sexta-feira, 23 de novembro de 2007

O Sufismo Islâmico e suas origens.

O sufismo, aspecto interior ou místico do islamismo, é um modo de vida que busca a realização da unidade e da presença de Deus por meio do amor, do conhecimento baseado na experiência, da ascese e da união extática com o Criador bem amado.
Os próprios textos sufis revelam que o ascetismo e as atividades devocionais dos monges cristãos, assim como a circulação de idéias neoplatônicas e herméticas, foram importantes em certas épocas da história do sufismo; mas é preciso buscar as verdadeiras origens do movimento no próprio islamismo, principalmente no Corão, nos hadlths e nas correntes devocionais e ascéticas. Como observa S. H. Nasr, a busca de Deus não é explicada por empréstimos históricos.
Os termos "sufi" (sufi) e "sufismo" (tasawwuf) derivam, provavelmente, das roupas de lã (súf) usadas pelos ascetas muçulmanos, designados pelo apelativo genérico "pobre" (faqir ou darvish). O sufismo começa com Maomé, pois, em virtude de sua estreita relação com Deus, de sua revelação, de sua ascensão (mi 'rãj) através dos céus e de sua condição superior entre as criaturas, os sufistas consideram-no um dos seus. As provas de seu sufismo são buscadas nos hadiths e no próprio Corão, fonte inesgotável de edificação mística, pois comunica o testemunho original da semente de Adão e Eva, reconhecendo Deus como seu Senhor para toda a eternidade, e estabelecendo, assim, um pacto que obriga as duas partes (Surata 7, 172). Outra surata do agrado dos sufistas (50, 16) apresenta Deus como "mais próximo do homem que sua veia jugular". Finalmente, outro elemento que os sufistas reconhecem de bom grado no Corão é a recomendação de praticar o dhikr, meditação ou invocação de Deus (13,28; 33,14). Nas práticas dos sufis, o dhikr pode ser acompanhado pelo uso de um rosário, pelo controle respiratório, por música e por danças extáticas, como as dos mawlawiyas (mevlevis) ou dervixes rodopiantes da tradição de Jalãl al-Dln Ruml (1207-1273), o grande poeta místico de Konya (Turquia).
Nas tradições referentes à comunidade de Maomé, encontram-se alguns fiéis particularmente rígidos e conservadores que representariam o elemento antimundano da fé nascente. Alguns vêem neles os primeiros sufis. Na época dos primeiros califas e da conquista, erguem-se vozes que protestam contra as transformações dos costumes e das práticas. Outra questão que se apresenta é a de saber se é preciso trilhar o caminho da observância ritual e do legalismo ou o da fé interior e do amor. Deus será um Senhor distante e completamente alheio ou será ele amoroso e acessível? Quando o califado é transferido pelos Omíadas para Damasco, longe da rude península da Arábia, cresce mais a tensão entre a secularização dos costumes e os fundamentalistas que a deploram.
Hassan al-Basri (m. 728), um dos primeiros ascetas muçulmanos que sempre têm em mira o julgamento de Deus e invectivam o materialismo do mundo, encontra uma justificação para a sua sisudez no próprio hadith do Profeta: "Se soubésseis o que sei, riríeis pouco e choraríeis muito."
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* Texto adaptado da obra de Mircea Eliade
ELIADE, Mírcea; COULIANO, Ioan P. Dicionário das Religiões. 2a ed. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, SP, Ed. Martins Fontes, 2003 - Capítulo 20.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

As Primeiras Mulheres Solistas e Pregadoras

Musicalmente heterodoxas, as confissões santificadas também diferem das batistas e metodistas que permitem que as mulheres sejam solistas. Todo o furor pentecostal desencadenou uma meia dúzia de gravações de uma missionaria, Josephine Miles e da irmã Elizabeth Cooper em 1928 (entre elas “Gods Warning to the Church”). Miles pronunciava poderosos sermões com uma voz rouca e exaltada, acompanhada de um piano e das lamentações de Cooper, e que eram interrompidas por exortações ao “grande nome do bendito Deus”. Ela se retorcia de fúria perante à incredulidade com uma convicção que muitos evangelistas masculinos invejavam.
As mulheres das igrejas Santificadas incluíam nas suas apresentações um grande grupo de cantores, músicos exaltados, além de evangelistas.
A voz grave e reverberante de Bessie Johnson se podia ouvir em uma dúzia de discos gravados entre 1928 e 1929. Um de seus acompanhantes, violonista e cantor, Lonnie Mclntorsh, recordava-a como a melhor cantora que não tinha conhecido nunca. Em um tema junto com Will Shade, do grupo Memphis Jug Band, no violão, guiava os Memphis Sacrified Singers numa canção que manifestava sua afiliação a igreja Santificada. “He got the Holy Ghost fire” (Ele teve uma chamada do Espirito Santo), cantava sobre o seu salvador em “He Got Better Things For You”.
As irmãs das igrejas Santificadas eram muito audazes. A irmã Cally Fancy não se acovardava na hora de soltar duras críticas aos poderosos na sua gravação de 1931 “Death Is Riding Through the Land. Parts l and 2”.

Presidential Life is in Gods hand, / A vida do presidente está na mão de Deus,
This message is for you, too; / Esta mensagem também lhes concerne;
And, Governors, remember, / E, governadores, recordem,
When y ou are sentencin'men, / Quando condenam os homens,
My God is watching you. / Meu Deus lhes está observando.


Na segunda parte da sua canção, a irmã Fancy tornava-se profética:

You think the war is over / Crêem que a guerra terminou
Because de U.S.A. / Porque os Estados Unidos
Have joined the League of Nations / Se uniu a Liga das Nações
But the War is on her way. / Mas a guerra segue o seu curso.


Em 1931, Japão invadiu Manchuria e a ascensão ao poder de Hitler na Alemanha só ocorreu dois anos depois. Fancy aconselhava que os homens depositassem a sua confiança em Deus e não nas armas, cantava: “He can face the Huns without machines gun” (Ele pode enfrentar os boches sem metralhadoras”).
Texas Arizona Dranes, uma cantora e pianista cega, tinha só vinte e um anos quando fez a sua primeira gravação para Okeh em 1926 e foi uma das que mais se destacou na convenção da Igreja de Deus de Cristo em Mênfis. Ela apresentou-se em igrejas de Texas a Chicago, onde serviu como fonte de inspiração à Rosetta Tharpe. Ao escutar sua combinação de harmonia e síncope em algumas de suas canções para piano tais como “Crucifixion”, é fácil imaginar a relação com pianistas da igreja Pentecostal convertidos em roqueiros como Jerry Lee Lewis.

As primeiras gravações de pregações

Se você é evangélico, certamente já ouviu falar de uma mensagem gravada em vinil intitulada “A Última Trombeta”. Trata-se de uma revelação em sonho a respeito dos últimos acontecimentos narrados no livro do apocalipse. O que poucos sabem é que a origem destas gravações está ligada as raízes do holy blues.
Com o passar do tempo, ficou evidente que o blues não era a única música negra que as companhias fonográficas podiam explorar com sucesso. Começaram a recrutar pregadores negros para que gravassem sermões de três minutos de duração interrompidos por shouts e cantos congressionais. “As an Eagle Stirreth Up Her Nest”, de Calvin Dixon, foi a primeira destas gravações, em 1925, e se pode dizer que o gênero funcionou bem até o aparecimento do LP. As gravações dos pregadores cantando e recitando sermões para animar a congregação aumentaram depois de 1926 quando “The Dawnfall of Nebuchadnezzar”, do reverendo J. C. Burnett, vendeu mais de oitenta mil cópias e quando o reverendo J. M. Gates gravou “Death's Black Train Is Coming”, fez soar animadamente as caixas registradoras. Paul Oliver, em Songsters and Saints Vocal Traditions on Race Records (1984), assinalou: “Com o tempo, aproximadamente no espaço de uma dúzia de anos, se editaram 750 sermões de uns setenta pregadores».
O mais popular foi o Rev. J.M. Gates, que gravou uns duzentos títulos entre 1926 e 1941. Alguns, como “The Need of Prayer” (1926), incluem comovedores exemplos dos canto de lamentos que Higginson ouviu nos acampamentos durante a guerra civil. Outros seguramente captaram compradores pelos títulos impactantes, entre os quais se incluem “Dead Cat on the Line”, “Manish Women” e “Speed On, Hell Is Waiting for You”, uma advertência aos motoristas imprudentes. Gates utilizava os temas e jargões do momento como parte do seu atrativo. Sua mensagem de 1930 sobre a Depressão, “These Hard Times”, usava a expressão “Its tight like that” para indicar a escassez nacional de trabalho, dinheiro e comida. O reverendo Gates foi provavelmente o pregador que teve mais sucesso de todos os que gravaram discos, o que impressionou a Thomas Edison (o inventor do gramophone e da luz elétrica) , que anotou no seu arquivo de audições: “Pode ser que este senhor seja maravilhoso, mas eu não sei o que fazer com ele. 9/10/26”.
Além do enorme sucesso dos sermões com canções gravadas pelos batistas como Gates e o reverendo A. W Nix, surgiram as gravações com veementes exortações (com música equiparável) dos pregadores das igrejas holiness (santificados) como o Rev. D. C. Rice e E W MacGee. Os pregadores das Igrejas Santificadas (Holiness e Pentecostal) podiam estar acompanhados de um piano sincopado, cornetas, trombones e pandeiros, ou violões e até mandolins, gaitas, jarras e tábuas de lavar (um grupo de jarras holiness aparecem nas gravações de 1928 dos Elder Richard Bryants Sanctified Singers).

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Avivamento Holy Blues: Os primeiros movimentos pentecostais.


Em 1866, a universidade de Fisk, em Nashville, foi aberta aos estudantes negros. Dali saíram os Fisk Jubilee Singers, o primeiro grupo que fez versões spirirtuals para shows. Os Fisk Jubilee Singers fizeram sua primeira turnê nacional em 1871, e o professor Henry Ward Beecher escreveu sobre sua apresentação em Nova Iorque: “se distinguem por executar os espirituais e os hinos das plantações que só podem ser cantados por quem sabe como seguir o compasso do chicote do amo”. O grupo realizou uma turnê mundial em 1886 e fez que com que aumentasse muito o apreço pelos cantos religiosos afro-americanos, apesar de que os interpretava de forma suavizada e europeizada.
No momento em que o Blues começou a tomar forma de embrião, nos anos noventa do século XIX, a canção religiosa afro-americana era já uma tradição mais velha que a própria república: Os informes realizados pelos brancos do século XVIII e XIX nos oferece uma descrição incompleta desta música, mas ao menos nos dizem que muitos elementos característicos da música religiosa negra e dos ofícios estavam firmemente assentados antes da guerra civil. O Reverendo Robert Mallard (interessado, mas ao mesmo tempo surpreendido) pelo espetáculo que observou numa igreja negra de Chattanooga em 1859, escreveu: “Toda a congregação mantinha um forte e monótono canto, interrompido por diferentes sons: gemidos, gritos e bater de palmas”. O reverendo Mallard (cuja concessão mais liberal afirmava: se deve ter em conta, por suposto, a excitabilidade do temperamento negro”) podia ficar mais surpreendido ainda com os espetáculos similares de um século mais tarde.
Os elementos dos ofícios e canções religiosas afro-americanas se mantiveram constantes durante gerações (os salmos lentos descritos por Higginson durante a guerra civil derivavam da prática da citação de versículos, utilizada pelos puritanos ingleses em épocas tão antigas como em 1644 para ensinar os salmos aos analfabetos), mas essa tradição não foi, de nenhuma maneira, insensível às mudanças, foi afetada mais rápida e radicalmente nos últimos cem anos que em qualquer outra época, começando da última década do século XIX com o desafio que as novas igrejas Holiness supunham para as igrejas já consolidadas, Batista e Metodista. Populares e estáticas, as novas igrejas Holiness se estremeciam com os «gritos» e conjuntos de jazz. Antes da primeira guerra mundial, apareceu um tipo de cristianismo empírico com a difusão da idéia pentecostal que dava grande importância a experiência do arrebatamento e ao fato de falar línguas desconhecidas. A diferença entre a música que acompanhou ao Grande Despertar dos anos trinta do século XIX e o Segundo Despertar (com suas reuniões ao ar livre), uns setenta anos mais tarde, é que podemos escutar a música destas convulsões religiosas graças ao invento de Edison de 1877. Certamente, encontramos neste momento, as origens de um estilo musical vibrante que influenciou toda a música contemporânea e as raízes dos primeiros movimentos pentecostais protestantes.

sábado, 13 de outubro de 2007

Crescimento das igrejas cristãs negras e as primeiras oposições ao Holy Blues

Um grande despertamento religioso espalhou-se pela América nos primeiros anos do século XIX, caracterizado pelas grandes reuniões ao ar livre (camp meetings), de uma semana de duração e em zonas arborizadas, onde os crentes pregavam, oravam e cantavam. A presença negra (e seu entusiasmo) nessas reuniões geralmente superava a dos brancos. Um observador de uma reunião celebrada em 1838 na Pensilvânia, onde compareceram sete mil pessoas, queixava-se que seus gritos e cantos eram tão buliçosos que o canto da congregação branca frequentemente ficava abafado pelos ecos e reverberações dos tumultuados sons da gente de cor. Os fiéis eram arrastados pela corrente de êxtase coletivo similar a experimentada um século depois nas Igrejas Pentecostais. As canções camp meeting, que formaram parte significativa de uma tradição «spiritual» transmitida oralmente, se configuraram nesse momento.
Nem todas essas canções teriam sido do agrado dos senhores brancos se as tivessem entendido. Em 1830, um visitante escocês, Peter Neilson, assinalou sobre os cantos spirituals negros: A queda de Satã constitue o tema principal dos seus hinos”. O hino que Neilson escutou, «Satan, Your Kingdom Must Come Down», seria gravado quase um século depois por Blind Joe Taggart. O momento da observação de Neilson e as entrelinhas ligeramente dissimuladas da canção (a verdadeira identidade do diabo) são dignas de destaque.
Um ano mais tarde, em 1831, a insurreição de Nat Turner se estendeu ao condado de Southamptom, Virginia. O governador desse estado, Floyd, disse à assembléia legislativa do estado: “Os incendiários mais ativos que existem entre nós... são os pregadores negros”. Nos dias seguintes a emancipação, um sobrevivente dos tempos do velho profeta Nat, CharityBowery, cantou um hino para um pesquisador:

There's a better áay a-coming Se avizinham tempos melhores
There's a better day a-coming Se avizinham tempos melhores
Oh, Glory, Haalelujah! Glória, aleluia!

“Não queriam nos deixar cantar isso” , recordava Bowery dos dias tensos posteriores a revolta de Turner. “Pensavam que iríamos criar uma rebelião só porque cantávamos ‘Se avizinham tempos melhores’ “.
No outono seguinte ao ressoar dos canhões em Fort Sunter, uma mulher branca chamada Mary Boykin descrevia no seu diário uma visita a uma igreja negra em uma plantação do estado de Carolina do Sul. O pregador “batia palmas ao final de cada frase e sua voz subia até alcançar o tom de um grito agudo, não deixando de ser claro e musical, às vezes em um tom mais baixo, queixoso, que chegava ao coração. Logo depois de um ofício de caráter estático, cheia de um ardor piedoso na voz, a congregação rompeu a cantar um dos seus comovedores hinos negros. Para mim é a música mais triste de todas as músicas da Terra, extranha e deprimente e muito além da minha capacidade para descrevê-la”.
Durante a guerra civil, 186.000 soldados negros serviram no exército da União como os da «United States Colored Troops*». Apesar de que o exército ainda era segregador, os soldados brancos e negros mantiveram um contato sem precedentes, que deu como resultado, um amplo conhecimento, a escala nacional, das canções afro-americanas. O coronel Thomas W Higginson do regimento de voluntários da Carolina do Sul, escreveu um livro de memórias, Army life in a Black Regiment, onde descreveu a música que escutou nos acampamentos de soldados negros: O "grito"* interminável está sempre ao alcance do ouvido, com uma mistura de piedade e exaltação, e seu bater de palmas soam como castanholas. Em seguida se fazem reuniões para orar mais tranquilamente, com invocações piedosas e salmos lentos, de memória pelo solista, duas frases ao mesmo tempo, numa espécie de canto de lamentação.
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* Tropas de cor dos Estado Unidos.

Na rota do Holy Blues - primeiras igrejas...

Entre 1505 e 1870 foram escravizados e transportados à América aproximadamente dez milhões de africanos, na migração mais extraordinária da história do homem. Os ingleses, que a princípio rejeitavam a escravidão, aderiram entusiasmados ao comércio de escravos, quando viram os copiosos benefícios obtidos do trabalho escravo pelos seus detestados rivais colonialistas, os espanhóis. A Inglaterra envolveu-se no mercado de escravos a meados do século XVII, se bem que já tinha levado africanos às suas colónias norte-americanas em 1619 um ano antes da chegada dos Pilgrims para trabalharem como servos forçados. Em 1788 Alexander Falconbridge estabeleceu seu An Account of the Slave Trade na costa africana: "Os pobres infelizes são obrigados às vezes também a cantar; mas quando o fazem, suas canções são geralmente saudosos lamentos devido ao exílio do seu país natal."
A este exílio somou-se uma nova demonstração de desumanização: a dissolução (através do sistema de leilão) de qualquer laço familiar ou tribal que tivesse sobrevivido ao deslocamento desde a África. As expressões da cultura e da religião eliminaram-se na sua maior parte, já que qualquer reunião se podia considerar como um pretexto para a insurreição. Privados da identidade do seu passado cultural e sem a possibilidade de se criar uma nova, os africanos da América não possuíam uma instituição que lhes oferecesse um núcleo cultural, um lugar de reunião fora do universo e da ideologia dos brancos até que surgiu a igreja afro-americana.
O primeiro batismo de um africano que se tem conhecimento nas colônias norte-americanas ocorreu em 1641. O ardor missionário na América foi abrandado devido a uma preocupante questão: batizar um africano lhe dava o direito a liberdade? Foram aprovadas leis a esse respeito de forma que isso não ocorresse, mas ainda não existia muita pressa para cristianizar os bens humanos dos colonos. Esta mentalidade mudou nos anos trinta do século XVIII, com o Grande Despertar, um ressurgimento religioso que se estendeu pela Inglaterra e América e que por fim considerou plausível que os escravos se covertessem. Entre os missionários que chegaram a América nessa década do século XVIII encontrava-se John Wesley, o fundador do metodismo. Suas pregações foram interrompidas pelos hinos do doutor Isaac Watts, um pastor, médico e compositor inglês, cuja música era mais viva e as letras eram mais próxima à linguagem daquela época do que os cerimoniosos salmos de então. As edições coloniais e spirituals dos hinos de Watts apareceram pela primeira vez em 1739 e demostraram ser especialmente populares entre os escravos. A formação religiosa que lhes ofereciam Wesley e os missionários, incluíam tanto as sagradas escrituras como também os hinos que reforçavam as pregações. Em 1755, o reverendo Samuel Davies, um evangelista presbiteriano, escreveu: “Não posso deixar de observar que os negros, mais que outras espécies humanas que conheço, tem o melhor ouvido para música. Experimentam uma espécie de gozo estático com a salmodia”.
Em 1760, o reverendo Todd, um missionário que distribuia livros de hinos entre os escravos recém convertidos, lamentava ver-se obrigado a mandar de volta, e com as mãos vazias, as diversas pessoas que tinham vindo para lhe pedir os salmos e os hinos de Watts.
Era 1800, nos Estados Unidos viviam mais de um milhão de negros, o que vinha a ser um 19 por cento da população total da nação. Mais de cem mil eram livres e entre esses encontravam-se os fundadores das primeiras igrejas afro-americanas. Richard Allen fundou a Igreja Metodista Episcopal Africana de Bethel na Filadélfia em 1794 e em 1801 publicou o primeiro hinário concebido exclusivamente para o uso de uma congregação negra.
A criação de igrejas negras segregadas foi de certa forma a resposta do mal-estar branco pela presença negra (também segregada) nos lugares de culto americanos, mas também proporcionou um verdadeiro centro comunitário longe das sanções e observações dos brancos. Este centro demonstrou ser firme como uma rocha durante gerações e transformou os seus pregadores em líderes da comunidade, que tomaram a sério o conselho de Watts: “Pastores também poderiam cultivar a capacidade de compor canções espirituais e utilizá-las juntamente com outras partes do ofício, pregar e orar”.

Holy Blues X Blues – Música de Deus versus Música do Diabo?

"Holy blues"(blues religioso) é um evidente oximoro, (uma figura retórica que consiste em reunir palavras aparentemente contraditórias – paradoxo). (Dicionário Houaiss). Blues religioso é um oximoro se o blues é considerado como "a música do diabo", um principio sustentado por muitos cantores de blues "reformados" e pelos "santos" de algumas igrejas afro-americanas. O blues não é religioso e a música religiosa não é o blues. O blues celebra os prazeres da carne, enquanto que a música sagrada celebra a libertação das amarras mundanas. Um é o azeite e o outro é a água benta, não podem ser misturados. Ao menos, isso é o que alguns quiseram.
Numa época considerada como as vozes gêmeas da cultura afro-americana, as tradições gospel e blues, tendo sido julgadas gradativamente com os dois lados de uma linha divisória de caráter dual que somente pode ser atravessada deixando a alma em perigo. Temos acreditado que as escolhas dos afro-americanos eram de mútua exclusão: o blues ou a música gospel, Deus ou o Diabo, o céu ou o inferno. O cantor de blues escolhia as segundas opções, às vezes estabelecendo pactos faustianos (como, conforme ao que se diz, fez Tommy
Johnson) para adquirir um domínio mais amplo da "música do diabo".
No momento atual muitos fãs consideram aos cantores de blues, principalmente os cantores do Delta do Mississipi, como os equivalentes afro-america
nos do século XX dos poetas românticos do século XIX, que se rebelaram contra as convenções sociais com sua arte e morreram jovens pela sua inclinação à tuberculose, á sífilis, ou ao suicídio.
O mito do poema no estilo Byroniano, desafiador, autodestruidor manteve sua enorme força física e repercussão durante mais de cento e cinqüenta anos da cultura ocidental.
Para o artista romântico tanto a vida quanto a arte devem desafiar os tabus, desencadear um conflito interno e externo, e finalmente levar o artista até o martírio. Também tem sido a razão de ser de muitas estrelas do rock, vivas e mortas. O mito explica-nos que a vida e a arte são inseparáveis.
O problema de projetar esse mito sobre os cantores de blues estriba em que a cultura na qual eles viveram e trabalharam não tinha nenhum vínculo tangível com a tradição romântica. Embora alguns bluesmen acreditassem estar tocando a música do diabo e poucos deles vangloriavam-se disso adotando nomes como "Devil Son-in-Law"2, nenhum deles parece ter equiparado o "desafio demoníaco" a uma via alternativa para chegar a uma verdade mais elevada, com o objetivo evidente dos românticos europeus (uma meta exprimida na famosa frase da obra Proverbs of Hell, de William Blake: "O caminho do excesso conduz ao palácio da sabedoria"). A deificação romântica do indivíduo é essencialmente alheia à cultura afro-americana, e a projeção de um personagem byroniano nos cantores de blues (principalmente, sem dúvida, em Robert Johnson) nos fala mais sobre o observador do que sobre o observado.
Não e necessário dizer que o dualismo da "música do diabo" como oposta completamente às "canções de louvor à Deus", é alguma coisa que os intelectuais brancos imaginaram simplesmente para recriar o bluesman à nossa própria imagem. Na verdade, existem suficientes provas para asseverar que os cantores de blues podiam apegar-se a uma ou às duas sensibilidades. Existem também razões para acreditar que a cultura na qual viveram era mais misericordiosa com eles do que sua retórica religiosa, a olho nu, poderia sugerir. Como explicar então, que os homens que trabalhavam como cantores de blues e pregadores não se transformassem em parias das suas comunidades?
O blues e a música religiosa desempenhavam diferentes funções sociais na cultura afro-americana. As experiências exemplificativas estavam em desacordo, mas os músicos ligados a elas não se encontravam tão afastados entre si como nosso paradigma do bluesman byroniano poderia sugerir. O blues nasceu no interior de uma cultura afro-americana no momento em que as igrejas extáticas Holiness e Pentecostal estavam-se espalhando, e estes credos populares acolheram expressões musicais ecléticas, no nosso caso o gospel ou holy blues.
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1 Torch songs: canções sentimentais nas quais se lamenta a perda ou falta de correpondência de um amor.
2 “O genro do diabo": Um dos apelidos que William Bunch pôs a si mesmo (imagem 2).

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Pense antes de responder!!!

1) Se você conhecesse uma mulher que está grávida e já tem oito filhos, dos quais três são surdos, dois são cegos, um é deficiente mental, e ela tem sífilis...
Recomendaria que ela fizesse um aborto?


Leia a próxima pergunta antes de responder a essa.

2) É tempo de escolher um líder mundial e o seu voto é importante.
O comportamento dos candidatos é o seguinte:

CANDIDATO A: é associado a políticos corruptos e costuma consultar astrólogos. Teve duas amantes, fuma um cigarro atrás de outro e bebe de 8 a 10 Martinis [bebida misturada, ¾ gin ¼ vermute branco seco] por dia.

CANDIDATO B: foi despedido do trabalho duas vezes, dorme até meio-dia, usava drogas na Universidade e bebia meia garrafa de Whisky toda noite.

CANDIDATO C: é um herói condecorado de guerra, é vegetariano, não fuma, bebe às vezes um pouco de cerveja e nunca teve relações extra-conjugais.

QUAL DESSES CANDIDATOS VOCÊ ESCOLHERIA ?

Decida antes d
e procurar a resposta no final da postagem...

Se você escolheu:

CANDIDATO A: é Franklin Roosevelt












CANDIDATO B: é Winston Churchil











CANDIDATO C: é Adolph Hitler









E sem esquecer a primeira pergunta:

A resposta da questão do aborto... se respondeu que sim, você ACABA DE MATAR BEETHOVEN.


Nem tudo o que brilha é ouro, e nem tudo o que é ouro deve brilhar.. O importante são as decisões que você toma no caminho, e como elas te ajudam a chegar ao final. Por isso é que não devemos pré-julgar ninguém.

Principalmente com a descrição de duas ou três linhas.

O Budismo

Buda, palavra que significa, em páli e sânscrito, "Iluminado" ou "Desperto", foi, segundo todas as probabilidades, uma personagem histórica. Contudo, em suas Vidas ou jãtakas, os dados mitológicos predominam a ponto de transformá-lo em protótipo do "homem divino", segundo a tradição indiana (ver Jainismo, 21.3) - que pertence a um sistema encontrado também em outras áreas geográficas. Esse sistema apresenta elementos comuns com os theioi andres dos gregos e com as biografias mais tardias de outros fundadores de religiões, como Mani, etc. Embora seja impossível discernir os elementos históricos, devem ser levadas em conta várias informações, segundo as quais o futuro Buda teria sido filho de um régulo do clã Sãkya, no noroeste da índia. As cronologias de seu nascimento variam de 624 a 448 a.C. Sua e morre alguns dias depois do parto, não sem ter sido beneficiada por todas as premonições que lhe anunciavam ter ela dado à luz um ser miraculoso. Segundo as versões docetas do nascimento de Buda, sua concepção e sua gestação foram imaculadas e o parto, virginal. Seu corpo teria revelado todos os sinais de um rei do mundo.
Aos dezesseis anos, Siddhãrtha casa-se com duas princesas e leva uma vida sem preocupações no palácio paterno. Mas, saindo três vezes do palácio, toma conhecimento dos três males inelutáveis que afligem a condição humana: velhice, sofrimento e morte.
Saindo uma quarta vez, vislumbra o remédio para eles ao contemplar a paz e a serenidade de um asceta mendicante. Ao acordar no meio da noite, os corpos flácidos de suas concubinas adormecidas revelam-lhe mais uma vez o caráter efêmero do mundo. Deixando rapidamente o palácio, entrega-se à ascese, mudando o nome para Gautama.
Depois de abandonar dois mestres que lhe ensinam, respectivamente, a filosofia e as técnicas da ioga, pratica um regime de mortificações muito severas em companhia de cinco discípulos. Mas, compreendendo a inutilidade desse tipo de ascese, aceita uma oferenda de arroz e ingere-a. Indignados com essa prova de fraqueza, seus discípulos o abandonam.
Sentando-se sob uma figueira, Sãkyamuni (asceta do clã dos Sãkyas) decide não se levantar antes de ter atingido a Iluminação. É assediado por Mãra, que conjuga em si a Morte e o Diabo. Ao alvorecer, vence-o e torna-se Buda, possuidor das Quatro Verdades que, em Benares, passa a ensinar aos discípulos que o haviam abandonado. A primeira Verdade é que tudo é Sofrimento (sarvam duhkham): "O nascimento é Sofrimento, o declínio é Sofrimento, a doença é Sofrimento", tudo o que é efêmero (anityá) é Sofrimento (duhkha). A segunda Verdade é que a origem do Sofrimento é o Desejo (trsna). A terceira Verdade é que a abolição do Desejo acarreta a abolição do Sofrimento. A quarta Verdade revela o Caminho Octuplo (astapãdà), ou o Caminho do Meio, que leva à extinção do Sofrimento: Opinião (drstt), Pensamento (sam-kalpa), Palavra (vãk), Ação (karmanta), Meios de existência (ajiva), Esforço (vyayama), Atenção (smrtí) e Contemplação (samãdhi). As quatro verdades estão próximas da mensagem original de Buda.
Após esse primeiro sermão em Benares, a comunidade (samgha) de convertidos enriquece-se espetacularmente com brâmanes, reis e ascetas - demais para o gosto do Iluminado, que é obrigado a abrir às mulheres a via do monaquismo. Nessa ocasião ele prevê o declínio da Lei (dharma). Ciúmes de rivais e absurdas rixas de monges não são poupados a Buda. Seu primo Devadatta, segundo algumas fontes, teria tentado matá-lo para sucedê-lo. Com a idade de oitenta anos, Buda teria expirado em conseqüência de uma indigestão. Segundo os eruditos, detalhes desse tipo são embaraçosos demais para a religião para que sejam inventados; é, portanto, provável que sejam verdadeiros.
A vasta literatura sobre o budismo deve ser classificada segundo a divisão tradicional do tripitaka, "coleção tríplice" dos sútras (as logias do próprio Buda), do vinaya (disciplina) e do abhidharma (doutrina). Acrescentam-se-lhes numerosos sãstras, tratados sistemáticos de autores conhecidos, jãtakas ou Vidas de Buda, etc.
Subsistem três tripitakas; um fragmentário dos monges Thera-vãda do Sudeste Asiático, redigido em páli; um dos Sarvãstivãda e dos Mahãsãnghika, em traduções chinesas; e, finalmente, as coleções tibetanas (Kanjur e Tanjur), que são as mais completas. Também chegaram até nós numerosos escritos em sânscrito.
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ELIADE, Mírcea; COULIANO, Ioan P. Dicionário das Religiões. 2a ed. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, SP, Ed. Martins Fontes, 2003 - Capítulo 6.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A Janela

G. W. Target, escreveu uma história intitulada "A Janela", que fala de dois homens, ambos os quais tinham ficado seriamente enfermos, e que ocuparam o mesmo quarto pequeno de um hospital.
Um dos homens ti­nha permissão de sentar-se em seu leito uma hora a cada tar­de, para drenar os fluidos de seus pulmões. Sua cama ficava ao lado da única janela do quarto. O outro homem precisava passar todo o seu tempo estendido de costas sobre o seu leito.
Os homens conversavam por horas a fio. Falavam sobre as suas esposas e famílias, seus lares, seus trabalhos, seu envolvimento no serviço militar, aonde iam nas férias. E cada tarde, quando o homem na cama perto da janela podia sentar-se, ele passava o tempo descrevendo ao seu colega de hospital todas as coisas que ele podia ver do lado de fora da janela. E o homem no outro leito começou a viver para aqueles períodos de uma hora, onde seu mundo era ampliado e reavivado por toda a atividade e cor do mundo lá fora.
A janela dava para um parque com um belo lago, dizia o homem. Patos e cisnes brincavam na água, enquanto crianças faziam velejar seus barquinhos de brinquedo. Namo­rados passavam de braços dados, em meio a flores de todas as cores do arco-íris. Grandiosas e frondosas árvores enfei­tavam a paisagem, e um excelente quadro dos arranha-céus da cidade podia ser visto à distância. Enquanto o homem perto da janela descrevia tudo isso com belos detalhes, o homem do outro lado do quarto fechava os olhos e imagina­va a cena pitoresca.
Numa tarde quente, o homem cuja cama ficava perto da janela descreveu uma parada que passava. Embora o outro homem não pudesse ouvir a banda, podia vê-la com os olhos de sua mente, enquanto que o cavalheiro perto da janela retra­tava tudo com suas palavras descritivas. Inesperadamente, um pensamento estranho entrou em sua cabeça: Por que o outro homem teria o prazer de ver tudo, enquanto eu nunca vejo qualquer coisa? Aquilo não lhe parecia justo.
Enquanto o pensamento fermentava, o homem sentia-se envergonhado a princípio. Mas conforme os dias foram pas­sando, e ele foi deixando de ver mais cenas, sua inveja roeu-o, transformou-se em ressentimento e ele se achou incapaz de dormir. Ele poderia estar perto daquela janela — esse pensa­mento agora controlava a sua vida.
Certa noite, quando ele estava olhando, desconsolado, para o teto, o homem perto da janela começou a tossir. Estava se afogando com os fluidos de seus pulmões. O outro homem ficou espiando no quarto pouco iluminado, enquanto o homem perto da janela estendeu a mão para o botão, para chamar por ajuda.
Ouvindo do outro lado do quarto, ele nunca se moveu, nunca tocou o seu botão, o que teria trazido a enfermeira cor­rendo. Em menos de cinco minutos, a tosse e o engasgo para­ram, juntamente com o som da respiração. Agora havia so­mente silêncio—um silêncio mortal.
Na manhã seguinte, a enfermeira chegou trazendo água para os seus banhos. Quando ela encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, ela ficou triste e chamou os atendentes do hospital para levá-lo embora—sem palavras, sem agitação.
Assim que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia mudar-se para a cama perto da janela. A enfermeira ficou feliz em fazer a transferência, e, depois de certificar-se de que ele estava confortável, deixou-o sozinho no quarto.
Lenta e dolorosamente ele se apoiou sobre um dos seus cotovelos para ver as coisas por si mesmo. Ele se esforçou para olhar para fora da janela ao lado da cama.
E viu somente uma parede branca.
A busca da felicidade é uma questão de escolha... É uma atitude positiva que resolvemos expressar. E é indiscutível que as nossas circunstâncias não são as coisas que nos tornam alegres. Se esperarmos que essas circunstân­cias se endireitem, nunca seremos felizes.
Visto que a busca da felicidade é uma jornada interior, é útil vermos as duas opções que se mostram dispo­níveis diante de nós.
Atitude Mental Negativa
• A necessidade de certas coisas antes que possa ha­ver alegria.
• Uma forte dependência de outras pessoas que nos provejam alegria.
• Enfocar a alegria como algo que está "lá fora", sempre no futuro... esperando que algu­ma coisa suceda e assim tra­ga a felicidade.
Atitude Mental Positiva
• A necessidade de nada de tangível para que sejamos alegres.
• A capacidade de criar nossas próprias razões para a alegria.
• Escolhendo a alegria agora tornando-a uma busca atual... nunca esperando que todas as coisas estejam no seu lugar.
O segredo está em nossa atitude mental—nas coisas sobre as quais fixarmos as nossas mentes.
Lembre:-se: Mais cedo do que percebemos, todos nós estaremos olhan­do por aquela janela, para a parede em branco. Desde já precisamos exercitar essa atitude mental positiva para experimentarmos a felicidade, independente das circunstâncias. É como o Apóstolo Paulo ensinou a igreja de Filipos:
"Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso fazei; e o Deus de paz será convosco." Filipenses 4.8, 9

terça-feira, 2 de outubro de 2007

O Homem e a Mulher - Victor Hugo



O homem é a mais elevada das criaturas; a mulher o mais sublime dos ideais.

Deus fez para o homem um trono; para a mulher fez um altar. O trono exalta e o altar santifica.

O homem é o cérebro; a mulher o coração. O cérebro produz a luz; o coração produz amor. A luz fe­cunda; o amor ressuscita.

O homem é o gênio; a mulher é o anjo. O gênio é imensurável; o anjo é indefinível.

A aspiração do homem é a supre­ma glória; a aspiração da mulher é a virtude extrema; A glória promove a grandeza e a virtude a divindade.

O homem tem a supremacia; a mu­lher a preferência. A supremacia significa a força; a preferência representa o direito.

O homem é forte pela razão; a mu­lher invencível pelas lágrimas. A razão convence e as lágrimas comovem.

O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher a todos os martírios. O heroísmo notabiliza e o martírio purifica.

O homem pensa e a mulher sonha. Pensar é ter (vida) uma larva no cére­bro; sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é a águia que voa; a mu­lher o rouxinol que canta. Voar é dominar o espaço e cantar é conquistar a alma.

Enfim. o homem está colocado onde termina a terra; a mulher onde começa o céu.



Victor Hugo

domingo, 30 de setembro de 2007

Solidão: tão perto e tão longe ao mesmo tempo.

“Não é bom que o homem esteja só... ” - Gn 2.18
Você assistiu o filme “O Náufrago”? Esse filme me produz uma profunda inquietação. Sempre me recordo das cenas em que Tom Hanks conversa com Wilson, a bola de voley. Aquele amigo imaginário lhe proporcionou esperanças para continuar lutando pela sobrevivência. Ninguém sobrevive sozinho. Mas, a solidão é a marca de nossos dias: Note como ela se apresenta na nossa vida cotidiana.
As pessoas nunca estiveram tão próximas umas das outras e tão distantes ao mesmo tempo. Observe quanta coisa a gente faz sem ter contato com uma pessoa.: quase todas as operações bancárias (caixa eletrônico); as informações nas grandes lojas são dadas por um terminal de computador. A própria entrada em alguns prédios é feita por um sistema de TV interna - você é visto mas não vê ninguém.
Edward Hopper (1882 - 1967) foi um pintor norte americano cuja obra é marcada por suas misteriosas representações realistas da solidão na conteporaneidade das grandes cidades. Uma de suas obras mais conhecidas, talvez seja “Nighthawks” (Aves da Noite – 1942) que mostra pessoas sentadas em um balcão de um restaurante. O intenso jogo de luz do restaurante contrasta com a noite escura e tranquila do lado de fora. Os clientes, sentados nos bancos ao redor balcão, aparecem isolados, distantes e alienados uns dos outros.
Pense nos grandes condomínios verticais, com centenas de apartamentos, em que as pessoas estão praticamente grudadas umas nas outras - alguém espirra no apartamento ao lado e o outro pode até dizer saúde; mas ao mesmo tempo são completamente estranhos uns aos outros: usam o mesmo elevador, o mesmo hall de entrada, mas nunca se encontram - tão perto... tão longe!
A solidão é essa sensação de ser "deixado de lado", rejeitado, indesejado, mesmo estando cercado de pessoas. A solidão produz um sentimento de vazio e inutilidade, e é considerada uma fonte universal de sofrimento. A solidão é uma fome de amor, fome de relacionamento que precisa ser satisfeita.
Sinceramente falando, você mesmo já não sentiu solidão em sua vida? Saiba que a solidão se apresenta em pelo menos três formas:
A solidão social, relacionada com a fome de ter um amigo, uma companhia com quem se possa repartir os sentimentos, afeições e emoções, etc. Foi esse tipo de solidão que sofreu o primeiro ser humano no mundo, uma vez que não tinha com quem conversar, planejar, sonhar. Essa solidão foi vista por Deus que disse: "Não é bom que o homem esteja só" Gn 2.18
A solidão espiritual é decorrente da separação do homem do Deus Criador. Quando o homem pecou no jardim do Éden e foi expulso do paraíso, a primeira saudade que sentiu foi de Deus.
Tinha uma esposa, tinha o trabalho mas não podia andar com Deus no jardim pelo fim da tarde, como antes. Foi essa fome de comunhão com Deus que levou o homem buscar a face de Deus: "Daí se começou a invocar o nome do Senhor "Gn 4.26"
Ainda temos a solidão cultural. Quando Deus criou o homem, deu-lhe o domínio sobre todas as criaturas da terra, bem como a responsabilidade de cuidar, cultivar e preservar o cosmos, o mundo a sua volta.
Portanto o trabalho é essencial ao ser humano para dar-lhe significado e propósito. Mas quando por incapacidade física ou por limitação de conhecimento ou até mesmo por falta de oportunidade o homem não encontra trabalho, ele não apenas encontra dificuldade em sua sobrevivência física como sofre de solidão existencial.
Enfrentando a solidão: Quem sabe você acessou o meu Blog porque está neste exato momento tentando enfrentar a sua solidão. Portanto, se a sua solidão é social, peça à Deus para que o ajude a encontrar um outro solitário e ofereça-lhe a companhia.
Se a sua solidão é espiritual, Deus diz por meio do Salmista: "Porque se meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me acolherá" (Sl 27.10) Jesus diz ...aquele que vem a mim jamais o lançarei fora" Jo 6.37"Eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos" Mt 28.20
Se a sua solidão é cultural quero contar uma estória: Certa vez fizeram uma pergunta a um guarda que morava numa pequena ilha, cuja única função era acender o farol no fim do dia.
Dias, meses, anos, alí, sozinho, acendendo o farol à noite, desligando pela manhã. Então lhe perguntaram o que fazia para suportar aquela solidão tanto tempo, ao que ele respondeu:
- Eu me preparo o dia inteiro para acender o farol, porque há noites em que ele é a única luz para os marinheiros no meio da tempestade. Eles sabem que eu estarei aqui, e se seguirem a luz do meu farol estarão a salvos. Como posso me sentir sozinho quando há tanta gente no mar precisando de mim?
Quem sabe a solidão de muitos está na luz apagada, ou debaixo da mesa. Um coração que não ama a Deus nem tão pouco ao próximo, quanta solidão pode sentir.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Vivendo com Sabedoria – Salmo 90


Como o tempo está passando para você? Para muitas pessoas, a vida passa e elas não vêem. Você já percebeu que as pessoas dizem "tenho tantos anos..."e que o certo é "eu não tenho mais tantos anos"? Segundo o salmista a vida ganha sentido, quando vivida com sabedoria. Nesta oração, Moisés pede para que o Senhor o ensine a contar os seus dias para que alcance um coração sábio. O que ele aprende e nos ensina neste salmo? Para viver com sabedoria é necessário:
1. Ter uma visão lúcida de você mesmo em relação à eternidade. (vv. 2-5)
"Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus" (v.2). Moisés tem esta sábia percepção de que Deus é imortal, desde sempre, sem variação sem velhice. Deus é até mesmo independente do mundo que criara.
Davi no Sl 8.3 tem a mesma visão quando contempla a criação, céus e terra, sua grandiosidade, obra das mãos divinas. Ele fica extasiado, e ao mesmo tempo, humilhado como homem, criatura, considerando a fragilidade e limitação dos homens. Diante disto pergunta: "Que é o homem?". A primeira impressão que o poeta tem é a de que o homem não é nada na vastidão do universo, na complexidade de suas obras.
O v. 4 é uma comparação como a de Is 40.15 onde as nações são como um pingo que cai dum balde, e como um grão de pó na balança". Esse texto coloca o mundo no seu contexto, que é Deus e nosso tempo de vida no seu enorme pano de fundo que é a eternidade. Tal fato humilha o orgulho humano, mas dá ânimo no que diz respeito às intervenções de Deus e o tempo certo delas. Tu reduzes o homem ao pó, e dizes: tornai, filhos dos homens. V.3 Esta visão derruba toda a arrogância humana. A vida, neste mundo, ganha sentido quando a eternidade é uma realidade. Sabe-se que a vida neste mundo é transitória, isto é, passageira. O ser humano é peregrino, forasteiro. Ao ser humano não está assegurada a continuidade de sua vida terrena no amanhã: "Não te glories do dia de amanhã porque não sabes o que trará à luz" (Pv 27.1)
A Bíblia apresenta uma série de figuras de linguagem para demonstrar a realidade tão passageira da existência humana: No Salmo 90 está registrado que "tudo passa rapidamente, e nós voamos". No Sl 144.4 "O homem é como um sopro; os seus dias como a sombra que passa" Davi disse que: "... como a sombra são os nossos dias sobre a terra e não temos permanência." I Cr 29.15 E assim constantemente orava ao Senhor: "Dá-me a conhecer, Senhor, o meu fim, e qual a soma dos meus dias, para que eu reconheça a minha fragilidade. Deste aos meus dias o cumprimento de alguns palmos; à tua presença o prazo de minha vida é nada" Sl 39.4,5 A palavra "floresce" indica uma paisagem revestida de novo com o frescor da manhã, e assim, a cena humana na sua totalidade: sempre se renovando, mas sempre murchando. A vida é uma rua de mão única, e não estamos voltando.
2. Ter uma visão realista da condição humana na história.
A Palavra de Deus diz claramente sobre a condição humana na história encerrando todos sem exceção debaixo do pecado. Gl 3.22 "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Diante da santa justiça de Deus o homem é golpeado pela sua ira: "Pois somos consumidos pela tua ira, e pelo teu furor conturbados." Ef 2.3 descreve a mesma situação. Esta ira nos faz: Consumidos, isto é, literalmente acabados, gastos, não sobra nada. Conturbados se emprega para um exército que enfrenta derrota total.
O Salmo ainda nos diz que somos marcados pela culpa (v.8). A culpa promove um latejamento moral na alma humana "Diante de ti puseste as nossas iniqüidades, e sob a luz do teu rosto os nossos pecados." Quanto aos nossos pecados ocultos, decerto incluem aqueles que gostaríamos de esconder até de nós mesmos.
3. Ter uma iniludível visão da Graça de Deus.
Deus já repreendeu os homens com a exclamação: "Tornai" agora o homem sábio ora a Deus com este mesmo clamor: "Volta-te par nós"- por meio da misericórdia. (V. 13)
É preciso saber que viver com sabedoria é viver na graça (v. 13-15) "Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de júbilo e nos alegremos todos os nossos dias. Alegra-nos por tantos dias quantos nos tem afligido, por tantos anos quantos suportamos a adversidade." Graça manifesta abundantemente em Jesus Cristo. Tt 2.11 afirma que a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Embora "todos os nossos dias" estejam, quanto aos nossos mérito, "na tua ira" (9), dentro da aliança, todos os nossos dias podem ser alegres. Não somente a obra de Deus há de perdurar como também a bênção dele na obra das nossas mãos.
Graça que torna eterna nossas ações finitas. Seja sobre nós a graça do Senhor nosso Deus; confirma as obras de nossas mãos, sim confirma as obras de nossas mãos. Quando vivemos em Deus, a vida aqui é uma inexpressiva centelha de tempo entre duas eternidades. Aqui temos a possibilidade do labor que "não é em vão". 1 Co 15.58. A medida de uma vida, afinal de contas, não está no tempo de sua duração, e sim, no que ela vale. Até que ponto sua falta será sentida?
Há uma lenda antiga que conta de um mercador de Bagdá que certo dia, mandou seu servo ao mercado. Dentro de pouco tempo o servo voltou, pálido e trêmulo, e, grandemente agitado, disse ao seu senhor:
- Lá na praça do mercado fui empurrado por uma mulher na multidão, e quando me virei, vi que era a Morte que me empurrava. Ela olhou para mim e fez um gesto ameaçador. Senhor, por favor, empreste-me seu cavalo, pois terei que fugir para evitá-la. Cavalgarei até Samarra, e ali me esconderei, e a morte não me achará.
O mercador emprestou-lhe seu cavalo e o servo saiu galopando com grande pressa. Mais tarde, o mercador desceu à praça do mercado e viu a Morte em pé entre a multidão. foi para onde ela estava e perguntou:
- Por que assustou meu servo hoje de manhã? porque fez um gesto ameaçador?
- Aquilo não era um gesto ameaçador, respondeu a morte. Foi apenas um sobressalto de surpresa. Fiquei atônita ao vê-lo em Bagdá, pois tenho um encontro marcado com ele hoje a noite em Samarra.
Cada um de nós tem um encontro marcado em Samarra. A vida é passageira e as oportunidades também .Mas é o motivo de regozijo, e não de medo, para aqueles que já colocaram sua confiança nAquele que é o único que segura as chaves da vida.

O Islamismo

A palavra islã deriva da quarta forma verbal da raiz sim: aslama, submeter-se" e significa "submissão (a Deus)"; muslim, muçulma­no, é seu particípio presente: "(aquele) que se submete (a Deus)".
Sendo uma das mais importantes religiões da humanidade, o islamismo está hoje presente em todos os continentes. É predominante no Oriente Médio, na Ásia Menor, na região caucasiana e no norte do subcontinente indiano, no sul da Ásia e na Indonésia, na África do norte e do Leste.
A Arábia, antes do islamismo, era território do politeísmo se­mítico, do judaísmo arabizante e do cristianismo bizantino. As re­giões do norte e do leste, atravessadas pelas grandes rotas comer­ciais, foram profundamente influenciadas pelo helenismo e pelos romanos. No tempo de Maomé, o culto dos deuses tribais havia rele­gado a segundo plano a antiga religião astral do Sol, da Lua e de Vénus. A principal divindade tribal era adorada sob a forma de uma pedra, talvez meteórica, de uma árvore ou de um bosque. Em sua honra erigiam-se santuários, apresentavam-se oferendas e sacrifica­vam-se animais. A existência de espíritos onipresentes, às vezes ma­lignos, chamados djins, era universalmente admitida antes e depois do advento do islamismo. Alá, "Deus", era venerado ao lado das grandes deusas árabes. As festas, os jejuns e as peregrinações eram as principais práticas religiosas. O henoteísmo e o monoteísmo do culto de al-Rahmãn também eram conhecidos. Grandes e poderosas tribos de judeus haviam-se estabelecido nos centros urbanos, como o do oásis de Yathrib, que mais tarde se chamaria Medina (Madina, "A Cidade"). As missões cristãs haviam feito alguns prosélitos (co­nhece-se um na família da primeira mulher de Maomé). No século VI d.C, Meca (Makka), com seu santuário da Caaba em torno do famo­so meteorito negro, já era o centro religioso da Arábia Central e uma importante cidade comercial. Durante toda a vida, Maomé deploraria suas estruturas sociais, a rudeza de seus cidadãos, suas desigualdades econômicas, sua moralidade decadente.
Maomé nasceu numa família de mercadores de Meca (família dos Hashimitas, tribo dos Curaixitas) em cerca de 570. Empobrecido ao morrerem os pais e o avô, lançou-se em empreendimentos comer­ciais. Aos vinte e cinco anos, casou-se com sua empregadora, uma rica viúva de quarenta anos, chamada Cadija. Por volta de 610, du­rante uma das meditações solitárias que ele fazia periodicamente nas grutas das proximidades de Meca, começou a ter visões e revelações auditivas. Segundo a tradição, o arcanjo Gabriel apareceu-lhe e mos­trou-lhe um livro, convidando-o a ler (Iqra'!, "Lê!"). Maomé descul­pou-se várias vezes por não saber ler, mas o anjo insistiu e o profeta ou apóstolo (rasul) de Deus conseguiu ler sem dificuldade. Deus re­velou-lhe, como aos profetas de Israel, a incomparável grandeza di­vina e a pequenez dos mortais em geral e dos habitantes de Meca em particular. Durante certo tempo, Maomé só falou sobre suas revela­ções e sobre sua missão profética às pessoas de sua intimidade, mas o círculo de fiéis foi ficando cada vez maior e a freqüência às reu­niões cada vez mais constante. Ao fim de três anos, Maomé começou a pregar publicamente sua mensagem monoteísta, encontrando mais oposição que aprovação, de tal sorte que os membros de seu clã tive­ram de dar-lhe proteção.
Nos anos que se seguiram, ele teve inúmeras outras revelações; várias delas iriam constituir a teologia do Corão. Uma das revela­ções, revogada mais tarde e atribuída a Satã, reservava o papel de intercessoras junto a Alá a três deusas locais muito populares. A medida que Maomé ia ganhando partidários, a oposição à sua men­sagem ficava mais intensa. Acusavam-no de mentir, pediam-lhe que fizesse milagres para provar sua qualidade de profeta e sua vida cor­ria perigo. Por isso, procurou novos quartéis para seu movimento, os quais lhe foram fornecidos por clãs de Medina, cidade situada a 400 km ao norte de Meca, que abrigava grande número de judeus. Os partidários de Maomé começaram a mudar-se para lá e, em 622, o próprio Maomé e seu conselheiro Abu-Bakr partiram em segredo para Medina. Esse acontecimento, chamado Hijra, "Emigração" (Hégira), marca o início da era islâmica. Mas a transposição para os anos da era cristã não é feita simplesmente pela adição de 622 ao ano da Hégira, pois o calendário religioso islâmico é lunar e só tem tre­zentos e cinqüenta e quatro dias.
Nos dez anos que passou exilado em Medina, Maomé continuou a receber revelações. Ao lado de suas palavras e ações (hadíth, que também fazem parte da tradição), essas revelações, fixadas por escri­to, constituem o conjunto do código da vida muçulmana. Durante esse período, o governo da vida religiosa de seus partidários conti­nuou ocupando Maomé, que também empreendeu numerosas expe­dições punitivas contra seus inimigos de Medina e em especial de Meca, cujas caravanas ele tomava de assalto. Essas ações levaram a uma guerra entre as duas cidades, durante a qual foram entabuladas conversações com vistas à conversão dos habitantes de Meca. Fi­nalmente, Maomé e seu exército ocuparam Meca, que se tornou o centro de orientação para a prece (qiblah) e lugar de peregrinação (hadj) de todos os muçulmanos. Depois de transformar o islamismo numa força temível, Maomé morreu em Medina, em 632, sem deixar herdeiro masculino.
A palavra Qur'ãn (Corão), de qara'a, "ler, declamar", é, para os muçulmanos, a palavra de Deus transmitida por Gabriel ao profeta Maomé, último de uma sucessão de profetas bíblicos. Trata-se, se preferirmos, de um novo "Novo Testamento", que não contradiz mas confirma e supera a Bíblia dos judeus e dos cristãos. Mas o Corão também tem, como Jesus Cristo na interpretação platonizante do Evangelho de João e dos Padres, a função de logos, de Verbo eterno do Deus criador. Maomé, porém, não assume essa função: não aceita que ela possa ser revestida por um ser humano, pois, embora eleito e sem faltas, Maomé é inteiramente humano. A maior parte de suas re­velações foi redigida por ele e por vários secretários. Depois de sua morte, existia grande número de textos e de testemunhas que lembra­vam suas palavras. O texto completo do Corão foi constituído sob os primeiros califas e suas variantes foram suprimidas. É composto por 114 capítulos chamados surahs, que contêm um número variável de versos chamados ãyãts. Os capítulos não estão dispostos em ordem cronológica ou tópica, mas na ordem inversa à sua extensão, de tal forma que a maior parte das primeiras revelações poéticas de Meca encontra-se no fim da coleção, enquanto as súrahs mais longas estão no começo. Cada surah tem um título e todas, com exceção de uma, começam com o verso chamado Basmallah: "Em nome de Deus, o clemente, o misericordioso" (Ba-sm-allãh al-rahmãn ai rahim). Vá­rias delas estão marcadas com letras simbólicas, que talvez indiquem a coleção à qual pertenceram. O livro é escrito em prosa rimada e contém imagens belas e fortes.
O advento do Corão realizou sua intenção original, que era abrir aos árabes o acesso à comunidade dos "povos do livro", como os ju­deus e os cristãos, que haviam recebido a Tora e os Evangelhos. Os dois grandes temas do Corão são o monoteísmo e o poder de Deus e a natureza e o destino dos homens em sua relação com Deus. Deus é o único criador do universo, dos homens e dos espíritos; é benévolo e justo. Recebe nomes que lhe descrevem os atributos, como Onisciente e Onipotente. Os seres humanos são os escravos privilegiados do Senhor e têm a possibilidade de ignorar os mandamentos de Deus, sendo muitas vezes induzidos à tentação pelo anjo decaído Iblis (Satã), expulso do céu por ter-se recusado a adorar Adão (2, 31-33; esse episódio já é encontrado no apócrifo Vida de Adão e Eva). No dia do Juízo todos os mortos ressuscitarão, serão julgados e enviados para o inferno ou para o paraíso por toda a eternidade. O Corão reinterpreta vários relatos bíblicos (Adão e Eva, as aventuras de José, o monoteísmo de Abrão e Ismael) e grande número de exortações morais que, com as tradições referentes à vida do profeta, formam a base da lei islâmica (sharVah). A generosidade e a veracidade são re­comendadas, enquanto o egoísmo dos mercadores de Meca é conde­nado irremediavelmente. As práticas fundamentais da vida religiosa do muçulmano são as preces cotidianas (salãts), a esmola, o jejum do Ramada e a peregrinação a Meca. A fórmula do culto público muçul­mano foi fixada no fim do século VII. Cada muçulmano tem de pro­nunciar as cinco orações diárias, anunciadas pelo adhãn (convoca­ção) entoado pelo muezin do alto do minarete (manãrah). Não é necessário que o muçulmano esteja na mesquita. Onde quer que este­ja, deve primeiro praticar as abluções rituais (wudã') e depois voltar-se para a direção de Meca (qiblah), recitar frases do Corão, como a shahãdah (o credo muçulmano) e o takblr {Allãhu akbar, Deus é grande), e prosternar-se duas ou mais vezes {raka 'ãt). Na mesquita, a qiblah é marcada por um nicho chamado mihrãb. As preces comuns são feitas sob a direção de um imã. Cada sexta-feira (yawm aljum'ah), o khaúb (substituto do califa ou de seu governador), que se dirige aos fiéis do alto de um púlpito (minbar), pronuncia um sermão (khutbah) diante da assembleia dos fiéis na mesquita principal. As mesquitas não têm altar, pois não são templos sacrificais, como al­gumas igrejas cristãs, nem lugares em que são depositados os rolos santos da revelação escrita, como as sinagogas judias. Contudo, a mesquita (masjid) é um lugar sagrado; pode conter o túmulo de um santo ou relíquias do Profeta.
À reforma religiosa de Maomé seguiram-se reformas sociais e legais. É assim que a tradição muçulmana forma a base da justiça social, das regras recíprocas de comportamento dos cônjuges, dos pais e das crianças, dos proprietários de escravos, dos muçulmanos em relação aos não-muçulmanos. A usura é proibida; são proclamadas leis alimentares. A situação das mulheres melhora: elas recebem a metade da herança recebida pelos homens. A casuística corânica fixa em quatro o número de esposas permitidas, mas recomenda só ter uma. As interpretações dessa prática feitas pelos estudiosos são contraditórias.

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ELIADE, Mírcea; COULIANO, Ioan P. Dicionário das Religiões. 2a ed. Trad. Ivone Castilho Benedetti. São Paulo, SP, Ed. Martins Fontes, 2003 - Capítulo 20.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A Igreja no Second Life


O mundo virtual trouxe para nós a possibilidade de criarmos alternativas no processo de comunicação estabelecendo vários níveis nestas relações interativas. Vários ambientes estão sendo criados num processo contínuo e sem fim. Temos ambientes de socialização, como: messengers, skype, orkut, You tube etc, onde as pessoas interagem por horas sem fim. Em alguns lares, fica mais fácil interagir com os filhos por meio destes ambientes do que na vida real.
A nova febre do momento é o ambiente virtual tridimensional chamado Second Life - SL (Segunda Vida). A empresa Linden Research Inc foi quem desenvolveu esse ambiente no ano de 2003. O SL serve como jogo, simulador, rede social e até mesmo para comércio. Baixa-se a plataforma “free” e após cadastro, você cria o seu avatar (personagem). Parece que o mundo de matrix não está tão distante da realidade. Não se sabe mais o que é mundo virtual e o que é real como se vê a seguir.
Nesta vida paralela, quase tudo é possível, desde voar até ser teletransportado para outro lugar (a distância não é problema). Você pode até mesmo ter uma outra personalidade e extravasar seus desejos mais ocultos soltando sua imaginação. Algumas pessoas relatam que a vida no SL é melhor do que na vida real. No entanto, para se fazer tudo o que se quer é preciso ganhar dinheiro virtual como no mundo real. Você pode comprar casa, carro e uma infinidade de objetos de consumo. Como o ambiente é interativo, você pode trabalhar para outros avatares, ou construir objetos como fonte de renda. Algumas pessoas optam pela prostituição no ambiente para ganhar os Lindens – a moeda do SL. Casamentos estão sendo desfeitos na vida real como no caso de um marido que descobriu que sua esposa era uma prostituta no SL. Crimes virtuais como pedofilia e racismo também presentes em outros ambientes são difíceis de ser controlados no SL.
O ambiente já conta com mais de 8 milhões de usuários que se conectam de todas as partes do mundo. A banda U2 já lançou o seu show de rock no Second Life. Grandes empresas do mundo todo, como a IBM, Sony, Warner Bros., Reebok, Adidas, Sun Microsystems, Dell e muitas outras já estão por lá. A Wolkswagem já faz propaganda dos seus carros neste ambiente, e até mesmo possui um território próprio, pois ali é possível dar os primeiros passos para uma negociação. No Brasil, a Universidade Presbiteriana Mackenzie também se inseriu como outras grandes Universidades.
Note que você pode comprar as moedas com o dinheiro real e também ganhar Linden Dollar no jogo e convertê-los no site novamente para dinheiro real, portanto o SL pode ser uma fonte de lucro muito rentável.
É possível criar grupos no Second Life convidando pessoas. Basta se aproximar de um avatar (personagem) e comunicar-se através do teclado (e também por voz, em fase de testes). É possível emitir sons pré-gravados, fazer gestos, empurrar, olhar (virar a cabeça, olhos e corpo), além de outras expressões corporais e o uso de objetos com dois ou mais personagens de uma vez.
Diante destas possibilidades podemos construir templos, ter um coral, uma equipe de louvor e até um Pastor ministrando a Palavra no ambiente. Mas, lembre-se que o local precisa ser alugado ou comprado. Um terreno comercial de auto padrão na ilha de Copacabana - RJ com 2.166m2 custa R$422,90 de aluguel mensal (rss). Para construir um imóvel você tambem terá que pagar.
Será que o "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura..." inclui o mundo virtual? O Second Life é um campo missionário para enviarmos os nossos missionários por meio de avatares para falarmos do Evangelho às pessoas que lá estão para encontrar a verdadeira vida real que é Cristo? Devemos plantar igrejas no SL? Parece loucura, mas temos que pensar a respeito. Afinal, milhares de pessoas estão interagindo nesse ambiente tentando preencher o vazio de suas vidas. Quem vai chegar primeiro?

sábado, 8 de setembro de 2007

A música sagrada de John Coltrane


Uma de minhas paixões é o Blues, principalmente acompanhado de uma gaita diatônica. Sempre amei este estilo musical e o pequeno instrumento. Depois de apanhar muito como autodidata, resolvi procurar um bom professor, o que era raro na ocasião (2001). Acabei encontrando o Robson Fernandes, um virtuose da Gaita Blues com quem tive aulas por aproximadamente 2 anos. Com Robson, conheci um vasto repertório de Blues e Jazz. Robson é aficcionado pelo saxofonista de Jazz John Coltrane que tocou com Dizzie Gileespie e Miles Davis, tanto é que o tatuou em seu antebraço. Para Robson, a música de Coltrane tem algo de místico e sagrado. Confessou que todas as manhãs ouvia uma de suas composições intitulada “A Love Supreme” como se fosse um ritual religioso. Como sou curioso por natureza, fui investigar a vida desse Gigante do Jazz. Segundo a Wikipidia , “John William Coltrane (Hamlet, 23 de Setembro de 1926 - Nova Iorque 17 de julho de 1967) atuou principalmente durante as décadas de cinqüenta e sessenta. Comumente considerado pela crítica especializada como o maior sax tenor do Jazz e um dos maiores jazzistas e compositor deste gênero de todos os tempos. Sua influência no mundo da música ultrapassa os limites do Jazz, indo desde o Rock até a Música Erudita.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Coltrane) No começo dos anos 50, Coltrane quase morreu de overdose em São Francisco EUA. "Trane" foi alcançado pela graça, conheceu a Cristo e se recuperou das drogas. Algumas de suas melhores composições de jazz aconteceram depois de sua conversão, incluindo “A Love Supreme” (1964). Segundo o próprio Coltrane, o instrumental é um ardente derramar de ações de graças a Deus pela sua bênção e oferecimento de sua alma. Conta-se que depois de uma apresentação extraordinária dessa composição, Coltrane disse: “Nunc dimittis”. São as palavras em latim do começo da oração de Simeão “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meu olhos já viram a tua salvação.” (Lc 2.29,30). Coltrane afirmou que jamais poderia tocar novamente essa composição com tamanha perfeição. Para ele, se sua vida inteira tivesse sido vivida para aqueles trinta e dois minutos de oração e louvor em forma de jazz, teria valido a pena. Ele estava pronto para morrer. Ele morreu 3 anos depois (1967). Hoje, existe uma igreja chamada "Saint John Coltrane Church" em São Francisco. Seus membros, na maioria músicos de jazz, tocam suas composições durante os cultos. (http://www.coltranechurch.org/) Não é estranho portanto que a música falou ao coração de Robson e serviu de ponte para que eu lhe falasse do Amor Supremo de Deus. Não posso afirmar que ele se entregou a Cristo, todavia a música de John Coltrane vai soar aos seus ouvidos para o resto de sua existência como uma doce melodia do amor de Cristo.
Linkei no meu blog vídeos de John Coltrane. Vale a pena ouvir.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Ron kenoly no Guarujá


Ron Kenoly (nascido em 6 de Dezembro , 1944 em Coffeyville, Kansas) é um Líder Cristão de Adoração com o propósito de “criar um ambiente de adoração" Seu estilo musical é de um louvor alegre com instrumentos musicais diversificados. Embora ele mesmo não toque na maioria de suas gravações, ministra com muito feeling sempre acompanhado de uma equipe de grandes instrumentistas e de um magnífico coral.
Possui uma extensa graduação: Música pelo Alameda College, Mestre em Divindade pelo Faith Bible College e Doutorado em Ministério em Música Sacra pelo Friends International Christian University.
Sua carreira musical música começou no tempo em que serviu na Força Aérea dos Estados Unidos. Inicialmente o grupo se chamava Shades of Difference, mas por causa de sua família precisou deixar o grupo. Seu sucesso veio em 1992 com Lift Him Up que se transformou no álbum de adoração mais vendido. Welcome Home também foi aclamado pela crítica. Ele também ganhou o Gospel Music Association Dove Award com o álbum Praise and Worship em 1997.
Começou a trabalhar de tempo integral no ministérioem 1985. Começou como um líder da adoração no Jubilee Christian Center em San Jose, Califórnia. Não muito tempo depois, em 1987, foi ordenado Pastor da Música (Ministro de Louvor).
Em 1993, após o sucesso de 2 gravações do Integrity, começou receber convites de todas as nações do mundo. Igrejas não somente queriam ouvi-lo cantar e ministrar o louvor, mas tambem pediam para ajudá-las a desenvolver seus departamentos de música e adoração.
Assim pouco depois, foi nomeado embaixador da música do Jubilee Christian Center. Foi enviado por todo o mundo como um embaixador para ajudar as igrejas desenvolverem e encontrar o equilíbrio entre a adoração e a Palavra. Em 1996, recebeu seu Doutorado no Ministério em Música Sacra. Em 1999, mudou-se da Califórnia para a Costa Leste. Assim, fincou seu QG na Florida central onde continua a viajar, falar, cantar e ensinar e gravar. Esteve na cidade do Guarujá em 17 de Agosto de 2007.

Magic Slim


Magic Slim é um dos principais representantes vivos do blues de Chicago. Guitarrista e cantor, Magic nasceu em Torrence, Mississipi em 7 de agosto de 1937.
Brilhante expoente da corrente tradicional do blues sulista, sem alterações impostas pelas leis do mercado. Após várias alternativas profissionais, a partir de 1962, enraizou-se nos movimentos bluesy de Chicago e revelou-se como um dos mais sensíveis intérpretes. Em 1991, obteve um Grammy por seu álbum Live On Stage. Esteve em maio de 2007 se apresentando no SESC de Santos acompanhando o grupo Blue Jeans que comemorou 20 anos de formação. O Blue Jeans é formado por - Marcos Ottaviano na guitarra, Junior Moreno na bateria, gaita e vocal, e Andrei Ivanovic no baixo

Jesus: O Mestre por excelência


Olhando para o ministério de Jesus, observa-se que o “Mestre por Excelência” priorizou o ensino no seu ministério com ênfase no Reino de Deus. Alguns fatos importantes são relacionados por Price (1980, p. 15):
Jesus era reconhecido como Mestre.
Ele foi chamado Mestre, Professor ou Rabi; e tudo isto traz em seu bojo a mesma idéia geral expressa por Nicodemos quando disse: Rabi, sabemos que és mestre vindo da parte de Deus (Jo 3.2). Nos Evangelhos, Jesus é chamado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes, e nunca se fala nele como pregador. Somando-se os termos equivalentes a mestre temos o total de sessenta e um.
Fala-se de Jesus ensinando, quarenta e cinco vezes, e onze vezes apenas pregando, e, assim mesmo, pregando e ensinando, como vemos em Mateus 4.23 “ensinando em suas sinagogas e pregando o evangelho do reino”.
Jesus se intitulava mestre.
‘Vós me chamais mestre; e dizeis bem, porque eu o sou” (João 13.13). Também dizia ser “a luz”, vocábulo que traz a idéia de instrução. (PRICE, 1980, p. 16).
A terminologia empregada aos seus seguidores também ressalta a sua ênfase educacional.
A palavra “cristão” só é empregada três vezes em o Novo Testamento para caracterizá-los e assim mesmo uma vez como zombaria (At 11.26). No entanto, vemos a palavra “discípulo”, que significa aluno ou aprendiz, empregada 243 vezes, para referir-se aos seguidores de Jesus (PRICE, 1980, p. 16).
Jesus preparou um grupo de mestres para que levassem avante a sua obra.
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.Mateus 28.19-20.
Percebe-se que o tema central da pregação e da vida de Jesus foi o Reino de Deus. “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 9.35).
Somente nos evangelhos encontra-se mais de 80 menções ao Reino de Deus nos ensinos de Jesus. A expressão “Reino de Deus” é citada apenas duas vezes no evangelho de João. No entanto, é mencionada 14 vezes no evangelho de Marcos e, 31 vezes no evangelho de Lucas. Mateus faz 3 menções, preferindo, em vez dela, a expressão Reino dos Céus, da qual faz uso 30 vezes. Entretanto, a palavra Céu (s) é empregada em Mateus como um sinônimo reverente para Deus.
Portanto, o Reino foi a ênfase de sua pregação, ensino e missão. “[...] É necessário que eu anuncie o evangelho do Reino de Deus [...] pois para isso fui enviado” Lc 4.43.
Ao convocar os discípulos Jesus os enviou para pregar o Reino de Deus (Lc 9.2). Durante os 40 dias após a sua ressurreição, Lucas relata que Jesus falou das coisas concernentes ao Reino de Deus aos apóstolos (At 1.3). Em resposta obediente ao ensino de Jesus, foi este o conteúdo do ensino dos primeiros cristãos (ver At 8.2; 14.22; 19.8; 20.25). Lucas encerra o livro de Atos, afirmando que Paulo permaneceu em sua própria casa que alugara, pregando e ensinando o Reino de Deus com toda a intrepidez (At 28.23,31).
Enfim, a didaskalia(1) , sendo ministério de ensino, propicia ao ser humano desenvolvimento, crescimento e conseqüentemente pode conduzir ao Reino de Deus. O propósito da Igreja de Cristo deve estar voltado, assim, a uma pedagogia que direcione as pessoas para o Reino de Deus e Cristo como Senhor e Salvador.
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(1) Segundo Thomas Groome, Didaskaloi era um ministério eclesiástico na igreja primitiva (At 13.1; 1 Co 12.28-29; Ef 4.11) que consistia tanto em conhecer a sã doutrina (2Tm 4.3) como em ensiná-la. Neste sentido, os didaskaloi eram a um tempo teólogos e educadores.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GROOME, Thomas H. Educação Religiosa Cristã. Trad. Alcione Soares Ferreira, São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
PRICE, J. M. A Pedagogia de Jesus. Trad. de Waldemar W. Wey, Rio de Janeiro: JUERP, 1980.
REMBRANDT. The Return of the Prodigal Son. ca 1668/69. Oil on canvas. The Hermitage, St. Petersburg, Russia.