quinta-feira, 29 de março de 2012

SUPERANDO A DEPRESSÃO ( Um homem na caverna) 1 Rs 19.1-18


 “Buraco”, “fundo do poço”, “fim do túnel” são expressões que diariamente são ouvidas em referência ao estado depressivo. Doença de causas variadas, que podem ser emocionais e físicas, tem sintomas bastante nocivos para a vida e alma do acometido por essa enfermidade, tais como cansaço, desânimo para a vida, desejo de fuga da realidade.



1 Reis 19


A Bíblia em Hb 11 onde relata uma grande galeria de heróis da fé. O nome de  Elias está implícito  em 11.32. Elias significa Jeová é Deus. Um nome muito sugestivo. Que ao ser mencionado deveria produzir confiança. Não somente o nome evidenciava o poder de Deus, mas também Elias presenciava dia a dia o poder sobrenatural de Deus. Havia orado e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra, foi sustentado por corvos.

A fome era intensa em Israel e por orientação divina foi até a casa de uma viúva e ali multiplicou o azeite e a farinha  para que tivessem mantimento por muitos dias. O filho da viuva adoeceu e Elias orando a criança ressuscitou. Foi ele quem começou a orar, rogando ao Senhor que não chovesse sobre Israel, até que houvesse arrependimento no meio do povo de Deus (1 Rs 17:1).

Durante três anos e seis meses, de fato, não choveu em Israel. Nesse período, Deus instrui Elias a ir até Acabe, a fim de que se reunissem todos os profetas, cuja malignidade idolátrica influenciava o povo. Eram ao todo 450 profetas, que a pedido de Elias deveriam encontrar-se no Monte Carmelo, do lado da orla marítima de Israel.

Lá se encontraram. Elias os desafiou, dizendo-lhes que o deus que fosse Deus haveria de ouvi-los, respondendo à peti­ção por fogo: “Então, invocai o nome de vosso deus, e eu invocarei o nome do SENHOR; e há de ser que o deus que responder por fogo esse é que é Deus” (1 Rs 18:24).

Os profetas de Baal e do poste-ídolo invocaram seu deus, suplicando-lhe que uma resposta de fogo lhes fosse dada, cain­do do céu fogo a fim de consumir o que lhe estava sendo ofertado. Oraram durante todo o dia, e não  veio fogo nem voz alguma. Após terem cessado suas petições, Elias levantou o altar de Deus que estava em ruínas, e o molhou abundante­mente, para tornar claro que o que cairia do céu para consumir a oferta era fogo do Senhor. Feito isto, orou:

“Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique hoje sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo, e que segundo a tua palavra fiz todas estas coisas. Responde-me, SENHOR, responde-me, para que este povo saiba que tu, SENHOR, és Deus, e que a ti fizeste retroceder o coração deles” (1 Rs 18:36,37).

A Bíblia nos diz que, tendo ele acabado de orar, caiu fogo do céu: “Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego” (1 Rs 18:38).

Elias, depois disto, matou os profetas de Baal e subiu ao monte para orar, pedindo ao Senhor que mandasse chuva, pois tudo estava minguando. Instruiu então seu servo a olhar na direção do mar, para ver se havia alguma nuvem que prenunci­asse chuva. Ele foi, e voltou dizendo: “Não, não há nada.”

 “Volta outra vez, e toma a verificar” — disse Elias.
O rapaz ia, não via nada, e voltava. Elias repetia a instrução. E assim fez por sete vezes. Na sétima vez ele viu uma coisa estranha: uma nuvem pequena como a palma da mão aparecia no horizonte. Ao contar a Elias o que vira, este lhe disse:
“Sobe, e dize a Acabe: Aparelha o teu carro, e desce, para que a chuva não te detenha” (1 Rs 18:44).

Fez o moço conforme Elias instruíra. Diz-nos a Bíblia que a mão do Senhor veio sobre Elias, de modo que ele desceu corren­do o Monte Carmelo, passando pela caravana de Acabe, até Jezreel, num percurso de pelo menos 25km. Orou para que chovesse novamente, e a chuva começou a se formar. Advertiu a Acabe que as chuvas desde a muito esperadas logo teriam início. Acabe cobriu apressadamente em seu carro real os 24 Km de trajeto até Jezreel, mas Elias capacitado por Deus correu chegando na frente dele demonstrando grande vigor.

Elias era um homem de uma energia física impressionante. Em 1 Reis 18:42, ele está no Monte Carmelo. Já no v. 46 desse mesmo capítulo, diz-se que ele saiu de onde estava e correu até Jezreel, que distava dali aproximidade 25 km. Depois, foi até Berseba (1 Rs 19:3), distante 160km, indo em seguida para o Monte Horebe (1 Rs 19:8), que ficava a 300km, perfazendo um total de 485km.

Chegando ao palácio, Acabe fez saber a Jezabel, sua esposa, tudo quanto Elias fizera aos profetas de Baal, que eram protegi­dos pela rainha. Então ela, uma mulher maligna e idólatra, man­dou dizer a Elias: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a es­tas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles” (IRs 19:2).

Elias, quando recebeu a mensagem, temendo, em pânico, fugiu para Berseba, deixando seu moço naquela cidade, e rumando logo em seguida para o deserto, sob um sol causticante, pedindo ao Senhor a própria morte. Tiago nos lembra que Elias era um homem como nós, sujeito as mesmas paixões e fraquezas. Há momentos em que somos corajosos, em outros somos covardes. De atos heróicos passamos para atos de fuga. De ousados nos tornamos em temerosos.

Podemos nos identificar nesta hora com Elias, verificando que a nossa vida é cheia de autos e baixos. Pois existem certos momentos da nossa existência que procuramos nos esconder numa caverna.

Um Homem na Caverna

1. O que leva um homem para a caverna? (DEPRESSÃO)

1.1 O medo do inimigo. Temendo pois Elias,...” (v.3) O que é que transforma um herói da fé em um covarde? O v. 3 diz que Elias teve medo de Jezabel.

É incrível como um homem que tinha tido as experiências que Elias teve viesse a se intimidar por algo tão pequeno, em proporção aos desafios que já tinha vencido.

A ameaça pode ser a possibilidade de falência, o término de um namoro, a perda do vestibular, a intriga de um vizinho, uma enfermidade e, até mesmo, um trabalho de macumba feito contra você.

Esta ameaça desencadeou no profeta uma seqüência inevitável de atitudes depressivas. Normalmente, sempre que nos vemos ameaçados por qualquer coisa, assumimos as mesmas atitudes.

1.2 Preocupação com a própria vida. “Temendo pois Elias, levantou-se  para salvar a sua própria vida” (v.3)

Ao receber a palavra de Jezabel de que logo seria morto, a primeira coisa que Elias fez foi levantar-se, cheio de temor, e fugir a fim de salvar a vida:

Sempre que nos vemos ameaçados de alguma maneira, a primeira reação é uma imensa preocupação com a sobrevivência material. Quando isto acontece, voltamos o olhar para nós, numa espécie de autodescobrimento, como se temêssemos perder-nos a nós mesmos.

A atitude de Elias foi “Salve-se quem puder”. No momento de perigo e quando o medo toma conta da nossa vida geralmente a nossa atitude é essa. (Tia Jane)

1.3 O abandono da comunhão.  Elias foi até Berseba, e ali deixou seu moço, como está dito no v. 3: e chegou a Berseba, que pertence a Judá; e ali deixou seu moço” (1 Rs 19:3).

Esta é a conseqüência imediata na vida de qualquer homem ou mulher que se sente ameaçado: o abandono da co­munhão, dos relacionamentos. E como se nos sentíssemos intimidados, voltando-nos então para dentro, preocupados com nós mesmos, distanciando-nos, enfim, das demais pessoas, com as quais já não conseguimos manter diálogo, a tal ponto nos tor­namos encaramujados.

Na verdade não há mais possibilidade de relacionamentos interpessoais. Abandonamos nossos amigos e os que faziam parte do nosso mundo, até mesmo os queridos, porque a preocupação e a ameaça nos consomem o tempo e a possibilidade de viver para outros, só nos dedicando a refletir sobre as ameaças que pairam sobre a nossa cabeça.

Num momento tão delicado como este na vida do profeta, sua atitude foi a de afastar-se da comunhão de seu colega de lutas. A depressão afasta a pessoa dos irmãos, dos amigos. O afastamento, por sua vez, pode produzir mais depressão. O Sl 133 nos diz que a comunhão produz benção e vida.

1.4 O desespero da vida. “ele mesmo, porém foi para o deserto (...) e pediu para si a morte” (v.4)

Elias foi acometido por um profundo de­sinteresse pela vida: “...e pediu para si a morte, e disse: Basta; toma agora, o SENHOR, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (1 Rs 19:4).

Observe-se que há um paradoxo em toda esta situação. Ele sente-se ameaçado, olha para dentro de si, preocupa-se com sua sobrevivência material, mas no fim de tudo desinteres­sa-se da própria vida — o que constitui um paradoxo.

Por que as pessoas se matam? A falência da firma, ou o abandono do marido; a perda do emprego, ou uma doença; enfim, qualquer ameaça que sobrevenha faz com que se preo­cupem consigo mesmas. Mas o estado de calamidade em que se encontram vai gerando outros desdobramentos, os quais ti­ram delas o desejo de continuar vivendo. A ameaça, no início, leva o homem a preocupar-se consigo, mas no fim faz com que perca todo interesse pela existência.

Meu pai foi muito próspero na vida, um médico muito conhecido, dono de um hospital. Mas as coisas começaram a sair erradas, e ele teve que vender seu hospital.

Ele entrou nesses mesmos pro­cedimentos depressivos adotados por Elias: preocupou-se em primeiro lugar com sua sobrevivência; logo em seguida aban­donou os relacionamentos familiares mais triviais, como o diá­logo, caindo numa introspecção letal; depois, uma motivação negativa tomou conta do seu coração, fazendo-o descrer de qualquer possibilidade de restauração do seu negócio, culmi­nando num desejo profundo de não mais viver.

Elias experimentou tudo isto. Ele era um homem de Deus, mas procurou até mesmo fugir de sua presença. Isto é uma contradição entre a teologia e a prática. Ou seja, teoricamente ele cria no Senhor, mas vivia, naquele momento, como os pro­fetas de Baal: triste, melancólico e amargurado.

Quando a vida perde o sabor, perde o sentido, sempre que nos preocupamos de maneira excessiva com a nossa sobrevivência, quase sempre acabamos perdendo o interesse pela vida.

Sentiu-se perseguido e ficou cheio de auto-piedade. Somente via as sombras inimigas e as ameaças não lhe saiam da memória. Entrou em uma crise de depressão profunda. No seu desespero pede  morte, oração que não é lícita.

1.5 Motivação negativa. Elias encheu-se de uma terrível motiva­ção negativa: “Ele mesmo porém se foi ao deserto” (1 Rs 19:4).

Note-se que Elias não fora impelido, enviado para lá. Pelo contrário: em razão de uma manifestação depressiva e uma tre­menda motivação negativa que lhe cercava a alma, dirigiu-se para o deserto.

Quando nos sentimos ameaçados, preocupamo-nos com nós mesmos, depois rompemos com os relacionamentos à volta, e nos enchemos de uma motivação negativa, procurando todo tipo de afastamento e alienação de qualquer relação interpessoal que um dia tenhamos mantido.

“Pois não sou melhor do que meus pais” (v.4)

1.6 Sentimento de solidão. V.10 e 14 Primeiro abandona o seu companheiro. Ao ser questionado por Deus, por duas vezes Elias respondeu que  sentia solidão. Um sentimento de autopiedade tomou conta de Elias. Se sentia um coitado perseguido, por isto foi à caverna.

2. O que tira um homem da caverna? (DEPRESSÃO)

2.1 Sair da caverna e colocar-se na presença do Senhor. Disse-lhe Deus: Sai, e põe-te neste monte perante o Senhor v. 11 Esta é a palavra de Deus. Não há mistério; tampouco estu­do nenhum do mundo psicológico humano. O que há é tão-somente uma palavra: “Sai.”

A palavra de Deus para Elias é hoje a mesma dirigi­da a todos aqueles que se encontram na caverna, deprimidos, amargurados, sentindo-se ameaçados pelas circunstâncias da vida:

Parece que é mais fácil e comum nos escondermos num quarto escuro, afogando as magoas no travesseiro do que se colocar na presença do Senhor quando enfrentamos tribulação. O primeiro passo é sair da caverna. Hoje o Senhor lhe diz: Saia da caverna.

2.2 Discernir o modo de Deus agir em nossas vidas. v. 11-12
Elias saiu da caverna e chegou ao lugar sagrado onde Moisés havia recebido a lei. A semelhança de Moisés, ali Elias passou por experiências poderosas. Deus aproximou-se, e a aparição produziu um vento aterrorizante que rasgou os mon­tes e quebrou em pedaços as rochas.

No entanto, Deus não estava no vento, embora o tivesse causado. E, então, de súbito, um terremoto atingiu a área. Aquilo que o vento não despedaça­ra, o terremoto destruiu. Foi uma manifestação aterrorizante; mas Deus tam­bém não estava no terremoto, embora o tivesse causado.

Um grande incêndio seguiu-se ao terremoto. Foi aterrorizante, mas Deus também não estava no fogo, embora o tivesse causado.

A seguir, um cicio tranqüilo e suave. O hebraico diz, literalmente, um som de gentil silêncio” (cf. Jó 4.16). O silêncio tinha algo para dizer. O vento, o terremoto e o fogo foram os precursores da presença divina.

A presença divina não podia ser encontrada no grande ruído e no despedaçar das rochas. Também não estava no estremecimento do solo. Mas estava naquele silêncio.

Furacão terremoto, fogo que manifestaram em Ex 19 a presença de Deus, são sinais precursores de sua passagem. “O Senhor tem seu caminho na tormenta e na tempestade”. (Na 1.3)

O murmúrio de um vento tranqüilo simboliza a intimidade do seu trato com seus servos, mas não suavidade de sua ação com os inimigos do seu povo. Os v. 15-17 provam a veracidade desta afirmação

2.3  Seguir o caminho indicado por Deus. “Disse-lhe o Senhor: Vai, volta ao teu caminho para o Deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria.” (v.15)

Na comunhão e no discernimento de Deus agir em nossas vidas vem a direção de Senhor para a nossa vida. Volta ao teu caminho. Retoma o que tens para fazer.

2.3 Crer que Deus é quem conserva o seu povo. “Também conservei em Israel sete mil; todos os joelhos que não se dobraram a Baal...” (v.18)

3. Porque viver fora da caverna? (DEPRESSÃO)

3.1 Deus não nos planejou para a depressão ou desânimo.  Foi por esta razão que o Senhor lhe perguntou: “Que fazes aqui, Elias?” (1 Rs 19:9)

Elias entrou em uma caverna. “Que fazes aqui Elias? “ Virou avestruz? Escondeu a cabeça num buraco?  O profeta estava no lugar errado. 

Deus na verdade enviara Elias ao Monte Horebe, mas não o impelira para dentro de nenhuma caverna. Ele argumenta com Elias: “Eu não planejei a caverna para você, Elias, e sim o monte; idealizei para você luz, não trevas.”

Deus não nos criou para vivermos sob opressão e depressão. A palavra nos diz que somos mais do que vencedores. Jos. 1.5 “Ninguém te poderá resistir todos os dias da tua vida; como fui com Moisés, assim serei contigo: Não te deixarei nem te desampararei.”

3.2 Nossa vocação é para sermos elementos de unção nas vidas das pessoas.   Deus quer que saibamos que nossa pre­sença na vida é para que sejamos fatores de bênção e unção para outras vidas:

“Disse-lhe o SENHOR: Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel, e também Eliseu, filho de Safate de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar” (1 Rs 19:15,16).

(...)Eliseu recebeu porção dobrada do Espírito, E Elias é elevado ao céu. II Rs 2.9-14

Deus nos chamou para que sejamos abençoadores de ou­tras vidas. Não adianta crer em Deus, se vivemos oprimidos e deprimidos.

3.3 Em terceiro lugar, Deus quer que saibamos: ele está sobre nossos adversários. Foi ele mesmo quem nomeou os reis que deveriam destruir Jezabel, inimiga de El ias:

“Quem escapar à espada de Hazael, Jeú o matará; quem escapar à espada de Jeú, Eliseu o matará” (1 Rs 19:17).

Deus disse a Elias, em outras palavras: “Confia em mim, Elias. Aquela que o ameaça já está com os dias contados.”

Há pessoas que estão vivendo sob opressão e depressão. Mas Deus nos convida a sair da caverna, a abrir-nos para uma vida de confiança nele, sejam quais forem as circunstâncias adversas que nos sobrevenham.

A expressão “não temas” ocorre 365 vezes na Bíblia, o que equivale dizer “uma para cada dia do ano.”  Portanto, saiamos das sombras e caminhemos no caminho da luz, rumo à felicidade, no nome de Jesus.

2 comentários:

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