domingo, 18 de março de 2012

Jó 42.1- 6 - Encontrando com Deus na Tempestade.

Por que o justo sofre? Por que aqueles que andam com Deus sorvem nesta vida o cálice amargo da dor? Por que o justo precisa cruzar desertos escaldantes, atravessar vales escuros e pisar caminhoscobertos de espinhos?  Por que o justo enfrenta pobreza, enfermidade e privações enquanto muitos que blasfemam do nome de Deus parecem viver uma vida folgada, com o corpo sadio e nédio, cercado de riquezas e glórias humanas?
Esse não é um problema simples nem fácil de responder. O sofrimento do justo é um dos temas mais complexos da Bíblia.
Asafe ao ver a prosperidade do ímpio e sentir na carne a dor das provações, abriu seu coração para Deus e disse:
 “Com efeito, inutilmente conservei puro o coração e lavei as mãos na inocência. Pois de contínuo sou afligido e cada manhã, castigado” (Sl 73.13,14). O mesmo Asafe ainda pergunta: “Até quando, ó Deus, o adversário nos afrontará?…” (Sl 74.10).
A grande pergunta que se levanta é: Se Deus é bom, por que há tanto mal no mundo?
 Se Deus nos ama, por que sofremos? Se somos filhos de Deus, por que ele não nos poupa da aflição? Se Jesus Cristo já levou sobre si os nossos pecados e as nossas dores por que ainda padecemos enfermidades? Se nós somos filhos do Rei e herdeiros com Cristo, por que ainda enfrentamos privações financeiras?
Não é simples conjugar o amor de Deus com o sofrimento do justo . Como explicar que Jó sendo o melhor homem do seu tempo sofreu os maiores golpes na sua saúde, na sua família e na sua vida financeira?
vi  muitos tipos de escória humana pelas sarjetas, debaixo de pontes, saqueando latas de lixo nas cidades, crianças morrendo de fome na Etiópia, li sobre os efeitos da bomba de Hiroshima e Nagasaki, vi os carniceiros do holocausto realizando torturas nos judeusmas nunca vi um espetáculo igual ao daquele homem de Uz, cujo nome era Jó.
EXPLICAÇÃO:
era um daqueles homens bem sucedido na vidaEra ele um respeitado juiz na terra, conhecido por sua imparcialidade, integridade e compaixão para com os necessitados. Sempre que entrava num aposento, os jovens da cidade se mostravam cerimoniosos e os velhos se punham de . Em várias ocasiões, Jó recebeu o prêmio de "Homem do Ano" em Uz.
Numa época em que a riqueza era calculada pelo tamanho de sua família, pelo número de suas cabeças de gado, pelo tamanho de seu rebanho, pelo número de empregados que tinha e pelo valor de sua reputação, Jó excedia à todos. Dizia-se que tudo em que tocava se transformava em ouro.
Foi um excelente pai, pois os filhos eram unidos. Mesmo depois de terem casado e saído de casa, faziam tudo em conjunto e as festas de aniversário de cada um eram comemoradas. Também era um homem temente à Deus, sempre intercedendo por seus filhos e sacrificando pelos pecados que porventura tivessem cometidos. Em seu lar, sempre se sentia a comunhão com Deus.
também gozava de boa reputação com Deus. Com muita ternura se referia à ele como um caso único não havendo ninguém igual sobre a face da terra. Até que em um determinado momento da eternidade, Deus estava realizando uma de suas rotineiras reuniões de cúpula no céu. Então Satanás se apresenta, e o próprio Deus faz referência a integridade de Jó.
Num ar de cinismo, o Acusador replica: "Bem ele nasceu em berço de ouro, não é sem razão que lhe obedece. Experimenta tirar tudo dele e verá se não blasfema na sua face." Deus topa aquela aposta e diz: "Pode destruir tudo o que eu dei à ele, mas não toque no corpo e na saúde de Jó."
De repente o vendaval começou na vida de Jó. Num daqueles dias que a gente menos espera, recebeu a notícia de que um grupo de bandoleiros havia levado seu gado e matado seus servos. No mesmo instante aparece outro de seus empregados e comunica que um raio caiu do céu e suas sete mil ovelhas tinham sido mortas, bem como todos os seus pastores. Veio outro e disse, olha por coincidência aconteceu o mesmo com seus camelos foram roubados e seus empregados mortos ao fio da espada.
De repente aquele homem rico ficou pobre. Suas ações da bolsa cairam de preço, a emprêsa faliu e perdeu o crédito com seus credores. Mas inesperadamente a tragédia se abate de novo. Surgiu um outro mensageiro trazendo a pior notícia que um pai pode ouvir: "Seus filhos morreram. Todos eles. Estavam comemorando o aniversário de um deles, quando houve um vendaval. A casa desmoronou e todos morreram"
É profundamente doloroso perder alguém que amamos, agora multiplicar essa perda por dez, e ser obrigado a ver o caixão de todos os filhos de uma vez é algo que ultrapassa a nossa compreensão. De repente não havia mais futuro, cessaram todos os planos, somente as lembrança do passado, no momento em que via, com grande dor, seus filhos, um a um serem lentamente colocados no túmulo, desaparecendo de sua vista.
Masainda conseguiu adorar a Deus: "Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do senhor" 1.21. E a Bíblia diz que em tudo issonão pecou contra o Senhor.
Mas, Satanás que perdera a aposta se aproximou do trono de Deus, ouvindo palavras de orgulho e satisfação a respeito de Jó. No entanto disse: "Quero  uma revanche. Pois cada um cuida da sua própria pele, não importa perder tudo desde que tenha saúde, toca no corpo dele e verá se não blasfema tirando essa máscara de santidade." Novamente Deus topou: "Faça o que quiser, mas não tira a vida dele."
O novo sofrimento começou com uma coceira depois de uma noite insone. Logo manchas avermelhadas e dolorosas se espalharam pelo corpo,  e afinal chegaram a ser uma ferida , que ia do alto da cabeça à planta dos pés.
As pernas incharam, os ossos doíam, o cabelo caiu, a voz ficou rouca, respirava com dificuldade.  A pele se transformou numa crosta grossa, e das feridas escorria pus. Colocava crostas de terra sobre as feridas purulentas. Vermes caminhavam pelo seu corpo. Seu hálito era malcheiroso. A dor era tão intensa que era obrigado a morder a própria pele para abrir as bolhas. Sua carne apodrecia sob suas vistas.
Por causa da doença contagiosa, Jó saiu da cidade para sentar-se nas cinzas no depósito de lixo local, tomando um caco para com ele raspar-se. Para piorar a situação recebeu três amigos, que foram péssimos conselheiros.
A princípio ficaram penalizados e chocados com a situação de Jó que choraram, rasgaram suas roupas, atiraram cinzas sobre a cabeça e ficaram sete dias em silêncio ao lado de Jó.
Mas afinalnão conseguiu mais ficar em silêncio, sua paciência acabou e disse: "Porque não morri quando nasci? Por que minha mão não sofreu um aborto? Porque não morro agora? Maldito o dia em que nasci. Se ao menos eu pudesse gozar a paz do túmulo. Por que Deus faz isso comigo?
Após ouvirem os queixumes de Jó, sabiam dizer: "Você pecou e Deus está castigando você. Seus pecados são intermináveis." Nove vezes pediram explicação sobre os seus pecados, ao que Jó respondia: "Nada fiz, mas que Deus me responda e me diga onde foi que errei." Então Elifaz, Bildade e Zofar ficaram em silêncio pois não haviam conseguido nada.
Mas havia uma outra pessoa chamada Eliú sentada ali, nas cinzas em silêncio por ser mais novo. Não se contendo passou a condenarpor ter proferido palavras impensadas a respeito de Deus. Mas ao mesmo tempo trouxe mais sofrimento para Jó ao dizer : "Você falou como um tolo e merece a sentença máxima por rebelião, arrogância e blasfêmia."
Mas Jó queria uma oportunidade de conversar com Deus, um encontro, uma confrontação, uma conversa as claras em que pudesse perguntar à Deus a razão do seu sofrimento.
Por fim aconteceu. Eliú estava falando sobre a santidade, sabedoria e justiça de Deus e que há muitas coisas relativa a Deus que não podemos saber. Em seguida ergueu os olhos e dirigiu suas palavras para as densas nuvens que estavam se formando: Deus é tão grande e maravilhoso que nós não temos condições de conhecê-lo nem de compreende-lo. Ele faz o vapor da água erguer-se da terra e depois derrama de novo sob a forma de chuva que vem do céu.
Ouviu-se os primeiros sons distantes do trovão e ele acrescentou: "Quem é capaz de explicar tal coisa?" Imensos relâmpagos cortavam o céu:. "Veja como Deus lança relâmpagos ao seu redor e cobre de raios os picos dos montes... São apavorantes, parece que sinto a presença de Deus no trovão. Ouça o trovão de sua voz." Sem saber, descrevia a chegada de Deus que estava se aproximando, cercado de grande pompa em meio a tempestade.
De repente, do lado norte, o céu se ilumina como no amanhecer, e Eliú continua a falar: Assim como não podemos olhar para o sol, não contemplar a gloriosa majestade de Deus. Veja Jó ele esta revestido de ofuscante esplendor, seu poder é imensurável." (Jó 37.21-24)  Eliú não teve mais palavras, faltava linguagem poética para descrever a chegada de Deus.
Então os ruídos do vento e dos trovões adquirem coerência, passando a ter sentido, e o profundo ribombar que vinha das nuvens, bem como o zumbido agudo do ciclone  revolvendo veloz transformam-se em palavras. E do meio daquela terrível tempestade, Deus começou a falar.
Tema: Encontrando com Deus na Tempestade. Jó encontrou-se com Deus no sofrimento: "Eu te conhecia de ouvir, mas agora meus olhos te vêem." v.5
1. Quando encontramos com Deus nas tempestades da vida, cessam todas as nossas argumentações. "Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? (Deus)  Na verdade falei o que não entendia; cousas maravilhosas demais para mim, cousas que eu não conhecia." v.3 (Jó)
O sofrimento muitas vezes, leva-nos a pensar, a dizer e até crer em fatos que não são verdade. Quando a dor começa a perfurar nossa carne, e a penetrar nosso espírito, e depois permanece ali corroendo, corroendo a nossa mente fica cauterizada e se põe a emitir pensamentos tais como Deus está morto, ou não está nem , ou ele simplesmente não se interessa por mim.
Foi assim com Jó na tentativa de descobrir as causas de seu sofrimento, fez o que muitos de nós fazemos. Rebaixou Deus de sua elevada posição, e passou a atribuir-lhe motivações e idéias que eram mais humanas do que divinas.
Depois pôs-se a condena-lo com afirmações assim: "Eis que Deus procura pretextos contra mim e me considera seu inimigo" (Jó 33.10). Ou seja, Deus está brigando comigo. "Deus está me ignorando" ele diz em 33.13. Faz de conta que não me , não quer tomar conhecimento da minha situação.
Isso tem muito a ver conosco. Muitas vezes dizemos assim: "Parece que Deus está procurando novas maneiras de tornar minha vida mais infeliz. Parece que Deus está-se fazendo de surdo comigo. Está com a atenção voltada para outro lado. Parece que resolveu que nunca mais vai ouvir as minhas orações."
Durante vários meses Jó estivera pedindo uma audiência com Deus. Várias e várias vezes solicitara uma entrevista com Deus. Ele ensaiou o seu discurso "Direi a Deus, não me condenes..." 10.2. Estava preparado para fazer acusações, "Sou Justo, e Deus tirou o meu direito". E então Deus apareceu.
Jó ficou em silêncio, não deu nenhum pio. Dele não saiu nem uma vozinha distante, tímida e medrosa. Sumiram todos os argumentos e acusações. Jó ficou assombrado, e pode dizer: Na verdade falei o que não entendia; cousas maravilhosas demais para mim, cousas que eu não conhecia." v.3. Fui estúpido demais.
Quando Deus aparece, cessam todas as nossas argumentações, nossos queixumes. No momento em que Deus falou, Jó se esqueceu de todas as suas queixas, pois viu a sua nudez espiritual exposta diante daquele que tudo , que tudo sabe, diante do coração sempre terno e amoroso do Deus todo-poderoso.
2. Quando encontramos com Deus nas tempestades da vida, cessam todas as nossas perguntas. "Escuta-me, pois havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás." v.4 (Deus)
Jó havia atirado a pergunta "por que" dezesseis vezes. E em todas essas vezes em que ele pediu uma explicação, o céu ficou em silêncio. No entanto a partir do cap. 38, Deus responde as perguntas de Jó fazendo ele mesmo algumas perguntas - setenta, para sermos exatos.
E começou com uma pergunta que tem por finalidade acabar com todas as nossas perguntas. Quem é este que disseste que sem conhecimento encobre o meu conselho? ou seja quem é este que questiona minha providência? que afirma saber mais do que eu? Jó havia questionado a sabedoria de Deus, e agora Deus questionava a dele também.
Em seguida Deus lança um desafio à ele. "Escuta-me, pois havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás." Você queria uma confrontação, queria uma acareação; pois agora a tem. Vamos acertar os ponteiros.
Jó, que havia questionado a Deus agora estava sendo obrigado a responder, ou melhor obrigado a reconhecer que não era capaz de responder perguntas básicas, fundamentais; perguntas das quais apenas Deus sabia as respostas.
Onde você estava quando lancei os alicerces do mundo? Diga me ao menos isso. Sabe como determinei as suas dimensões? Sabe quem fez o levantamento topográfico? Sabe quem estabeleceu os limites do marMas é claro que você deve saber tudo isso não sabe? Pois nasceu antes que todas essas coisas fossem criadas não foi? Jó foi obrigado a reconhecer: "Não sou nada, falei até demais"
Mas Deus continua: Prepare-se para enfrentar a luta pois eu tenho ainda outras perguntas a fazer: Você pretende anular o meu juízo e condenar-me, para que você está com a razão? Você possui maior discernimento moral do que eu? Diga-me Jó: Como você faria com o orgulhoso? Que tipo de correção você lhe aplicaria para torna-lo humilde? Poderia fazer isso com um olhar?
E Jó disse: O Senhor pergunta quem é esse insensato que negou minha providência. Sou eu. Eu estava falando das coisa que não entendia, e das quais nada sabia; coisas que são maravilhosas demais para mim.
Várias e várias vezes Jó pediu a Deus que lhe revelasse a razão do seu sofrimento, mas Deus nunca respondeu esta pergunta. Nunca explicou o desafio que Satanás lhe lançara. Deus nunca lhe falou da grande disputa que existe no mundo espiritual. Nunca discutiu com ele as altas apostas que tinham sido feitas no céu, quando Deus apostou tudo o que tinha em Jó.
E ele não ficou nem sabendo - nem antes, nem durante, nem depois - as razões do seu sofrimento. Mas se conscientizou que a sabedoria de Deus é impossível de ser questionada, mesmo diante dos acontecimentos mais terríveis em nossa vida. Deus é sábio e nós somos ignorantes
3. Quando encontramos com Deus nas tempestades da vida, deixamos de ser teóricos e experimentamos à Deus. "Eu te conhecia de ouvir, mas agora meus olhos te vêem." v.5
Jó está dizendo: Pensei que conhecia à Deus, mas tudo que sabia era de ouvir. Todas as informações que possuía eram recolhidas de segunda mão. Mas agora eu o vi. Eu experimentei Deus. Ele falou comigo face-a-face.
As Escrituras nos ensinam que a presença de Deus se torna mais perceptível quando estamos em meio ao sofrimento. Romanos 5 noz diz para nos gloriarmos nas nossas tribulações porque ela produz perseverança, que produz experiência, e daí esperança porque o amor de Cristo é derramado em nossos corações.
E na 1ª Carta de Pedro diz "Se pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da Glória e de Deus" Diante desta verdade o sofrimento e a perseguição toma uma nova conotação de bênção. Tais situações nos levam a dizer: "Senhor, obrigado pela promessa de que sobre mim repousa o Espírito da Glória e de Deus! Aquele Espírito da Glória que encheu o templo de Salomão com glória tamanha que os sacerdotes não puderam permanecer ali.
Você ouviu a história de Salomão Ginsburg, um judeu convertido ao evangelho? Sua família inteira tradicionalmente judaica o chamou para abandonar aquilo que consideravam heresia cristã.
E depois de várias tentativas para persuadir o jovem a apostatar de Cristo que eram negadas com muita insistência, a família então o desconsiderou. Abriram-lhe as Escrituras em Deuteronômio, e leram o texto que falavam das maldições que recaem sobre aqueles que desobedecem à Deus.
"Maldito serás ao entrares", Mas Salomão ouvia, "Bendito serás ao entrares". "Maldito serás ao saíres", porem ouvia "Bendito serás ao saíres". "Quando plantares a terra não dará o seu fruto", mas escutava "Tudo o que plantares eu vou abençoar"
Liam-lhe as maldições e ele ouvia bençãos. E ele foi ficando cheio do Espírito Santo. E quando a leitura das maldições acabou, disseram-lhe: Fora cão. Mas Salomão saiu trocando as pernas agarrou um lampião e ali ficou louvando a Jesus Glória ao teu nome.
4. Quando encontramos com Deus nas tempestades da vida, nos quedamos diante de sua glória e de sua soberania. "Bem sei que tudo podes; e nenhum dos seus planos pode ser frustrado" , "Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza." v.2 e 6
Ele compreendeu a participação divina em seu sofrimento, sem contudo saber por quê. E finalmente aceitou o fato de que, por razões que ele desconhecia, Deus estava no controle de tudo.
Afinal depois de ouvir à Deus, em silêncio, e conscientizar-se de que ele não era nada, comparado com Deus, esqueceu seu sofrimento, acomodou-se mais no meio do lixo, e disse; "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado." Parou com suas lamurias, largou seus cacos, parou de raspar as crostas purulentas do seu corpo, esqueceu as cinzas, o lixo.
Jó viu Deus em toda a sua soberania, como aquele que controla todas as coisas, como ser livre para fazer o que mais lhe agradasse, quando lhe aprouvesse - e sem dar explicações. Ele viu à Deus com a mão em todos os acontecimentos da terra, no controle de todos os poderes sobrenaturais do céu.
Ele compreendeu que Deus era mais inteligente, mais competente e tinha muito mais discernimento das coisas do que ele. E ao reconhecer isso, ele se convenceu de que Deus era bem mais capaz de dirigir sua vida com sucesso do que ele próprio - mesmo que o processo implicasse em experiências dolorosas.
Jó então assumiu, a posição certa: "Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza." Abaixou-se e se acomodou no meio do pó e das cinzas, enchendo as mãos e deixando deslizar punhados e mais punhados que desciam por seu corpo, deixando-o da cor de sua alma. Jó arrependeu-se e quedou-se diante da glória e soberania de Deus.
O pavor o abatimento e senso de culpa que Jó experimentou naquele momento é uma reação bem própria de cada um de nós, quando Deus aparece. Adão se escondeu. Abraão caiu prostrado no chão. Moisés cobriu o rosto. Isaías arrependeu-se. Ezequiel caiu e ficou mudo. Daniel ficou prostrado em coma. Saulo de Tarso caiu cego no chão. A nossa falsa justiça é exposta, a vontade é quebrantada, e o espírito é rendido à Deus diante de sua glória e soberania.
CONCLUSÃO: A pequena peça de teatro intitulada "O Longo Silêncio", diz tudo o que acabamos de ouvir: No fim dos  tempos, bilhões de pessoas estavam espalhadas numa grande planície perante o trono de Deus. A maioria fugia da luz brilhante que se lhes apresentava pela frente. Mas alguns grupos falava animadamente, não com vergonha, mas com desejo de confronto.
"Pode Deus julgar-nos? Como pode ele saber acerca do sofrimento?" perguntou uma impertinente jovem de cabelos negros. Ela rasgou a manga da blusa e mostrou um número que fora tatuado num acampamento de concentração nazista. "Nós suportamos terror... espancamento... tortura... morte!"
Em um outro grupo um rapaz negro abaixou o colarinho. "E que dizer disto?" exigiu ele, mostrando uma horrível queimadura de corda. "Linchado... pelo único crime de ser negro!". Em outra multidão uma colegial grávida, de olhos malcriados. "Por que devo sofrer?", murmurou ela. "Não foi culpa minha."
Por toda a planície havia centenas de grupos como esses. Cada um deles tinha uma reclamação contra Deus por causa do mal e do sofrimento que ele havia permitido no seu mundo. Quão feliz era Deus por viver no céu onde tudo era doçura e luz, onde não havia choro nem medo, nem fome nem ódio. O que sabia Deus acerca de tudo o que o homem fora forçado a suportar neste mundo? Pois Deus leva uma vida muito protegida, diziam.
De modo que cada um desses grupos enviou seu líder, escolhido por ter sido o que mais sofreu. Um Judeu, um negro, uma pessoa de Hiroshima, um paraplégico, uma criança terrivelmente deformada. No centro da planície tomaram conselho uns com os outros. Finalmente estavam prontos para apresentar o seu caso. Antes que pudesse qualificar-se para ser juiz deles, Deus deve suportar o que suportaram. A decisão deles foi que Deus devia ser sentenciado a viver na terra  - como homem!
"Que ele nasça judeu. Que haja dúvida acerca da legitimidade de seu nascimento. Dê-se-lhe um trabalho tão difícil que, ao tentar realiza-lo, até mesmo sua família pensará que ele está louco. Que ele seja traído pelos seus amigos mais íntimos. Que ele enfrente acusações falsas, seja julgado por um júri preconceituoso, e condenado por um juiz covarde. Que ele seja torturado.
Finalmente que ele conheça o terrível sentimento de estar sozinho. Então que ele morra lentamente e dolorosamente, debaixo de zombaria e humilhação. Que ele morra de tal forma que não haja dúvida de que morreu. Que haja uma grande multidão de testemunhas que comprove."
E quando o último acabou de pronunciar a sentença, e ao olhar para o trono vendo aquele que alí estava, houve um grande silêncio. Ninguém proferiu palavras. Ninguém se moveu. Pois, de súbito, todos sabiam que Deus em Jesus Cristo já havia cumprido a sua sentença.

Nenhum comentário: