segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Islamismo - Calendário Religioso

O calendário religioso islâmico é lunar, com trezentos e cinqüenta e quatro dias: as festas, portanto, deslocam-se através das estações. O mês do Ramada é especialmente importante. Durante o dia, jejua-se e cultivam-se as obras religiosas. No fim do Ramada, ocorre a comemoração da Noite do Poder, Laylat al-Qadr, quando Maomé recebeu a primeira revelação. Durante essa noite, abrem-se as fronteiras entre o mundo angélico e este mundo. O "id al-Fitr marca o fim do jejum. Dhu al-Hijjah é o mês da peregrinação a Meca. Em estado de pureza física e ritual (ihrãm), os peregrinos andam em torno da Caaba, visitam os túmulos de Agar e Ismael e o poço de Zamzam, percorrem a distância entre dois túmulos em memória de Agar em busca de água, ficam de pé durante uma tarde na planície de Arafat e jogam seixos no pilar de Acaba, em Mina, que representa Satã tentando Abraão e sugerindo-lhe abandonar a imolação do filho Ismael. O grande sacrifício e a distribuição de carne em memória do sacrifício de Abraão (íd al-Adhã) terminam o hajdj. A celebração ocorre em todo o mundo muçulmano.
O islamismo xiita tem suas próprias festas, sendo a mais importante a 'Ãshurã (10 do mês Muharram), comemoração do martírio de Hussein (<-> 20.6). Os dias de luto em memória de Hussein compreendem cantos, récitas, representações dramáticas do conflito, que podem degenerar em escaramuças, e procissões de flagelantes que transportam ataúdes de madeira pelas ruas. Os aniversários dos imãs, inclusive o de Ali, são celebrados pelos xiitas. O dia de Maomi (Mawlid al-Nabí, em 12 de Rabfal-Awwal), comemoração do seu nascimento, e a noite do mi'rãj no mês de Rajab, são celebrados por todos os muçulmanos.
ELIADE, Mírcea; COULIANO, Ioan P. Dicionário das Religiões. 2a ed. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, SP, Ed. Martins Fontes, 2003 - Capítulo 20.

Islamismo - expansão territorial

Os quatro primeiros califas (632-661) haviam conquistado o Oriente Próximo, do Irã ao Egito. Damasco caiu em 635; Jerusalém, Antioquia e Basra, em 638. As conquistas se sucediam com rapidez: a Pérsia (637-650), o Egito (639-642). De 661 a 750, os Omíadas de Damasco continuaram a expansão territorial do califado para o leste (Afeganistão) e para o oeste (África do Norte e Espanha). Explorando habilmente o particularismo dos berberes, que, contudo, souberam resistir à conquista manipulando o instrumento do cisma (principalmente carijita), em 711 o exército muçulmano atravessava a Ifriqiya (o norte da África) e chegava até o Maghrib al-aqsã, o extremo oeste, o estreito de Gibraltar, prosseguindo, com a provável ajuda do governador bizantino de Ceuta e dos judeus perseguidos dos centros urbanos, a conquista de al-Andalus (de etimologia desconhecida, talvez de Vandalicia), o reino dos visigodos da Península Ibérica que compreendia a Espanha e Portugal de hoje. Depois da queda da capital de Toledo, os árabes eram senhores absolutos, até os Pireneus. Seu ímpeto parou nas montanhas, principalmente quando Carlos Martel, em Poitiers (732), freou seu avanço na França. Destronados em 750 pelos Abássidas de Bagdá, os últimos Omíadas encontrariam refúgio em al-Andalus. O esplêndido califado de Cõrdoba manteve-se de 756 até o período de anarquia dos Reinos de Taifas (do árabe tawa'if, "partido", "bandeira"), de 1031 a 1090, quando os estados cristãos do norte da Espanha romperiam decisivamente as linhas dos inimigos, conquistando Toledo em 1085. Ocupada sucessivamente pelas dinastias berberes dos Almorávidas (1090-1145) e dos Almôadas (1157-1223), a Espanha ia sendo pouco a pouco evacuada pelos muçulmanos, que, porém, se mantiveram até 1492 numa faixa territorial estreita na costa mediterrânea: o emirado nazarita de Granada. Em 827, os Aglábidas de Ifriqíya partiram para a conquista da Sicília e do sul da Itália, de onde seriam repelidos pelos bizantinos. A ilha foi ocupada em 902, tornou-se fatímida em 909 e quase independente em 948. Foi tomada pelos normandos em 1091. A partir do século XI, os homens fortes do islamismo são os turcos, islamizados no século X, em especial os Seljúcidas, que se apoderaram do trono dos Abássidas em 1058. Serão derrubados em 1258 pelos mongóis (islamizados em 1300), que ocuparam o Iraque mas foram decisivamente detidos pelos turcos mamelucos que controlariam o Egito até a ocupação otomana em 1517. Do século XIV ao XIX, o islamismo é primordialmente representado pelo poderoso Império Otomano, fundado em 1301 na Ásia Menor. Em 1453, os otomanos apoderam-se de Constantinopla, que se torna sua capital (Istambul). No leste, os turcos mamelucos instalam seu sultanato em Delhi (1206-1526). De 1526 a 1658, o norte da índia será submetido ao império islâmico dos Grão-Mogóis, descendentes dos mongóis. A Indonésia e a Malásia foram em grande parte convertidas através das rotas comerciais que as uniam aos países muçulmanos. O mesmo ocorreu com certas zonas da África situadas abaixo do Saara.
ELIADE, Mírcea; COULIANO, Ioan P. Dicionário das Religiões. 2a ed. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, SP, Ed. Martins Fontes, 2003 - Capítulo 20.

Islamismo - Sucessão e secessão

Ao morrer Maomé (632 d.C), enquanto seu primo e genro 'Ali-ibn Abi Tãlib e seu tio Ibn 'Abbãs velavam piedosamente o corpo sem vida, os outros partidários se reuniram ao lado para escolher um sucessor ou califa (Khalífah, de khlf, "seguir"). Esse título significará daí em diante que o califa reúne em si duas funções que deveriam ficar separadas em qualquer outro ser humano: a função militar de comandar crentes (amir al-mu'miríin) e a função religiosa de imã dos muçulmanos (imãm al-muslimln). Ao amanhecer, depois de longas deliberações, a assembleia decidiu que o primeiro sucessor seria Abu-Bakr, sogro do profeta e companheiro da Hégira em Medina, escolhido por Maomé para dirigir, em seu lugar, as orações em comum. Durante os dois anos de seu califado, AbQ-Bakr estabeleceu definitivamente o domínio muçulmano na Arábia e empreendeu expedições contra os beduínos revoltosos e contra a Síria bizantina. Sucessor de Abu-Bakr e segundo califa na sucessão sunita, Ornar (634-644) conquistou a Síria e boa parte do Egito e da Mesopotâmia. Foi depois de sua morte que começaram as grandes secessões religiosas, que resultariam na formação de seitas cujo número é tradicionalmente fixado em 272. Na verdade, os partidários de Ali, primo e genro do profeta por ter-se casado com sua filha Fátima, esperavam que ele fosse então investido da dignidade de califa, mas o aristocrata Otmã (644-656), da família dos Omíadas de Meca, antigos adversários de Maomé, foi eleito em seu lugar. A ideologia dos rawãfids ("os que repudiam [os primeiros califas]") xiitas ("partidários", de shi 'at 'AH, "partido de Ali") exige que a sucessão se estabeleça segundo laços de parentesco mais estreitos. Segundo eles, o califa não deve ser apenas curaixita, mas também hashimita e fatímida, ou seja, não apenas da tribo do profeta, mas também de sua família e filho legítimo do casamento de Fátima com 'Ali ibn Abi Tãlib. Em outras palavras, a ShVa queria formar uma dinastia Álida mas a sorte decide por uma dinastia Omíada.
Em 656, o omíada Otmã é assassinado por um grupo de partidários de Ali, que não renega os assassinos. Eleito califa (quarto na ordem sucessória dos sunitas), Ali deverá enfrentar uma dupla temível que o acusa de cumplicidade no assassinato: o poderoso governador omíada da Síria, Moawia, e seu astuto general 'Amr ibn al-'Ãs, conquistador do Egito. Quando Ali estava vencendo a batalha de Siffín no Eufrates contra Moawia (657), 'Amr ibn al-'Ãs mandou pregar folhetos com textos do Corão nas lanças de seus homens e o exército de Ali recuou. O mesmo Amr ibn al-'Ãs propôs uma arbitragem en­tre Ali e Moawia e representou este último com tanta habilidade que os xiitas consideraram-se vencidos. Surgiu então uma nova complicação que cerceou ainda mais Ali em seus nobres escrúpulos: um grupo considerável de seu exército, os carijitas ou "dissidentes" por excelência (de khrj-, "sair, partir"), não reconheceu a arbitragem dos homens, pretextando que lã hukmatu Ma Allãh, "não há outro julgamento senão o de Deus". Os carijitas, puritanos do islamismo, não se preocupavam com o estabelecimento de linhagens dinásticas. Queriam que a dignidade do califado fosse eletiva e coubesse ao muçulmano mais devoto, sem distinção de tribo ou de raça: se merecedor, até mesmo um escravo etíope teria mais direitos ao califado que um curaixita. Essa doutrina era repudiada, também por outras características, pela maioria dos muçulmanos, para os quais perder a qualidade de membros da comunidade (ummah) dos fiéis era tão grave, se não mais, quanto uma excomunhão na cristandade medieval. Ora, ao contrário dos puritanos cristãos ulteriores, os puritanos muçulmanos sustentavam que a fé não basta, que há necessidade de obras para ter-se certeza da seriedade de um fiel. Por conseguinte, um muçulmano que pecasse deixava de fazer parte da assembléia dos fiéis. Esse respeitável zelo pela pureza moral combinava-se, nos carijitas, com escrúpulo de restabelecer a verdade histórica; eles afirmavam, portanto, que o Corão não é totalmente revelado. Em vez de combater Moawia, Ali voltou-se contra os carijitas que, afastando-se de Moawia, assassinaram Ali em 661. O califado coube a Moawia, fundador da dinastia dos Omíadas de Damasco (661-750).
ELIADE, Mírcea; COULIANO, Ioan P. Dicionário das Religiões. 2a ed. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, SP, Ed. Martins Fontes, 2003 - Capítulo 20.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O processo evolutivo na história e legislação do Ensino Religioso

Marcado por conflitos na escola pública brasileira desde sua origem e por uma forte presença da religião cristã, o Ensino Religioso no Brasil evoluiu no seu processo histórico. De uma concepção catequética e unirreligiosa nos primórdios da colonização do Brasil, o Ensino Religioso passou para uma concepção plurirreligiosa a partir da laicização do Estado como tentativa de superar o proselitismo e promover um diálogo, principalmente, entre as religiões cristãs. Já nos últimos anos, para uma proposta transreligiosa com o propósito de reler o fenômeno religioso, como área de conhecimento e como parte da formação básica do cidadão, assegurando o respeito à diversidade religiosa brasileira. Neste artigo, analisamos a evolução do Ensino Religioso nas Constituições Brasileiras observando sua evolução, releituras nas Leis de Diretrizes e Bases e sua normatização pelo Conselho Estadual de Educação do Estado de São Paulo.

José Carlos Bertoni
Dra. Maria da Graça Nicoletti Mizukami

Leia esse artigo na íntegra publicado no Portal dos Professores da Universidade Federal de São Carlos no endereço http://www.portaldosprofessores.ufscar.br/

sábado, 4 de outubro de 2008

Religião: Grupo de ateus e agnósticos processa George W. Bush por causa do Dia Nacional da Oração

Madison, Wisconsin, 04 Out (Lusa) - Um grupo de ateus e agnósticos nos Estados Unidos processou judicialmente o Presidente George W. Bush, o governador do Wisconsin e outros responsáveis por causa de uma lei que designa um Dia Nacional de Oração.
A Freedom From Religion Foundation (Fundação Liberdade de Não Ter Religião) apresentou na sexta-feira, num tribunal federal uma queixa contra o facto de que os apelos do Presidente à oração violam o preceito constitucional que interdita os funcionários de manifestarem apoio a qualquer religião.
O Dia da Oração, cumprido anualmente na primeira quinta-feira de Maio, cria "um ambiente hostil aos não-crentes, que são tratados como sendo excluídos políticos", lê-se na queixa.
A proclamação nacional deste ano pedia "as bênçãos de Deus" ao país e apelava aos norte-americanos para cumprirem o dia com "programas, cerimónias e actividades apropriadas".
O Governador do Wisconsin, Jim Doyle, é referido na queixa por ser um dos 50 governadores que emitiu proclamações de apelo ao Dia de Oração. A fundação está sedeada em Madison, no Wisconsin.
Shirley Dobson, presidente da "task force" do Dia Nacional de Oração e a secretária de imprensa da Casa Branca Dana Perino também são referidas na queixa.
A fundação tem apresentado diversas queixas judiciais nos últimos anos em defesa da rigorosa laicidade constitucional da administração pública norte-americana.
Fonte: <http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/415366> Acesso em 04/10/2008

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Richard Dawkins e a Religião

Num tempo de guerras e ataques terroristas com motivações religiosas, o movimento pró-ateísmo ganha força no mundo todo. O biólogo Richard Dawkins, eleito recentemente um dos três intelectuais mais importantes do mundo (junto com Umberto Eco e Noam Chomsky) pela revista inglesa Prospect. Dawkins afirma ser irracional acreditar em Deus. “Tal crença traz terríveis danos à sociedade. Em 'Deus, um delírio', seu intelecto afiado se concentra exclusivamente no assunto e mostra como a religião alimenta a guerra, fomenta o fanatismo e doutrina as crianças. O objetivo deste texto mordaz é provocar; provocar os religiosos convictos, mas principalmente provocar os que são religiosos 'por inércia', levando-os a pensar racionalmente e trocar sua 'crença' pelo 'orgulho ateu' e pela ciência. Dawkins despreza a idéia de que a religião mereça respeito especial, mesmo se moderada, e compara a educação religiosa de crianças ao abuso infantil.” http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha
Não vi nessa obra nenhuma novidade acrescentada ao discurso ateísta. Mas, como toda provocação faz bem para o intelecto e para a alma, essa serviu de combustível para fortalecer ainda mais minhas convicções quanto ao discipulado dos meus filhos. Lembrei-me da conversa de Jesus com um certo homem intérprete da lei. O evangelista Lucas narra no capítulo 10 versículos 25 à 37 de seu evangelho. Nalgum momento não especificado este homem com o intuito de experimentá-lo levantou-se. A fim de tentar desmascarar a Jesus caso não conseguisse responder a altura, perguntou-lhe: "Que farei para herdar a vida eterna? "Que está escrito na lei? Como interpretas? O intérprete respondeu com uma combinação de passagens que o próprio Senhor Jesus também usava para resumir as exigências da lei (Dt 6.5: Lv 19.18: cf. Mc 12.30-31)."...Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda as tuas forças e de todo o teu entendimento" (Lc 10.27a; comp. c/ Dt 6.5). "...amarás ao teu próximo como a ti mesmo" (Lc 10.27b; comp. c/ Lv 19.18).Jesus elogiou a resposta, e continuou: faze isto, e viverás. Mas o intérprete da lei não quis deixar a questão parar ali; queria justificar-se. Passou portanto à perguntar: Quem é o meu próximo? Percebeu que significava mais que o vizinho ao lado. Mas quanto mais? Sabemos que Jesus o Mestre por excelência não respondeu diretamente à pergunta, mas contou a parábola do bom samaritano.O problema deste homem era saber quem era o seu próximo. Mas e se intérprete tivesse perguntado o que significa realmente amar a Deus? A resposta também se encontra em Dt 6.5, passagem citada por este homem e por Jesus que corresponde ao primeiro grande mandamento.Explicação: Segundo Deuteronômio 6, a resposta dos israelitas ao amor de Deus por eles como seu povo e por sua libertação deveria de ser antes de tudo, um amor por Ele que incluía o ser inteiro, e logo como expressão deste amor por Deus, o ensino de seus filhos e a seus netos da fé que agora lhes pertenciam.
"O SENHOR é o único Deus "
(v.4)(qual a minha reação?) Amar a Ele com todo o meu ser (v.5)
(como?) Guardando as Suas Palavras no coração (v. 6)
(como?) Ensinado-a aos filhos (v. 7a)
(como?) 1. Falando dela o dia inteiro (v. 7b)
2. Atando-a como lembrete (v.8)
3. Transcrevendo-a nos umbrais e nas portas (v. 9)
O amor a Deus e a atividade do ensino eram inseparáveis. A vida que Israel tinha com Deus como uma comunidade no pacto com Ele, sustentada pela fé n'Ele e governada em tudo por sua vontade tal como se expressa nos mandamentos, deveria ser comunicada as gerações vindouras. Se um israelita falhava neste ponto privando seus descendentes da única e verdadeira vida no pacto de Deus, seria uma indicação de que não amava a Deus de toda a sua alma, mente e coração. Portanto, podemos concluir que uma Educação de Nossos filhos é a resposta da nossa parte ao amor de Deus, e que quando assim o fazemos, realmente amamos a Deus com inteireza de coração, alma e mente.

Morte do Dólar


Achei esse texto do Caio Fábio fantástico. Vale a pena ler.

O presente colapso do sistema financeiro Americano é a resposta da história à ilusão do dólar.
Resposta tardia, mas ainda resposta. Afinal, não seria possível não haver tal resposta, sendo apenas uma questão de tempo sua materialização.
Entretanto, desde "A Morte do Dólar" e de "Os Juros Subversivos" — ambos os livros da década de 80, inicio dos anos noventa — que popularmente já se sabia que o futuro seria assim como está começando a ser agora: um mundo no qual a América experimentaria as conseqüências de seu modelo estilo New Babilônia.
O crescimento avassalador dos Estados Unidos antes, porém, muito mais depois da 2ª Grande Guerra, deu-se de modo não apenas meteórico, mas, também, despreparado e sem lastro capaz de bancar o dólar como esperanto econômico-financeiro do Planeta.
Nesse sentido, ainda equivocado em quase tudo o mais, Fidel Castro estava certo quando denunciava a arbitrariedade da existência mundial do dólar como moeda da Civilização Humana.
E Fidel não dizia isto apenas por estar inimizado com os Estados Unidos, mas, sobretudo, fundado em argumentação lógica, a qual não era ouvida pelas mesmas razões pelas quais não se dá ouvidos ao que seja verdade se a tal verdade não estiver em favor de nossos lucros nesta vida. Os Estados Unidos, no entanto, não deverão perder a liderança mundial assim..., da noite para o dia. Provavelmente a América ainda caminhe na energia inercial por vários anos, a menos que uma reviravolta de mentalidade aconteça para o bem.
Todo império, no entanto, existe em conluio com o mal. Nunca vi ou soube algo relativo a um Bom Império. Na Bíblia os Impérios são sempre perversos. Por isto a Revelação nunca deu autorização para a expansão de quem quer que fosse para além de suas fronteiras, menos ainda para Israel deu tal consentimento. Deus não é descrito como Imperador do Universo, mas como Rei. O império é sempre ilegítimo e expansionista. O Reino, todavia, recolhe-se ao ambiente de sua legitimidade natural.
No caso de Deus [rsrsrs, como se pudesse assim falar], Ele é Rei sobre tudo, pois, tudo foi criado por Ele e para Ele. Assim, Deus somente seria Imperador se Ele não fosse o único Deus. Mas ainda assim um dos Deuses teria de desejar o que fosse do outro Deus.
Então, desse modo, não teríamos Deus, mas Deuses. E, além disso, não teríamos nem mesmo a noção de Rei ou reino, pois, só existiria a guerra pelo Império. Imperador é o diabo. E todo império tem a inspiração dele.
O Rei reina. O Imperador impera, se impõe.
O Rei é. O Imperador se torna pela sua conquista.
Voltando à América...
Os Estados Unidos se tornaram um Império. Aliás, dos Impérios, talvez o menos ruim até hoje.
Entretanto, ainda assim tornou-se um império, com atitude e arrogância de Império. Para sua tristeza fechou tal ciclo imperial com um mico como Presidente. O Império Americano foi o império da ordem democrática como bandeira a ser defendida e imposta ao mundo. Era a tirania da liberdade democrática a oferecer tapume para que por seu intermédio todas as ditaduras da Terra fossem saqueadas e possuídas pela liberdade. A tirania americana foi e é ainda a tirania da democracia!
Tal ambigüidade no exercício do Poder Mundial somente poderia vir de um Império Cristão. O que a América não supunha jamais é que um homem solitário viesse a se tornar o símbolo de sua queda. Quando Bin Laden destruiu as torres gêmeas uma era findou... O que se vê hoje em Wal Street é apenas o resultado da queda das torres acontecendo agora como fato econômico.
Agora teremos um tempo caótico adiante de nós todos, em toda a Terra. Afinal, um gigante não cai sem que um maremoto deixe de sacudir todas as praias da terra.
Faz parte. E nós estamos vivos para ver e testemunhar.

Caio
01 de outubro
Lago Norte
Brasília
DF
http://www.caiofabio.com/

domingo, 4 de maio de 2008

A BONDADE DE DEUS - Tg 1.16-18

Lendo as Escrituras com atenção, veremos que a bondade é um dos atributos de Deus que aparece com mais frequência na história sagrada.
Jesus Cristo falou da singularidade da bondade de Deus ao afirmar ao jovem rico: “Ninguém é bom senão um só, que é Deus”(Mc 10.18). Só Ele, e ninguém mais, é a fonte de todo o bem. Todos os atos de bondade e ternura têm sua origem na pessoa de Deus.
A bondade de Deus resume o caráter de seu grande amor, de sua infinita graça e de sua incomensurável compaixão e paciência em relação ao pecador. Se não fosse pela aplicabilidade deste importante atributo de Deus, o mundo já não existiria mais. Se não fosse pela bondade de Deus, a vida seria impossível de ser vivida.
Atentando para o contexto do primeiro capítulo, veremos que este trecho está interligado à seção anterior, onde o autor fala da origem do pecado e da tentação. Ali ele fala da impossibilidade da autoria divina quanto ao pecado e tentação.
Aqui, no texto em apreço, ele enfatiza a grande verdade da bondade de Deus. Ele é a fonte de tudo quanto é bom; a bondade “vem do alto... do Pai dos luzes... “(v. 11). Esta expressão “Pai dos luzes” deve ser entendida como referindo-se aos corpos celestes: o sol, a lua e as estrelas (SI 136.1-9; Jr 31.35). Estas “luzes” variam na duração do dia e da noite, nas fases do crescimento e do desfalecimento, no brilho diferente das estrelas e planetas. Podemos entender Tiago dizendo da variação das luzes, mas o “Pai das luzes’ o Criador, é imutável; nele não há “variação, ou sombra de mudança”(v. 11). Na prática de sua bondade, dando “boas dádivas”, Ele é imutável.
No v.1 8, Tiago mostra o aprofundamento da bondade de Deus, dando-nos a oportunidade de renascer pela “palavra da verdade". Neste “novo nascimento”, tornamo-nos “primícias de suas criaturas”(v. 18). No mundo antigo, existia a lei de que as primícias eram sagradas para Deus e oferecidas a Ele (Rm 11.16).
Quando renascemos pela palavra do Evangelho, tornamo-nos propriedade exclusiva de Deus (1 Pe 2.9,10): Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. Tiago insiste que, diferentemente do homem, as dádivas de Deus são invariavelmente boas. Em todas as mudanças de um mundo mutável elas não variam. E o supremo propósito de Deus é recriar vidas através da verdade do Evangelho, e então esses homens saberão que pertencem a Ele de direito”.
Da reflexão do texto sobre a bondade de Deus, podemos fazer as seguintes considerações:
1. BONDADE PROVENIENTE DO CARÁTER DE DEUS. Deus é perfeito em benevolência e o supremo bem para todas as suas criaturas. Esta realidade não poderia ser diferente, pois este é o caráter de Deus: só Ele é bom (Mc 10.18); ele é a essência da bondade e todo o seu agir é permeado por esta bondade, que é proveniente de seu próprio caráter. Tiago fala desta realidade rogando à igreja que não se engane, pois “toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai dos luzes... “(1.17). “Sua bondade leva-o a tratar benigna e generosamente a todas as Suas criaturas (SI 36.6; 104.21; 45.8,9; Mt 5.45; At 14.17).
Esta bondade tem manifestações diversas: Quando Seu amor se revela no perdão ao pecador, é chamado Sua graça: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens,” Tt 2.11. Ao aliviar a miséria daqueles que sofrem as consequências do pecado, é chamado misericórdia ou compaixão. Ef 2.4 nos diz que Deus é rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e quando mostra paciência para com o pecador que não atende às instruções e avisos do Seu Criador, chama-se longanimidade (Rm 2.4; 9.22)”
Para Tiago, a bondade de Deus independe das circunstâncias ou do próprio homem. A bondade divina é proveniente de seu caráter e é imutável, ou seja, nenhuma situação, ou nenhum pecado, ou erro, mudará a forma bondosa de Deus tratar o homem.
No ser humano há sempre uma variação de mudança, e a bondade de Deus é revestida de uma total imutabilidade; segundo Tiago, n’Ele “não pode existir variação ou sombra de mudança”(l .17).
Esta imutabilidade da bondade de Deus, vinda de seu caráter, é um desafio à igreja cristã para uma prática mais intensa da bondade. Até que ponto temos imitado a bondade de Deus nos nossos relacionamentos? Às vezes, somos apegados à verdade de Deus e, em nome da verdade, não agimos de acordo com a bondade de Deus.
2. BONDADE EXPRESSA NAS DÁDIVAS DE DEUS. A bondade de Deus, proveniente de seu caráter, materializa-se através de “boas dádivas’ Frequen­temente, ouvimos pessoas questionarem Deus, até mesmo sua existência, a partir das coisas ruins que aconte­cem no planeta. Dizem: “Onde está Deus diante das calamidades das enchentes ou da seca?” “Onde Deus está diante das guerras e da fome?”
Não podemos culpar a Deus pelas nossas desgraças, até porque, elas são fruto da própria ação devastadora do homem nos vários âmbitos da vida na terra. Tudo que Ele criou era e é bom (Gn 1.10, 12, 18); suas dádivas são plenamente boas; é só lembrar da água, do ar, do alimento, da saúde, da própria vida, da natureza e sua incomensurável beleza; tudo isto mostra a concretização da bondade do Deus Eterno.
Você é uma pessoa bondosa? Será que as pessoas que convivem com você percebem em sua vida a bondade de Deus? O seu agir no mundo é mau ou bom? Produz vida ou morte? A igreja cristã é a grande responsável para transmitir a bondade de Deus no mundo.
Deus nos trata com bondade - sejamos bondosos;
Deus trata com amor - sejamos amorosos;
Deus nos trata com perdão - sejamos perdoadores;
Deus nos trata com paciência - sejamos pacien­tes.
Imitemos o agir do nosso Deus, expressando sua bondade na nossa maneira de agir (1 Jo 2.6).
3. BONDADE ENFATIZADA NA CRIAÇAO DE DEUS. Na extrema bondade de Deus, seu propósito é completamente gracioso. segundo seu querer, ele nos gerou pelo palavra da verdade, poro que fôssemos como primícias de suas criaturas “(1.18). Esta é a melhor das boas dádivas divinas: o novo nascimento, a partir das boas-novas do Evangelho.
Tiago apela ao ‘novo nascimento’ espiritual dos cristãos como uma ilustração particularmente notável das boas coisas que Deus concede”.
O apóstolo Paulo fala da “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo como obra da misericórdia e bondade de Deus (Tt 3.4,5). Se alguém está em Cristo dizia ele, é nova criatura... (2 Co 5.1 7). J. B. Phillips traduz o versículo 18 assim: “Por sua vontade pessoal ele nos fez seus filhos mediante a palavra da verdade, para que pudéssemos ser, por assim dizer, as primeiras amostras de sua nova criacão” . O novo nascimento, fruto da bondade de Deus, tem um propósito específico, qual seja, a proclamação das virtudes do Reino (1 Pe 2.9).
Somos “amostras” de sua nova criação; somos, como novas criaturas, a ênfase da bondade de Deus. Daí, a grande responsabilidade que pesa sobre os ombros da comunidade cristã. Ela é vitrine para o mundo.
No mundo, o que impera é a maldade; na igreja deve imperar a bondade. O mundo age de acordo com as regras do mundo; a igreja precisa agir de acordo com os padrões divinos, por isso a bondade deve permear toda a ação da igreja. Afinal, a ela foi confiada a proclamação da palavra da verdade, meio pelo qual a bondade será exemplificada nas novas vidas da nova criação de Deus.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A ESPERANÇA CRISTÃ - Romanos 8.18-25

18 Pois tenho para mim que as aflições deste tempo presente não se podem comparar com a glória que em nós há de ser revelada.
19 Porque a criação aguarda com ardente expectativa a revelação dos filhos de Deus.
20 Porquanto a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que também a própria criação há de ser liberta do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
22 Porque sabemos que toda a criação, conjuntamente, geme e está com dores de parto até agora;
23 e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, aguardando a nossa adoração, a saber, a redenção do nosso corpo.
24 Porque na esperança fomos salvos. Ora, a esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera?
25 Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos.

"A esperança é a última que morre". O que você acha desta afirmação popular? Convivemos atualmente com número acentuado de pessoas que já não têm mais esperança. O perfil existencial da humanidade hoje apresenta os traços do desespero.
Certamente, esta falta de esperança decorre da falta de uma verdadeira e profunda comunhão com Deus. Assim escreve o apóstolo Pedro: " por meio dele (Jesus Cristo) , tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus" (1 Pe 1.21). A verdadeira fé inclui, necessariamente, a esperança. Ensina também o apóstolo Paulo que além do amor, permanecem a fé e a esperança. Também, conforme a descrição de Hebreus 11.1, "fé é a certeza de cousas que se esperam..."
Há pessoas que dizem: "Eu tenho fé, mas estou sem esperança". Ter fé e não ter esperança, é tão inconcebível, inútil e frustrante, quanto dispor de um excelente veículo, sem, contudo haver estrada. A esperança é a estrada pela qual caminha a nossa fé. A fé remove montanhas, a esperança aguarda o dia da remoção. A fé é a certeza em forma de projeto, a esperança é a execução desse projeto. A fé nos impulsiona a pedir, a esperança nos ajuda sobre como e quando receber. A fé avista o horizonte, a esperança nos move até lá.
A esperança sai quando a dúvida toma conta do nosso pensamento. Há três momentos em que intensidade da dúvida alcança proporção máxima:
Um desses momentos é quando coisas que eu acredito que nunca deveriam acontecer, acontecem. Existem vezes quando nosso amado, gracioso, misericordioso, bondoso, benigno e soberano Deus nos surpreende dizendo sim para algumas coisas sendo que nós estavamo convencido que ele diria não. Quando coisas ruins acontecem para boas pessoas. Quando boas coisas acontecem para pessoas más. Quando uma mentira é propagada como verdade e convence a maioria.
As dúvidas também crescem quando coisas que eu acredito que deveriam acontecer nunca acontecem (o outro lado da mo­eda). Quando espero que Deus diga sim, mas Ele diz não. Quando nós esperamos que Ele diga sim e Ele diz não, as dúvidas se multiplicam.
Existe uma terceira situação quando a dúvida cresce. Isso acontece quando as coisas que acredito que deveriam acon­tecer agora, acontecem muito, muito mais tarde. De todas as dúvidas que “batem à nossa porta e entram em nossa alma” , talvez poucas sejam mais devastadoras do que aquelas que surgem quando Deus nos diz: “Espere, espere, espere, espere... espere...espere!” Todos nós temos lutado grandemente contra o tempo de Deus. A esperança é determinante para uma vida cristã vitoriosa. No primeiro capítulo da carta aos Romanos (1.17), Paulo afirma que "O justo viverá por fé".
A esperança supera as circunstâncias. As circunstâncias apresentadas no texto são desfavoráveis; sofrimentos do tempo presente, cativeiro da corrupção, gemidos e angústias da criação. Porém é nesse contexto que a esperança se revela superando as circunstâncias. Não obstante o quadro de sofrimentos apresentados , a esperança surge como algo que não depende nem se subordina às condições circunstanciais; algo que se firma não no que se vê e acontece à nossa volta. Pelo contrário, "a tribulação produz perseverança, e a perseverança, experiência, e a experiência, esperança. Ora a esperança não confunde, porque o amor de deus é derramado em nossos corações pelo amor de Deus que nos foi outorgado" (Rm 5.3-5).Segundo o apóstolo Paulo, "esperança que se vê não é esperança; pois, o que alguém vê como espera? (v.24)
A esperança supera também o tempo. No vers. 25 Paulo também escreve; "se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos". Talvez esteja faltando hoje um pouco mais de paciência. Grande ênfase tem sido dada à fé e ao imediatismo no recebimento de bênção. É preciso aprender o exercício da paciência. A esperança é paciente; ela suplanta o próprio tempo, pois espera tanto tempo quanto for necessário. A esperança possibilita maior aproximação do tempo e do momento de Deus.
A esperança transcende a própria razão. Ela supera a lógica, vai além das categorias e referenciais utilizados num contexto racional. Conforme o versículo 24, "esperança que se vê não é esperança". Para o homem natural a esperança está condicionada ao que se vê; tudo depende de cálculos bem elaborados, de teorias cientificamente comprovadas bem como possibilidades previamente programadas. Vai além esperando contra a própria esperança, como aconteceu com Abraão (Rm 4.18), isto é, esperando o impossível, o que muitas vezes não tem lógica, o que escapa e desafia a própria razão.
Poucos sabem que a âncora é um dos primeiros símbolos do cristianismo. Segundo o autor da carta aos Hebreus, a esperança é a âncora da alma: "E assim nós que encontramos segurança nele, nos sentimos bastante encorajados a nos mantermos firmes na esperança que nos foi dada. Temos essa esperança como âncora em nossos corações. Ela é firme e segura e vai até o Santíssimo lugar, que fica atrás da cortina do céu. Foi lá que Jesus entrou, antes de nós para o nosso bem"(Hb 6.18-20) BLH.