1 Reis 19
A Bíblia em Hb 11 onde relata uma
grande galeria de heróis da fé. O nome de
Elias está implícito em 11.32. Elias significa Jeová é Deus. Um nome muito sugestivo.
Que ao ser mencionado deveria produzir confiança. Não somente o nome
evidenciava o poder de Deus, mas também Elias presenciava dia a dia o poder
sobrenatural de Deus. Havia orado e por três anos e seis meses não choveu sobre
a terra, foi sustentado por corvos.
A fome era intensa em Israel e por orientação divina foi
até a casa de uma viúva e ali multiplicou o azeite e a farinha para que tivessem mantimento por muitos dias.
O filho da viuva adoeceu e Elias orando a criança ressuscitou. Foi ele quem
começou a orar, rogando ao Senhor que não chovesse sobre Israel, até que
houvesse arrependimento no meio do povo de Deus (1 Rs 17:1).
Durante três
anos e seis meses, de fato, não choveu em Israel. Nesse
período, Deus instrui Elias a ir até Acabe, a fim de que se reunissem todos os
profetas, cuja malignidade idolátrica influenciava o povo. Eram ao todo 450
profetas, que a pedido de Elias deveriam encontrar-se no Monte Carmelo, do lado
da orla marítima de Israel.
Lá se
encontraram. Elias os desafiou, dizendo-lhes que o deus que fosse Deus haveria
de ouvi-los, respondendo à petição por fogo: “Então, invocai
o nome de vosso deus, e eu invocarei o nome do SENHOR; e há de ser que o deus
que responder por fogo esse é que é Deus” (1 Rs 18:24).
Os profetas de
Baal e do poste-ídolo invocaram seu deus, suplicando-lhe que uma resposta de
fogo lhes fosse dada, caindo do céu fogo a fim de consumir o que lhe estava
sendo ofertado. Oraram durante todo o dia, e não veio fogo nem voz alguma. Após terem
cessado suas petições, Elias levantou o altar de Deus que estava em ruínas, e o
molhou abundantemente, para tornar claro que o que cairia do céu para consumir
a oferta era fogo do Senhor. Feito isto, orou:
“Ó SENHOR, Deus
de Abraão, de Isaque e de Israel, fique hoje sabido que tu és Deus em Israel, e
que eu sou teu servo, e que segundo a tua palavra fiz todas estas coisas.
Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo saiba que tu, SENHOR, és
Deus, e que a ti fizeste retroceder o coração deles” (1 Rs 18:36,37).
A Bíblia nos diz
que, tendo ele acabado de orar, caiu fogo do céu: “Então caiu fogo do Senhor, e
consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água
que estava no rego” (1 Rs 18:38).
Elias, depois
disto, matou os profetas de Baal e subiu ao monte para orar, pedindo ao Senhor
que mandasse chuva, pois tudo estava minguando. Instruiu então seu servo a
olhar na direção do mar, para ver se havia alguma nuvem que prenunciasse
chuva. Ele foi, e voltou dizendo: “Não, não há nada.”
“Volta outra vez, e toma a verificar” — disse
Elias.
O rapaz ia, não
via nada, e voltava. Elias repetia a instrução. E assim fez por sete vezes. Na
sétima vez ele viu uma coisa estranha: uma nuvem pequena como a palma da mão
aparecia no horizonte. Ao contar a Elias o que vira, este lhe disse:
“Sobe, e dize a
Acabe: Aparelha o teu carro, e desce, para que a chuva não te detenha” (1 Rs
18:44).
Fez o moço
conforme Elias instruíra. Diz-nos a Bíblia que a mão do Senhor veio sobre
Elias, de modo que ele desceu correndo o Monte Carmelo, passando pela caravana
de Acabe, até Jezreel, num percurso de pelo menos 25km. Orou para que chovesse novamente, e a
chuva começou a se formar. Advertiu a Acabe que as chuvas desde a muito
esperadas logo teriam início. Acabe cobriu apressadamente em seu
carro real os 24 Km
de trajeto até Jezreel, mas Elias capacitado por Deus correu chegando na frente
dele demonstrando grande vigor.
Elias era um
homem de uma energia física impressionante. Em 1 Reis 18:42, ele está no Monte
Carmelo. Já no v. 46 desse mesmo capítulo, diz-se que ele saiu de onde estava e
correu até Jezreel, que distava dali aproximidade 25 km .
Depois, foi até Berseba (1 Rs 19:3), distante 160km, indo em seguida para o
Monte Horebe (1 Rs 19:8), que ficava a 300km, perfazendo um total de 485km.
Chegando ao
palácio, Acabe fez saber a Jezabel, sua esposa, tudo quanto Elias fizera aos
profetas de Baal, que eram protegidos pela rainha. Então ela, uma mulher
maligna e idólatra, mandou dizer a Elias: “Façam-me os
deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como
fizeste a cada um deles” (IRs 19:2).
Elias, quando
recebeu a mensagem, temendo, em pânico, fugiu para Berseba, deixando seu moço
naquela cidade, e rumando logo em seguida para o deserto, sob um sol
causticante, pedindo ao Senhor a própria morte. Tiago nos lembra que Elias era um homem como nós, sujeito
as mesmas paixões e fraquezas. Há momentos em que somos corajosos, em outros
somos covardes. De atos heróicos passamos para atos de fuga. De ousados nos
tornamos em temerosos.
Podemos nos identificar nesta hora com Elias, verificando
que a nossa vida é cheia de autos e baixos. Pois existem certos momentos da
nossa existência que procuramos nos esconder numa caverna.
Um Homem na Caverna
1. O que leva um homem para a caverna? (DEPRESSÃO)
1.1 O medo do inimigo. Temendo pois Elias,...” (v.3) O que é que transforma um herói da fé em um covarde? O v.
3 diz que Elias teve medo de Jezabel.
É incrível como um homem que tinha tido as experiências
que Elias teve viesse a se intimidar por algo tão pequeno, em proporção aos
desafios que já tinha vencido.
A ameaça pode ser a possibilidade de falência, o término
de um namoro, a perda do vestibular, a intriga de um vizinho, uma enfermidade
e, até mesmo, um trabalho de macumba feito contra você.
Esta ameaça desencadeou no profeta uma seqüência
inevitável de atitudes depressivas. Normalmente, sempre que nos vemos ameaçados
por qualquer coisa, assumimos as mesmas atitudes.
1.2 Preocupação com a própria vida. “Temendo pois Elias, levantou-se
para salvar a sua própria vida” (v.3)
Ao receber a
palavra de Jezabel de que logo seria morto, a primeira coisa que Elias fez foi
levantar-se, cheio de temor, e fugir a
fim de salvar a vida:
Sempre que nos
vemos ameaçados de alguma maneira, a primeira reação é uma imensa preocupação com a sobrevivência material. Quando
isto acontece, voltamos o olhar para nós, numa espécie de autodescobrimento,
como se temêssemos perder-nos a nós mesmos.
A atitude de Elias foi “Salve-se quem puder”. No momento
de perigo e quando o medo toma conta da nossa vida geralmente a nossa atitude é
essa. (Tia Jane)
1.3 O abandono da comunhão. Elias foi
até Berseba, e ali deixou seu moço, como está dito no v. 3: e chegou a Berseba,
que pertence a Judá; e ali deixou seu moço” (1 Rs 19:3).
Esta é a
conseqüência imediata na vida de qualquer homem ou mulher que se sente
ameaçado: o abandono da comunhão, dos
relacionamentos. E como se nos sentíssemos intimidados, voltando-nos então
para dentro, preocupados com nós mesmos, distanciando-nos, enfim, das demais
pessoas, com as quais já não conseguimos manter diálogo, a tal ponto nos tornamos
encaramujados.
Na verdade não há
mais possibilidade de relacionamentos interpessoais. Abandonamos nossos amigos
e os que faziam parte do nosso mundo, até mesmo os queridos, porque a
preocupação e a ameaça nos consomem o tempo e a possibilidade de viver para
outros, só nos dedicando a refletir sobre as ameaças que pairam sobre a nossa
cabeça.
Num momento tão delicado como este na vida do profeta,
sua atitude foi a de afastar-se da comunhão de seu colega de lutas. A depressão
afasta a pessoa dos irmãos, dos amigos. O afastamento, por sua vez, pode
produzir mais depressão. O Sl 133 nos diz que a comunhão produz benção e vida.
1.4 O desespero da vida. “ele mesmo, porém foi para o deserto (...) e pediu para si a morte”
(v.4)
Elias foi acometido por um profundo
desinteresse pela vida: “...e pediu
para si a morte, e disse: Basta; toma agora, o SENHOR, a minha alma, pois não
sou melhor do que meus pais” (1 Rs 19:4).
Observe-se que
há um paradoxo em toda esta situação. Ele sente-se ameaçado, olha para dentro
de si, preocupa-se com sua sobrevivência material, mas no fim de tudo
desinteressa-se da própria vida — o que constitui um paradoxo.
Por que as
pessoas se matam? A falência da firma, ou o abandono do marido; a perda do
emprego, ou uma doença; enfim, qualquer ameaça que sobrevenha faz com que se
preocupem consigo mesmas. Mas o estado de calamidade em que se encontram vai
gerando outros desdobramentos, os quais tiram delas o desejo de continuar
vivendo. A ameaça, no início, leva o homem a preocupar-se consigo, mas no fim
faz com que perca todo interesse pela existência.
Meu pai foi
muito próspero na vida, um médico muito conhecido, dono de um hospital. Mas as
coisas começaram a sair erradas, e ele teve que vender seu hospital.
Ele entrou
nesses mesmos procedimentos depressivos adotados por Elias: preocupou-se em
primeiro lugar com sua sobrevivência; logo em seguida abandonou os
relacionamentos familiares mais triviais, como o diálogo, caindo numa
introspecção letal; depois, uma motivação negativa tomou conta do seu coração,
fazendo-o descrer de qualquer possibilidade de restauração do seu negócio,
culminando num desejo profundo de não mais viver.
Elias experimentou tudo isto. Ele
era um homem de Deus, mas procurou até mesmo fugir de sua presença. Isto é uma
contradição entre a teologia e a prática. Ou seja, teoricamente ele cria no
Senhor, mas vivia, naquele momento, como os profetas de Baal: triste,
melancólico e amargurado.
Quando a vida perde o sabor, perde o sentido, sempre que
nos preocupamos de maneira excessiva com a nossa sobrevivência, quase sempre
acabamos perdendo o interesse pela vida.
Sentiu-se perseguido e ficou cheio de auto-piedade.
Somente via as sombras inimigas e as ameaças não lhe saiam da memória. Entrou
em uma crise de depressão profunda. No seu desespero pede morte, oração que não é lícita.
1.5 Motivação negativa. Elias encheu-se
de uma terrível motivação negativa: “Ele
mesmo porém se foi ao deserto” (1 Rs 19:4).
Note-se que
Elias não fora impelido, enviado para lá. Pelo contrário: em razão de uma
manifestação depressiva e uma tremenda motivação negativa que lhe cercava a
alma, dirigiu-se para o deserto.
Quando nos
sentimos ameaçados, preocupamo-nos com nós mesmos, depois rompemos com os
relacionamentos à volta, e nos enchemos de uma motivação negativa, procurando
todo tipo de afastamento e alienação de qualquer relação interpessoal que um
dia tenhamos mantido.
“Pois não sou melhor do
que meus pais” (v.4)
1.6 Sentimento de solidão. V.10 e 14 Primeiro abandona o seu
companheiro. Ao ser questionado por Deus, por duas vezes Elias respondeu
que sentia solidão. Um sentimento de
autopiedade tomou conta de Elias. Se sentia um coitado perseguido, por isto foi
à caverna.
2. O que tira um homem da caverna? (DEPRESSÃO)
2.1 Sair da caverna e colocar-se na
presença do Senhor. Disse-lhe Deus: Sai, e põe-te neste
monte perante o Senhor v. 11 Esta é a palavra de Deus. Não há mistério;
tampouco estudo nenhum do mundo psicológico humano. O que há é tão-somente uma
palavra: “Sai.”
A palavra de
Deus para Elias é hoje a mesma dirigida a todos aqueles que se encontram na
caverna, deprimidos, amargurados, sentindo-se ameaçados pelas circunstâncias da
vida:
Parece que é mais fácil e comum nos escondermos num
quarto escuro, afogando as magoas no travesseiro do que se colocar na presença
do Senhor quando enfrentamos tribulação. O primeiro passo é sair da caverna.
Hoje o Senhor lhe diz: Saia da caverna.
2.2 Discernir o modo de Deus agir em nossas vidas. v. 11-12
Elias saiu
da caverna e chegou ao lugar sagrado onde Moisés havia recebido a lei. A
semelhança de Moisés, ali Elias passou por experiências poderosas. Deus
aproximou-se, e a aparição produziu um vento aterrorizante que rasgou os montes
e quebrou em pedaços as rochas.
No entanto, Deus
não estava no vento, embora o tivesse
causado. E, então, de súbito, um terremoto atingiu a área. Aquilo que o vento
não despedaçara, o terremoto destruiu. Foi uma manifestação aterrorizante; mas
Deus também não estava no terremoto, embora o tivesse causado.
Um grande
incêndio seguiu-se ao terremoto. Foi aterrorizante, mas Deus também não estava
no fogo, embora o tivesse causado.
A seguir, um
cicio tranqüilo e suave. O hebraico
diz, literalmente, um som de gentil silêncio” (cf. Jó 4.16). O silêncio tinha
algo para dizer. O vento, o terremoto e o fogo foram os precursores da presença
divina.
A presença
divina não podia ser encontrada no grande ruído e no despedaçar das rochas.
Também não estava no estremecimento do solo. Mas estava naquele silêncio.
Furacão terremoto, fogo que manifestaram em Ex 19 a presença de Deus, são
sinais precursores de sua passagem. “O
Senhor tem seu caminho na tormenta e na tempestade”. (Na 1.3)
O murmúrio de um vento tranqüilo simboliza a intimidade
do seu trato com seus servos, mas não suavidade de sua ação com os inimigos do
seu povo. Os v. 15-17 provam a veracidade desta afirmação
2.3 Seguir o
caminho indicado por Deus. “Disse-lhe o Senhor: Vai, volta ao teu
caminho para o Deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a
Síria.” (v.15)
Na comunhão e no discernimento de Deus agir em nossas
vidas vem a direção de Senhor para a nossa vida. Volta ao teu caminho. Retoma o
que tens para fazer.
2.3 Crer que Deus é quem conserva o seu povo. “Também conservei em Israel sete mil; todos os joelhos que não se
dobraram a Baal...” (v.18)
3. Porque viver fora da caverna? (DEPRESSÃO)
3.1 Deus não nos planejou para a depressão ou
desânimo. Foi por esta
razão que o Senhor lhe perguntou: “Que fazes aqui, Elias?” (1 Rs 19:9)
Elias entrou em uma caverna. “Que fazes aqui Elias? “
Virou avestruz? Escondeu a cabeça num buraco?
O profeta estava no lugar errado.
Deus na verdade
enviara Elias ao Monte Horebe, mas não o impelira para dentro de nenhuma
caverna. Ele argumenta com Elias: “Eu não planejei a caverna para você, Elias,
e sim o monte; idealizei para você luz, não trevas.”
Deus não nos
criou para vivermos sob opressão e depressão. A palavra nos diz que somos mais do que vencedores. Jos. 1.5 “Ninguém te poderá resistir todos
os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo: Não te deixarei
nem te desampararei.”
3.2 Nossa vocação é para sermos elementos de unção nas
vidas das pessoas. Deus quer que saibamos que nossa presença na vida é para que sejamos
fatores de bênção e unção para outras vidas:
“Disse-lhe o
SENHOR: Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá,
unge a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre
Israel, e também Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu
lugar” (1 Rs 19:15,16).
(...)Eliseu recebeu porção dobrada do
Espírito, E Elias é elevado ao céu. II Rs 2.9-14
Deus nos
chamou para que sejamos abençoadores de outras vidas. Não adianta crer em
Deus, se vivemos oprimidos e deprimidos.
3.3 Em terceiro lugar, Deus quer que saibamos: ele está sobre nossos adversários. Foi ele mesmo quem nomeou os reis que deveriam
destruir Jezabel, inimiga de El ias:
“Quem escapar à
espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à espada de Jeú, Eliseu o matará”
(1 Rs 19:17).
Deus disse a
Elias, em outras palavras: “Confia em mim, Elias. Aquela que o ameaça já está
com os dias contados.”
Há pessoas que
estão vivendo sob opressão e depressão. Mas Deus nos convida a sair da caverna,
a abrir-nos para uma vida de confiança nele, sejam quais forem as
circunstâncias adversas que nos sobrevenham.
A expressão “não temas” ocorre 365 vezes na Bíblia, o que
equivale dizer “uma para cada dia do ano.”
Portanto, saiamos das sombras e
caminhemos no caminho da luz, rumo à felicidade, no nome de Jesus.