quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cartas Pastorais (l e 2 Timóteo; Tito)

Ao examinar as cartas de Paulo já estudadas, e compará-las com as que restam, surge a idéia de que o apóstolo esteve preso pelo menos em duas ocasiões diferentes. Se da primeira vez Paulo esteve em casa alugada, na segunda parece não ter tido o mesmo privilégio. A tradição diz que esteve na prisão Mamertina, em Roma. Na primeira vez há esperança de libertação (veja Fm 1.22); na segunda, esperança de morte (2 Tm 4.6). Na primeira prisão está cercado de amigos (Cl 4.9-14); na segunda, está só (2 Tm 4.10,11). As cartas que se relacionam com a primeira prisão são de conteúdo teológico; as da segunda são de conteúdo pastoral.
Essa disposição provável que aí está desperta o problema: que teria feito o apóstolo nesse intervalo? Teria ido à Espanha, conforme seus planos (Rm 15.24)? A sugestão que em geral se faz é que tenha visitado Creta, Corinto e tocando a Ásia Menor, voltou pela Macedônia, passando o inverno em Nicópolis, no Ilírico. Tito 1.5 fala-nos de Creta; Tito 3.12 fala-nos de Nicópolis; l Timóteo 1.3 fala-nos de Éfeso e também da Macedônia. Teriam essas cartas sido escritas nessa fase final de sua vida? Se não, como há igrejas nas condições referidas? Como seus auxiliares têm experiência pressuposta nas cartas? Como imaginar que Paulo as tivesse escrito em época anterior, se nelas se reflete o fruto da sua experiência pessoal e a amplitude da obra missionária, através da equipe de auxiliares e a localização das igrejas por toda parte? Supondo, pois, que Paulo, após sua primeira prisão tenha feito o itinerário referido, e que como resultado desse itinerário tenha escrito as cartas pastorais, diríamos que a ordem é Primeira a Timóteo, escrita da Macedônia (ver l Tm 1.3); Tito, escrita de Nicópolis, no Ilírico (ver Tt 3.12) e finalmente Segunda a Timóteo, escrita em Roma, na segunda prisão (ver 2 Tm 4.6-18).
Um mapa ilustra a lição, no qual, além do itinerário, procuramos retratar a distribuição das referências e dos obreiros.




Primeira a Timóteo
Escrita da Macedônia, depois da visita a Éfeso, onde deixara Timóteo, para enfrentar sérios problemas de ensinos falsos surgidos no seio da Igreja (l Tm 1.3,4), Paulo invoca inicialmente sua experiência (vv. 12-20). É esta como uma espécie de escudo para as lições que vai dar ao jovem pastor. O ensino correto leva a atitudes acertadas. Desse modo, é necessário estabelecer o governo constituído, com a escolha criteriosa de oficiais que hão de secundar a ação pastoral (3.1-13). Assim se resolvem os vários problemas que agitam a igreja (caps. 5 e 6). Dá uma orientação para cada um deles: viúvas, heresias, escravos, riquezas, disputas. Termina com uma exortação.

Epístola a Tito
Escrita de Nicópolis (3.12), onde o apóstolo decidira passar o inverno, trata essa carta de assuntos semelhantes aos da carta anterior. Trata do estabelecimento de presbitérios e da dificuldade de se alcançar uma boa conduta cristã, no meio dos cretenses, que são tão viciados. Contudo, confia o apóstolo em que a experiência de uma regeneração real venha trazer solução dos problemas. Termina com informações pessoais.

Segunda a Timóteo
Não há maneira de se afirmar com certeza que as duas cartas anteriores tenham sido escritas no intervalo das duas prisões. No entanto, é evidente que Paulo estava em liberdade. Esperava ir ver a Timóteo (l Tm 3.14,15), e fazia planos para passar o inverno em Nicópolis (Tt 3.12). Filemom 1.22 indica que Paulo fazia planos para viajar a Colossos, para ver seu amigo Filemom. Isto nos leva a concluir que a melhor probabilidade é a indicada; ou seja, que as cartas de l Timóteo foram escritas nesse período da vida do apóstolo.
Quanto a 2 Timóteo, porém, é evidente que foi escrita no final de sua carreira (2 Tm 4.6-18). Estava na prisão e era visitado por Onesífero que era de Éfeso (1.15-18). Vindo de lá, trouxe notícias a respeito dos problemas de Timóteo, que mal sustentado pela igreja, era tentado a deixar o ministério (2.1-7), e tinha de enfrentar falsos mestres que zombavam de sua juventude (l Tm 4.12-16; 2 Tm 2.14,22). Paulo, pois, apresenta Cristo, como alvo da devoção e incita Timóteo a se opor às heresias, tendo cuidado de não acompanhar falsos mestres. É sabido que esses se multiplicavam. Sabemos os nomes de alguns daquela época: Himeneu, Fileto, Alexandre, (2 Tm 2.17; 4.14). Quanto ao mais, o apóstolo, abandonado por alguns, tendo enviado outros aos campos, aguarda a vinda de Timóteo, que deve passar por Trôade e trazer a capa e os pergaminhos. Aquela, porque o inverno se aproxima e o pobre prisioneiro não tem outro agasalho; os pergaminhos, porque de certo o apóstolo quer terminar algum escrito. Aguarda o martírio e a coroa (4.6-8).

Caráter dessas Epístolas
Essas cartas são chamadas pastorais, e com razão. Não só pelas circunstâncias que acabamos de descrever, como também pelo conteúdo que tentamos comparar e resumir no quadro sinótico.

Se a primeira carta a Timóteo focaliza a Igreja e o ministério, a carta a Tito prossegue a análise do primeiro assunto e a segunda Timóteo, do segundo. O quadro bem demonstra como a carta a Tito é uma espécie de continuação da Primeira a Timóteo, em sua primeira parte. O mesmo ocorre com a Segunda a Timóteo em relação à 2.ª parte. A obra da Igreja e o caráter do ministério são os temas pastorais no declínio da vida terrena do grande apóstolo.
No mais, cabe ao estudante comparar o esquema com os textos bíblicos correspondentes.

Segunda Parte: Cartas aos Hebreus (Hebreus)
Terminado o estudo de Atos e Epístolas Paulinas, conforme o plano proposto, passamos agora a considerar as cartas gerais. Dada a importância e riqueza de informações da carta aos Hebreus temos de considerar esta em separado.
Não vamos discutir sua autoria, pois não está dentro de nosso plano gastar tempo com discussões que não vão trazer resultado positivo, para que o aluno chegue a "conhecer a sua Bíblia". Assim passamos imediatamente à consideração do plano da epístola, conforme o esquema que damos em anexo.
Temos dividido o conteúdo da carta em três partes: uma comparação de testamentos, uma comparação de sacerdócio e uma comparação de perspectivas ou aplicações. O comentário a respeito dessa visão de conjunto fica mais proveitoso no final de nossa lição.

Uma Comparação de Testamentos
Agora vamos tratar só da primeira parte, que é uma comparação de testamentos, o da Lei e o de Cristo. A parte a ser considerada são os capítulos l ao 17.
A análise dos sete primeiros capítulos de Hebreus mostra-nos uma série crescente na delimitação do assunto rumo ao alvo que o autor tem em vista, que é apresentar a Cristo como substituto de todas as ordenanças antigas. O quadro que faz a apresentação dessa parte quase que se explica a si mesmo. Cristo é apresentado como o melhor. As colunas diferentes mostram as restrições crescentes do autor. Note-se, por um lado, que cada uma delas faz uma comparação e resulta numa advertência. Por outro lado, cada uma delas se prende à anterior e não é senão o desdobramento da idéia previamente exposta.
A partir da idéia geral da revelação (1.1-4), com que inicia sua epístola, o autor fixa a atenção em Jesus Cristo, como o Supremo Revelador de Deus. É a distinção trinitária, o Filho que Se encarnou. Só assim pôde identificar-se com os homens e sofrer por eles. Tornou-Se mediador e nisto é melhor do que os anjos. O ministério dos anjos, que são "espíritos ministradores a favor dos que hão de herdar salvação" (v. 14), não alcançou o efeito definitivo de exaltar a humanidade, como fez Cristo através de Sua obra. Ele deu cumprimento à antropologia descrita no Salmo 8 (comparar com Hebreus 2.6,7).
A idéia desenvolvida na segunda coluna começa onde foi deixada a primeira; isto é, na idéia do Mediador, e demonstra que, como Mediador, Jesus é melhor que os líderes antigos. Compare-se as duas Canaãs: terrestre e celestial.
A terceira coluna compara o sacerdócio de Arão com o de Cristo, tipificado pelo de Melquisedeque. Essa comparação é interrompida por uma longa advertência, tal como se apresenta na quarta coluna. Há, porém, uma diferença de amplitude entre a terceira e a quinta colunas. Embora tratando de sacerdócio, a terceira faz apenas um contraste de ordem geral, ao passo que a outra parte o faz mais especificamente. E, adiantando matéria, temos que dizer que a outra parte da Epístola aos Hebreus, a ser analisada, vai desdobrar ainda mais a mesma idéia.
O contraste fundamental, como se vê, é entre o caráter transitório das instituições hebréias e o caráter eterno da obra de Jesus. Em síntese, Deus Se encarna em Jesus, faz-Se Mediador, exercendo uma obra sacerdotal de conseqüências eternas. O próprio autor faz esta síntese: "...o essencial das cousas que temos dito, é que possuímos tal sumo sacerdote..." (8.1).

Uma Comparação de Sacerdócios
A segunda parte da Epístola aos Hebreus vai de 8.1 a 10.18. Nesta passagem o escritor faz uma comparação de sacerdócios. O autor encaminha o assunto, como tivemos oportunidade de ver, até o ponto de concluir que "temos um sumo sacerdote".
Lembremo-nos do estudo feito do livro de Levítico. Será bom mesmo voltar às gravuras do tabernáculo e do templo (volume 1 e 3) para fixar, de novo, a grande realidade da vida religiosa de Israel, da qual o tabernáculo era centro. Ali o sacerdote entrava para levar a efeito o sacrifício, dentro de certos requisitos, e obter a purificação de pecados. Ora, o autor da carta aos Hebreus tinha tudo isso em mente, quando se pôs, como judeu cristão, a exaltar o caráter da obra expiatória de Jesus.
Examinemos, pois, o quadro em que sintetizamos essa parte da epístola.
O quadro é claro, e até certo ponto se explica a si mesmo. Considerem-se a sucessão dos títulos: O sacerdote entra no tabernáculo para oferecer o sacrifício e assim obter a purificação.
Quanto ao sacerdote, o contraste é entre as ofertas exteriores e terrestres que os sacerdotes levíticos ofereciam; Cristo, porém, nos céus oferece dons que operam interiormente.
Quanto ao tabernáculo, confirmando a idéia anterior, o autor diz que era constituído de elementos materiais: mesa, candelabro, etc. (9.2-5); ao passo que o tabernáculo em que Jesus entrou é "não feito por mãos" (v. 11).
Quanto ao sacrifício, o contraste é duplo: o sacrifício levítico tinha de ser múltiplo (v. 25), o de Cristo é único (v. 26). Por outro lado, o levítico era de animais (v. 12); o de Cristo é de Si mesmo (v. 14). Está pressuposto o contraste, sempre repetido de que tudo no sacerdócio levítico é transitório, ao passo que no sacerdócio de Jesus Cristo é eterno.
Quanto à purificação, isto é, ao resultado do sacrifício feito, a verdade é que a purificação levítica era apenas símbolo da de Cristo. Ela, em última instância, não purificava nada. Por isso tinha de ser repetida. Cristo, ao contrário, "...com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados." (10.14).

Uma Comparação de Perspectivas
À terceira parte da epístola (10.19-13.19) chamamos uma comparação de perspectivas.
Como se pode ver o quadro resumo toma apenas algumas expressões que, de certo modo, caracterizam os capítulos finais da carta. A semelhança de outras, como a carta aos Romanos, depois de uma exposição dogmática, há uma aplicação prática para a vida diária. A tríplice perspectiva apontada – futuro, passado, presente – é curiosa. As expressões se derivam da posição definida anteriormente. Temos um sumo sacerdote que efetivamente nos redime. Quanto ao futuro, tenhamos segurança. Quanto ao passado, sintamos a força do testemunho dos que foram fiéis. Levando a sério a redenção que há em Cristo, prossigamos com atitudes definidas. A tríplice perspectiva se centraliza em Cristo. "Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre." (1,3.8).

Um comentário:

Anônimo disse...

Tem um livro do autor Marcos Tadeu Cardoso intitulado de A VERDADEIRA FACE DOS LIDERES RELIGIOSOS, ele fala e desmascara o Bispo Edir Macedo e profeta William M. Branham. O autor desmascara e fala da corrupção e da manipulação dos fiéis, ele está disponibilizado gratuitamente no 4shared.
O web site dele é
http://www.marcostadeucardoso.blogspot.com