem de dura cerviz! Pó da terra, que não é capaz de se dobrar diante do Criador e Artífice! É porque Deus não desiste de amar você que Ele o corrige com a força de suas mãos.
2.2 O Oleiro molda com carinho e habilidade de um artesão.

Mas a partir do momento em que você se torna maleável como a massa do oleiro pronta para ser moldada. A partir do momento em que você não resiste mais às mãos do Senhor, é que começa a surgir uma linda obra de arte, moldada com muita habilidade e perícia pelos mãos do Artista do Universo.

Vejam como o oleiro toma a massa disforme e com carinho, com leve toque e sensibilidade vai dando forma a um lindo vaso. Vejam como a obra do Artífice  vai crescendo, adquirindo uma nova aparência.

Um leve toque aqui, uma pressão ali de tal forma que o vaso vai ficando perfeito.
E assim Deus vai trabalhando no seu caráter, na sua personalidade de tal forme que todos passam a admirar sua vida pelo seu jeito de ser. As sua palavras vão se transformando em fonte de vida. O amor, a alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio são os entalhes lapidados pelo Artista e as cores no belo e majestoso vaso feito para a sua glória. Por fim cobre com um verniz para que dê brilho reluzente ao ser iluminado com os raios de sol.

2.3 O oleiro leva o vaso ao forno.

Mas em último momento o oleiro leva o vaso para o forno. Porque o oleiro faz isso? Você sabe a resposta. É para que o vaso ganhe consistência e rigidez. Para que fique duro. Assim Deus nos põe na fornalha da tribulação. A tribulação é necessária para nos firmar e confirmar na vida espiritual. É como o fogo para as cores de uma pintura em porcelana.

É por isso que Pedro escreve: Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós destinado a provar-vos, como se alguma cousa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo para que também na revelação de sua glória vos alegreis exultando. I Pe 4.12,12
A fidelidade do crente é comprovada no tempo da aflição. Você lembra dos amigos de Daniel (Dn 3) , como foram lançados na fornalha da aflição. Deus permitiu que assim acontece para que fossem provados quanto a sua fé e fidelidade.

Mas saiba que em todas as suas ardentes provações, a presença dEle é o seu conforto e segurança. Não foram três lançados na fornalha aquecida sete vezes mais? (Dn 3.19)  Mas havia mais um passeando com eles em meio ao fogo cujo aspecto era semelhante a um filho dos deuses (Dn 3.25). Ele nunca o abandonará, o Senhor Jesus está com você. “Não temas porque sou contigo”

CONCLUSÃO: A Palavra de Deus afirma que Jesus nos amou e morreu por nós quando ainda éramos pecadores. O apóstolo João diz que devemos amar-nos, porque um dia ele nos amou primeiro. Ele creu em mim antes. Ele acreditou no barro estragado.

O projeto de meu pai e minha mãe não dera certo. É por isso que a Bíblia diz: “Porque se meu pai e minha mãe me desampararem o Senhor me acolherá.” Deus quer fazer de você uma obra de arte. A Bíblia diz que se alguém está em Cristo, as coisas velhas se passaram e tudo se fez novo.

Mas se você diz: “Já sou crente, e estou profundamente decepcionado comigo mesmo.” É sinal de que Deus já está trabalhando em sua vida. Ele não desiste de você. Deus aposta no seu futuro. Quem sabe a dor que você está sentindo não é mão de Deus preparando o barro para ser moldado. Se é assim ele quer moldar o seu caráter com o suave toque do seu Espírito. E se Ele te lançar na fornalha ardente da provação. É porque quer fazer de você um belo e resistente vaso de honra.

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